19 de abril de 2024

Antes dos atentados, Segurança sabia que líder da facção “Bonde dos 13” poderia ser resgatado

Detentos são suspeitos de integrarem facções criminosas no Acre/Foto: Gleilson Miranda/Secom

Salmo foi transferido para fora do Estado juntamente com mais 14 presos depois dos atentados/Foto: Gleilson Miranda/Secom

O relatório da escolta judiciária de número 174, de 30 de setembro de 2015, cinco dias antes do início da onda de atentados ocorrido em Rio Branco e interior do Acre e atribuídos à facção criminosa “Bonde dos 13”, mostra em detalhes que a cúpula da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) foi informada que o chefe do “Bonde dos 13”, Salmo da Silva Chaves, o “Saulo”, estava em contato com pessoas de fora do presídio.

O relatório revela, ainda, que havia indícios de que “Saulo” seria resgatado por pessoas ligadas ao crime organizado e dá ciência que ele possuía aparelho celular dentro do presídio Antônio Amaro Alves.

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O relatório aponta que por volta das 7h50 do dia 30, ao verificar no vídeo de monitoramento do prédio, dois sargentos perceberam que os suspeitos Janeilson Almeida Pereira e Rogério Pinheiro Rodrigues da Paz estavam perto das celas do fórum, local onde “Saulo” havia sido levado. O relatório segue dando conta que após uma abordagem feita aos suspeitos, sendo que com um deles foi encontrado uma trouxa aparentando ser substância entorpecente.

“Todos os presos e celas foram revistados, no que foi encontrado um celular com bateria 100% carregada com o preso Salmo, que seria conduzido para audiência na Comarca de Senador Guiomard”, diz texto do relatório.

Mesmo diante do relatório assinado pelo comandante da escolta judiciária, Veríssimo da Costta Antrobos, dando conta de movimentos suspeitos feitos por supostos “soldados do tráfico”, a cúpula da Segurança Pública do Acre abafou o caso e só admitiu haver facções criminosas dando ordens de dentro do presídio de Rio Branco depois que 15 veículos, entre carros de passeio e ônibus, foram incendiados em cinco cidades do Acre.

O mesmo relatório informa que a Sesp tinha conhecimento que “Saulo”, apontado como líder do “Bonde dos 13”, mantinha celular dentro do presídio Antônio Amaro Alves.

“Informo que o preso Salmo da Silva Chaves no embarque do presídio disse para a equipe da Escolta que “hoje sairia”, porém é sabido que este tem muitas condenações e sem previsão de liberdade. Somente depois de verificar a associação do preso Salmo com os dois indivíduos é que pensamos na hipótese de fuga ou resgate durante o trajeto à cidade de Senador Guiomard, mesmo porque o preso Salmo recebeu o celular e é conhecido como líder da organização criminosa ‘Bonde dos 13′”.

O relatório é concluído após o comandante da escolta informar que todos os procedimentos legais foram realizado e as documentações entregues.

A reportagem entrou em contato com o assessor de imprensa da Sesp, Pedro Paulo, que informou que esse tipo de relatório é encaminhado diretamente ao sistema judiciário e não a Secretaria de Segurança.

Relatório assinado pelo comandante da escolta judiciária, Veríssimo da Costta Antrobos

Relatório assinado pelo comandante da escolta judiciária, Veríssimo da Costta Antrobos

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