Escolas do Rio homenageiam olimpíadas, futebol e homem do campo

A União da Ilha do Governador  foi a segunda escola a entrar na avenida, ainda no domingo (7), para os desfiles do Grupo Especial. A apresentação que agradou o público mostrou o jeito descontraído do carioca se dedicar aos esportes.  No desfile, a escola não esqueceu que a cidade é olímpica, e não faltaram atletas. A tocha olímpica foi conduzida em toda a avenida pelo maratonista brasileiro Wanderlei Cordeiro de Lima.

Rio de Janeiro - União da Ilha do Governador é a segunda escola do grupo especial do Carnaval do Rio à desfilar na Sapucaí (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Rio de Janeiro – União da Ilha do Governador é a segunda escola do grupo especial do Carnaval do Rio a desfilar na Sapucaí (Tomaz Silva/Agência Brasil)Tomaz Silva/Agência Brasil

“É a primeira vez que estou aqui na Sapucaí e acho que a minha emoção é ver cada um desses atletas que estão aqui sendo homenageados. Obrigado ao povo brasileiro, ao povo carioca e acho que é isso aí, começamos a energia das Olimpíadas e é com esta energia e essa vontade que vamos para os Jogos Olímpicos,”  disse Wanderlei Cordeiro, acrescentando que  é “importante passar essa emoção, contagiar os nossos atletas para que eles possam se superar e fazer a melhor Olimpíada de todos os tempos.”

A escola mostrou também que o Rio é uma cidade que recebe bem quem chega, tanto que alguns preferem ficar para sempre. Durante o desfile da União da Ilha, o público vibrou com a comissão de frente feita pelo coreógrafo Patrick Carvalho. A maior parte dos integrantes era de tetraplégicos que, segundo Patrick, ensaiaram durante quatro meses.

Ele contou que a ideia de criar a comissão de frente foi dos carnavalescos Paulo Menezes e Jack Vasconcelos. Patrick Gomes era um dos integrantes e foi a primeira vez que passou na avenida em uma comissão de frente. “Foi trabalhoso, mas foi nota 10. Foi muito emocionante. O ensaio foi puxado”, contou. Paraplégico há 16 anos,  o coreógafo disse que “tive muito medo [diante da responsabilidade de ser um quesito importante para a escola], mas foi prazeroso e buscamos a nota máxima.”

Grande Rio

Rio de Janeiro - Acadêmicos do Grande Rio, a quarta escola do grupo especial do Carnaval do Rio,homenageia o Santos, com famosas e citações a Pelé e Neymar (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Rio de Janeiro – Acadêmicos do Grande Rio, a quarta escola do grupo especial do Carnaval do Rio homenageia o Santos, com famosas e citações a Pelé e Neymar (Tomaz Silva/Agência Brasil)Tomaz Silva/Agência Brasil

 

O enredo da Grande Rio acabou provocando uma viagem de seis horas de um grupo de 10 torcedores do Santos Futebol Clube, que moram no bairro Ponta da Praia. Segundo a cozinheira Cynthia Araújo, eles vieram em dois carros, saíram de Santos às 17h35 de sábado (6) e chegaram ao Rio às 2h da madrugada. O grupo está hospedado em uma casa de família, em Vila Isabel, zona norte do Rio. Os torcedores se programaram, compraram ingressos a R$ 75 para um dos setores populares da dispersão e ainda levaram uma bandeira do clube, que teve uma alegoria em sua homenagem no enredo Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos, e por ela me apaixonei… “Onde tem Santos a gente vai atrás”, contou Cynthia.

A atriz Suzana Vieira que veio em um dos carros alegóricos reclamou no final do desfile. “Eu não gostei de sair no carro. Ele balança muito e sou muito mais solta quando venho no chão”, revelou.

Na comissão de frente, o enredo fez uma homenagem a Pelé. Um ator representava o rei do futebol e destaque do Santos Futebol Clube. Vestido com um short azul e uma camisa da seleção brasileira com o número 10 nas costas, ele subia no alto da alegoria que caracterizava uma bola e fazia movimentos que eram respondidos pelo público com gritos e aplausos.

