18 de abril de 2024

10 equívocos históricos monumentais sobre o corpo feminino

mulher23-01-2014Se há uma coisa em todo o universo que é igualmente amado e incompreendido pelos homens, é o corpo feminino.

Ao longo da história, as mulheres tiveram de lidar com diversas suposições erradas (muitas vezes ridículas) sobre seus corpos devido ao sexismo, fanatismo religioso, ou a pura e simples falta de informação. Por mais incrível que pareça, algumas dessas crenças bizarras sobre a anatomia feminina persistem até hoje.

10. Misticismo menstrual
Enquanto na era moderna nós sabemos que a menstruação é um processo biológico normal, houve períodos na história em que ela era vista como algo quase místico, que envolvia um grande bem ou um grande mal.

Uma crença sobre a menstruação era que seu principal objetivo era manter uma mulher saudável expulsando o excedente de sangue ou sangue podre de seu corpo. Os defensores dessa crença argumentavam que o sangue era venenoso e podia contaminar os alimentos ou objetos com os quais entrou em contato.

Também foi difundida a visão de que um homem nunca devia engravidar uma mulher menstruada: a prole resultante seria grotescamente deformada.

No outro extremo do espectro, Galen – um dos mais proeminentes médicos da antiguidade – espalhou a ideia de que o sangue de menstruação alimentava o feto dentro do útero e era convertido para o leite materno após o nascimento da criança.

Outros acreditavam que o sangue menstrual estava imbuído de propriedades curativas. Os praticantes da medicina chinesa antiga viam a amenorréia – a falta da menstruação – como uma doença perigosa e inventaram várias “curas” para ela.

9. Clitóris usados como um pênis
Você pode já ter ouvido falar sobre a crença hilariamente insana de Hipócrates sobre os ventres das mulheres serem errantes dentro de seus corpos, mas e a ideia de que o clitóris poderia ser usado ​​como um pênis? Isso mesmo: os antigos gregos pensavam que as mulheres com clitóris particularmente grandes poderiam usá-los como anexos de penetração para o coito.

A crença era tão difundida que conseguiu chegar aos séculos XIX e XX, quando médicos americanos e europeus também a incorporaram em seu estudo de lesbianismo.

Talvez um dos defensores mais veementes da existência do “pênis feminino” foi o inquisidor italiano Ludovico Sinistrari.

Como sacerdote e autor que se especializou em demonologia e pecados sexuais, ele afirmou que as mulheres que foram tomadas pela luxúria poderiam ampliar seus clitóris e se transformar em homens. Em um tempo onde o lesbianismo era um crime punível com a morte, Sinistrari fez a postulação estranha que tal crime poderia ocorrer apenas se a acusada tivesse penetrado com sucesso a outra parte com seu clitóris, um argumento que pode ter salvado algumas vidas. No entanto, Sinistrari defendeu punição extrema para as culpadas do crime.

8. Virgens restauram a juventude
O sunamitismo – a prática de um homem mais velho dormir com uma jovem, virgem, sem qualquer contato sexual – teve o seu nome a partir da história bíblica do rei Davi.

Preocupado com sua saúde na sua velhice, seus assistentes encontraram uma bela virgem chamada Abisague de Sunam, que dormia com ele na cama. Embora sem justificativa médica – só foi especulado que o ato poderia elevar os níveis de testosterona em homens de idade – o sunamitismo tem sido praticado em diferentes graus por uma variedade de diferentes culturas.

Um médico do século IV prescreveu tal tratamento para uma dor de estômago, enquanto que na Inglaterra do século XVIII, acreditava-se que o hálito de uma virgem tinha propriedades curatórias.

Do outro lado do Canal da Mancha, no mesmo período, a prática virou um lucro para empresários franceses. Uma dona de casa chamada Madame Janus possuía uma casa com cinquenta virgens que eram servidas para velhos ricos, mais uma vez sem qualquer contato sexual.

Na Índia, uma variação do sunamitismo chamada Brachmarya tem estado em voga por um longo tempo, com o seu mais famoso praticante sendo ninguém menos do que Mahatma Gandhi.

