19 de abril de 2024

Funcionários do ICMBio e da Funai são mantidos reféns por indígenas na fronteira

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Um funcionário da Funai (Fundação Nacional do Índio) e três do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade) foram detidos na tarde desta quarta-feira (15) por indígenas da etnia nawa, no município de Mâncio Lima, na região de fronteira do Acre com o Peru.

Os quatro funcionários do governo federal foram impedidos de deixar a Terra Indígena Nawa após reunião realizada em decorrência de uma situação de desentendimento dos indígenas com o pessoal do ICMbio, responsável pela gestão do Parque Nacional da Serra do Divisor.

A Terra Indígena Nawa é uma área de sobreposição. Parte da área de conservação foi reivindicada pela comunidade que se declara da etnia nawa e demarcada após a criação da unidade conservação. A Funai foi convidada para a reunião com o objetivo de cessar o desentendimento sobre a regularização fundiária da Terra Indígena Nawa.

O estudo de delimitação da terra, feito pela Funai, tem sido questionado pelo ICMBio e o caso se arrasta há 15 anos na Justiça Federal.

Havia um acordo de convivência entre os gestores do Parque Nacional da Serra do Divisor e os 330 indígenas. Os nawa se sentem lesados. A reunião aconteceu, o desentendimento se agravou e a comunidade decidiu que chegou a hora de uma definição da situação, tendo decidido por impedir que os quatros servidores do governo federal deixem a Terra Indígena.

O líder Ninawa Huni Kui, da étnica kaxinawá, conversou ao telefone com as lideranças da Terra Indígena Nawa. “Eles disseram que só vão liberar os servidores mediante a presença de representantes do movimento indígena, Funai, ICMBio e do MPF de Brasília”, relatou.

De acordo Ninawa Huni Kui, a Funai não dá qualquer informação para aos nawa sobre a demarcação da terra. “Os funcionarios do ICMBio há anos vem ameaçando os parentes, matando animais deles, usando discriminação. Eles já fizeram várias denúncias e não foi tomada nenhuma providência pela Funai e nem por outro órgão competente. Esses são alguns dos motivos da detenção dos servidores”.

Um dos detidos é o coordenador regional da Funai no Vale do Juruá, Luis Valdenir, da etnia nuquini. O indigenista Jairo Lima, coordenador substituto, disse que já foram iniciadas as tratativas com os nawa no sentido de negociar a liberação dos servidores e buscar uma solução definitiva para a regularização fundiária.

“Os quatro estão impedidos de sair, mas estão bem, tranquilos. É uma manifestação pacífica da comunidade nawa e não envolve qualquer tipo de ameaça ou hostilidade contra os servidores da Funai e do ICMBio. Esse desentendimento será esclarecido e tudo voltará ao normal”, concluiu Jairo Lima.

Leia:

História do processo de reconhecimento dos nawa

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