“A gente botou mais um filho no mundo e foi lindo. É um trabalho que levou três meses. É muito cansativo e acho que a recompensa foi o desfile incrível. Nas duas últimas semanas ensaiamos mais de 6 horas por dia, mas este grupo é valente e já está acostumado com isso”, analisou Rodrigo Negri, um dos dois coreógrafos da comissão de frente da Grande Rio. Priscilla Mota completa a dupla.

Unidos da Tijuca

Rio de Janeiro - Alegoria da Unidos da Tijuca, que vai levar mostras do campo para a Marquês de Sapucaí (Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil)

Rio de Janeiro – Alegoria da Unidos da Tijuca levou  mostras do campo para a Marquês de Sapucaí (Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil

 

Para fechar a apresentação a Escola Unidos da Tijuca não enfrentou dificuldades. O enredo Semeando sorriso, a Tijuca festeja o solo sagrado, mostrou a força da terra e do homem do campo. Uma das alegorias tinha uma plantação de milho caracterizada com um complemento de um trator cuja marca formava o nome de Tijuca, alem de ter as cores da escola: amarelo e azul.

O abre-alas em tom de terra chamou a atenção porque era uma alegoria viva, que é uma característica da escola quando em outros carnavais eram feitas  pelo ex-carnavalesco da Tijuca, Paulo Barros. A  alegoria de 2016 trazia seis componentes em movimento para formar o nome da escola. Além dos que participaram da formação da palavra, outros estavam espalhados no carro. Ao todo, segundo o coreógrafo Tony Tara eram 170 integrantes. Todos tiveram que fazer um preparo na concentração e passar argila com água, para manchar todo o corpo e ficarem com a cor de terra.

“Chegamos na concentração e cada um ganhou uma lata com argila para passar no corpo em poucos minutos já estava seco e ficou como se fosse um barro. Somos da escola, mas desfilávamos em alas diferentes, eram todos homens e negros”, contou o dançarino Willian Souza. O coreógrafo fez a seleção dos integrantes após avaliar 300 inscritos.

A porta-bandeira Rute considerou o desfile lindo mas fez uma crítica à Mocidade Independente que ao ter problemas nas alegorias acabou deixando um rastro de óleo em algumas partes da passarela. Ela disse que isso dificultou a exibição. O mestre-sala também disse que foi uma situação tensa.

“Realmente, tinha um óleo e em alguns momentos a gente teve que não entrar muito no centro da pista eu estava preocupado com os meus giros porque fico na ponta do pé é pouco atrito no chão e com óleo. Mas acho que a gente estava tão abençoado pela fantasia, pelo momento e pela escola. Foi maravilhoso”, contou, acrescentando que a fantasia dele era de Oxalá e a da Rute de Nanã, dois orixás. “Tenho certeza, após este desfile, que papai do céu abençoou a gente mais uma vez”.

A doméstica Maria da Penha, que participou da ala das baianas, quando entrou na Praça da Apoteose, se benzeu e agradeceu a Deus pelo desfile. “Senti prazer no desfile. Foi maravilhoso. Desfilo na Tijuca há quatro anos e este foi mais leve, não dá para explicar!”, disse sorrindo.

Antes da Estácio de Sá, a primeira escola deste domingo começar a desfilar, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Castanheira, pediu ao público que mesmo com a crise econômica compareceu à Passarela do Samba que vibrasse com as escolas e incentivasse os componentes a quem desejou um bom carnaval. “Agradeço a todos, em nome das escolas de samba, em nome da cidade do Rio de Janeiro pela confiança de virem ao Sambódromo e lotarem essa avenida em um momento de dificuldade do nosso país”, indicou.

O presidente tomou ainda uma decisão neste primeiro dia: não substituir um dos quatro jurados do quesito bateria que não compareceu. Pelo regulamento a nota menor entre as quatro sempre é descartada. Para o caso deste ano, segundo a Liesa vão valer as outras três, sendo que se houver uma menor ela vai acompanhar as outras duas, a não ser, que sejam diferentes.

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