7. Educação enfraquece o útero
Em 1873, Edward Clarke, doutor e ex-professor da Faculdade de Medicina de Harvard (EUA), publicou suas razões por que as mulheres não devem ser educadas em seu livro “Sex In Education; Or, A Fair Chance For The Girls” (em tradução livre, “Sexo na Educação; Ou, Uma Oportunidade Justa Para as Meninas”).

Em seu trabalho, ele afirmou que, já que as mulheres foram predestinadas a serem propagadoras da raça humana, a educação era de importância secundária. Ele ressaltou que os seus cérebros eram inferiores aos dos homens e, portanto, não foram feitos para lidar com níveis mais elevados de educação. Ele também alertou que as mulheres que persistiam na aprendizagem corriam o risco de danificar seus órgãos reprodutivos, especialmente se estavam menstruadas.

Por um tempo, a teoria de Clarke se tornou um tema popular de debate e era frequentemente usada como uma bíblia por ativistas contra a educação das mulheres. Por fim, a hipótese desapareceu à medida que mais mulheres foram ocupando faculdades e universidades e provaram-se tão boas – ou mesmo melhores que – seus pares masculinos.

6. Ideias de Aristóteles
Ser um dos maiores filósofos de todos os tempos, aparentemente, não impediu Aristóteles de fazer toda uma lista de erros sobre o corpo feminino. Ele acreditava que as mulheres eram homens deformados, com seus órgãos genitais dentro de seus corpos devido à falta do “calor” necessário para formar um “corpo masculino perfeito”.

Ele também especulou que essa deficiência impedia as mulheres de produzirem sêmen e, portanto, elas eram receptoras passivas no processo de fazer um filho. Outras gafes incluem a declaração de Aristóteles de que as mulheres tinham menos dentes e sulcos no crânio do que os homens, e sua incapacidade de distinguir a vagina da uretra.

Aristóteles equiparou suas descobertas sobre a suposta inferioridade do corpo feminino como uma justificativa para a dominação masculina em todos os aspectos da vida. Após sua morte, em 322 aC, seus pontos de vista permaneceram populares até o século XV e contribuíram enormemente para o chauvinismo predominante da época.

5. Seios usados como armadura
Em uma carta que escreveu ao rei francês no século XIV, o médico real Henri De Mondeville deu três razões para o posicionamento específico das mamas. Em primeiro lugar, os seios eram localizados no peito para que pudessem ser mais facilmente visualizados pelos homens.

Em seguida, os seios tinham uma relação mutuamente benéfica com o coração – eles fortificavam e mantinham uns aos outros aquecidos. Finalmente, o médico alegou que os seios, especialmente os grandes, mantinham o peito quente e serviam como um peso que ajudava a manter a força abdominal da mulher.

Em 1840, o médico inglês Astley Cooper afirmou que seios grandes beneficiavam muito as mulheres das camadas mais baixas da sociedade, porque permitia a elas que “suportassem os golpes muito fortes que muitas vezes elas recebiam em seus concursos pugilísticos regados a bebida”.

4. Mito das impressões maternas
A ideia de impressão materna é esquisita demais para não aparecer nesta lista. Impressão materna é a noção de que a imaginação de uma mãe, desencadeada por estímulos internos ou externos, pode influenciar mentalmente o crescimento e desenvolvimento do feto.

As origens exatas dessa crença são difíceis de detectar, embora tenha sido alegado que Hipócrates e a maioria dos antigos gregos eram crentes. Os romanos também aderiram a este conceito e deduziram que marcas de nascença de uma criança eram o resultado de um trauma emocional e mental de sua mãe.

A bizarra teoria persistiu ao longo da história, por conta de vários casos de bebês que nasceram deformados ou pareciam animais.

Em um desses extraordinários casos, que mais tarde ficou provado ser uma farsa, uma mulher chamada Mary Toft supostamente deu luz a coelhos depois que teve desejos e sonhos de comê-los. Embora o conceito tenha sido abandonado no século XX, um bom número de pessoas continuam a agarrar-se à crença ainda hoje graças a um punhado de casos aparentemente inexplicáveis.

