“As pedras estão na mesa, a arena montada; quem vai sobreviver?”

Os sobreviventes

Evandro Cordeiro

O ano de 2016 não será fácil para maioria dos prefeitos do Brasil. No Acre, em vários municípios, a situação será pior ainda. A herança maldita deixada pela maioria dos gestores da safra das eleições passadas e a perversa crise econômica, que castigou prefeituras de norte a sul do país, deverão ser os responsáveis pela derrota que muitos sofrerão nas urnas, nas eleições deste ano.

Mas, aos trancos e barrancos, alguns prefeitos acreanos conseguiram sobreviver à crise econômica, moral e política em que vive o Brasil. E ao desgaste sofrido durante os três anos que passaram administrando dívidas e sequestros milionários das contas de seus municípios.

Como exemplo, podemos citar os prefeitos de Assis Brasil, Humberto Filho – Betinho (PSDB), de Sena Madureira, Mano Rufino (PSB) e Everaldo Gomes, de Brasiléia, que nos últimos três anos, comeram “o pão que o diabo amassou”, enfrentando críticas de todos os setores da sociedade e ainda tiveram que conviver com o “fogo amigo”. Apesar disso, não baixaram a cabeça.

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Prefeituras sobrevivem a base de pão e água

Betinho fechou o ano com algumas dificuldades, mas pagou o 13º salário de seus servidores e concluiu algumas obras no município. Outras estão a todo vapor. Seus adversários, que tentaram jogar a culpa do desastre em que estava Assis Brasil , quando Betinho assumiu, estão agora só observando, procurando falhas para atacar nos próximos meses. Eles sabem que este ano haverá eleição municipal e preparam suas armas. Ou seriam armadilhas?

Em Sena Madureira, o prefeito Mano Rufino recuperou o fôlego, se é que nesses três anos de agonia deu tempo de respirar. A verdade é que Mano viveu dias e meses de tensão, angústia e até de solidão. Muitos de seus aliados o deixaram sozinho no momento em que mais precisou, ao perceberem o tamanho das dívidas que ele herdou e a quantidade de problemas no terceiro maior município do Acre.

Mano recebeu a chave do cofre da cidade com um rombo de mais de 50 milhões de reais deixado por seus antecessores. É muito peso para um prefeito em anos de crise, sobretudo quando se tem uma presidente da República perversa para as prefeituras e para a Nação como foi e, está sendo, Dilma Rousseff.

Contudo, Mano conseguiu fechar o ano pagando o 13º salário aos servidores municipais; pavimentando algumas das principais ruas da cidade, que estavam quase intrafegáveis. E ainda investiu muito em setores como a agricultura, saúde e educação, construindo escolas e postos de saúde bem-estruturados em comunidades do Iaco e outras localidades da zona rural.

Para fechar 2015, o prefeito realizou uma bela festa, cujas atrações foram a tradicional queima de fogos, o culto ecumênico e um show com cantores da terra. Luziene Lucena, a bela cantora senamadureirense, foi um dos principais destaques neste Réveillon.

Outro prefeito que todos pensavam estar morto foi o de Brasiléia, Everaldo Gomes (PMDB). Ele sofreu muito, pois além da prefeitura sucateada que herdou de administrações anteriores, enfrentou uma das maiores enchentes da história do seu município. Quando as águas baixaram, Brasiléia parecia ter sido devastada por um tsunami.

Em vez de encostar a cabeça em um muro de lamentações, Everaldo não demorou a sair em busca de parcerias com os governos estadual e federal. Não desgrudou do calcanhar de deputados federais e dos senadores da República em busca de ajuda para resgatar a cidade, em cujas ruas só restaram casas destruídas dentro de um grande lamaçal.

Poucos meses depois, Everaldo Gomes conseguiu reverter muitas coisas e pagou, ainda no final do primeiro semestre de 2015, a primeira parcela do 13º aos servidores municipais. Foi outro gestor que fechou o ano fazendo vários investimentos no seu município, basta ver o trabalho paliativo que realizou na Avenida Manoel Marinho Monte, onde antes os carros tinham que andar a 10 quilômetros por hora. Além de obras nas áreas de saúde e educação, que vêm sendo executadas nas zonas urbanas e rural do município.

O novo Centro Cultural de Brasiléia, inaugurado no ano passado, é uma das construções mais importantes da administração de Gomes. Poucos municípios do Acre contam com uma estrutura daquele porte. Nestes tempos em que poucos gestores se importam com a cultura, o espaço servirá para incentivar crianças, jovens e adultos que ainda gostam de atuar no mundo das artes.

Ainda assim, Betinho, Mano, Everaldo e outros prefeitos do Acre que já decidiram encarar uma reeleição, sabem que encontrarão muitas dificuldades neste ano em que a crise deverá judiar ainda mais dos brasileiros. As pedras estão na mesa. A arena está montada. Vamos ver quem vai sobreviver.

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“As pedras estão na mesa, a arena montada; quem vai sobreviver?”