3. Dirigir destrói os ovários
Praticamente todo o mundo revirou os olhos quando, em setembro de 2013, um proeminente clérigo saudita anunciou que a condução de automóveis era prejudicial à saúde da mulher. Em uma tentativa de combater um protesto motorizado planejado por mulheres ativistas – na Arábia Saudita, mulheres não podem dirigir -, o xeque Saleh Al-Loheidan disse que estudos têm demonstrado que as mulheres que dirigem pode danificar seus ovários e deslocar a sua pélvis. Ele acrescentou que essas mulheres estariam arriscando ter filhos com defeitos congênitos.

Os comentários de Al-Loheidan rapidamente se tornaram polêmica em todo o mundo – a hashtag no Twitter intitulada “#WomensDrivingAffectsOvariesAndPelvises” (“#MulheresDirigindoAfetamOváriosEPelvis”, em tradução livre) fez com que suas declarações viralizassem através da internet em meio a zombaria e críticas.

Até mesmo seus próprios compatriotas manifestaram descrença em seus comentários, com alguns chamando-os de “ridículos”. Mais tarde, Mohammad Baknah, um ginecologista da Arábia Saudita, desafiou as declarações de Al-Loheidan e respondeu que tais estudos não existiam.

Em defesa de Al-Loheidan, sua visão bizarra sobre as mulheres que dirigem não foi a primeira – nem será a última – a angariar tal escrutínio. Em 2010, um outro clérigo saudita causou um tumulto quando emitiu uma fatwa (espécie de regra religiosa) que dizia que as mulheres poderiam amamentar os seus motoristas para torná-los parte da família formalmente.

2. Vaginas horizontais
Ninguém sabe exatamente quando começou o mito de que as mulheres asiáticas – especialmente chinesas, japonesas e coreanas – tinham vaginas horizontais. Um dos relatos mais antigos conhecidos deste mito foi registrado em 1816, quando o naturalista francês George Cuvier teorizou que os genitais femininos diferiam e que as vaginas de mulheres chinesas eram posicionadas na horizontal.

Durante a década de 1880, o autor JW Buel foi para São Francisco, nos Estados Unidos, onde fez uma extensa pesquisa sobre as mulheres chinesas que viviam em Chinatown e concluiu que elas eram anatomicamente normais.

No entanto, o mito da vagina horizontal tornou-se predominante mais uma vez durante a Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coreia, graças aos soldados norte-americanos baseados no exterior, que espalhavam contos sobre seus supostos encontros com essas mulheres.

Infelizmente, as asiáticas não eram as únicas a sofrerem este equívoco grave. Os primeiros antissemitas europeus acreditavam no conto que as mulheres judias tinham vaginas horizontais e gestavam seus filhos em apenas seis meses.

1. Vítimas de estupro não podem engravidar
A ideia de que as mulheres não podem engravidar como resultado de estupro traça as suas raízes para o já citado Galen. Ele acreditava que, como os homens, as mulheres produziam a “semente” necessária para fazer uma criança e a liberavam somente após o orgasmo.

Por essa lógica, as mulheres que foram estupradas eram vistas como incapazes de produzir esta “semente” e, portanto, incapazes de engravidar.

A teoria da “semente” de Galen permaneceu firmemente enraizada em períodos posteriores. Um texto jurídico da Inglaterra medieval dizia: “Se, no entanto, a mulher tiver concebido na época alegada, isso condena, pois, sem o consentimento de uma mulher, não é possível conceber”. Em suma, o sistema legal via as vítimas de estupro que engravidavam como participantes solícitas no ato.

Por mais incrível que possa parecer, mesmo hoje em dia, em pleno século XXI, a ideia de Galen ainda tem muito de apoiadores.

Em junho do ano passado, o político norte-americano Trent Franks, do Arizona, observou que “a incidência da gravidez resultante de estupro é muito baixa”, uma declaração que gerou críticas por sua insensibilidade grosseira. No ano anterior, o político do estado do Missouri e candidato ao Senado Todd Aiken recebeu pesadas críticas por sua observação de que as mulheres não podiam engravidar de “estupro legítimo”. [Listverse]

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