Especialistas ensinam como reagir em caso de violência

Em caso de violência, reaja. Você não leu errado: é exatamente isso que sugerem os autores do livro “Não Seja Mais uma Vítima” (Editora Bueno).

Apesar de a afirmação soar polêmica, Ricardo Nakayama e José Roberto Abrahão explicam que saber reagir corretamente em um assalto, sequestro relâmpago ou até mesmo em um estupro pode salvar a vida da vítima. Ou ao menos evitar que graves sequelas psicológicas a acompanhem pelo resto da vida.

comportamento10-11-2013

De acordo com Nakayama, o primeiro passo para reagir corretamente é ter domínio de si mesmo, do medo e da dúvida sobre o que fazer em uma situação de risco. O livro pretende esclarecer isso com 700 fotos que ilustram golpes, treinamentos e atitudes para tomar a decisão mais assertiva. “Quando a vítima é pega de surpresa, são duas possibilidades: ou ela congela ou pode fazer algo sem pensar”, aponta Ricardo.

Ambas as reações trazem consequências potencialmente trágicas: tanto agir no impulso como ficar paralisado podem acabar em morte. Em termos práticos, em uma abordagem enquanto a vítima está dirigindo, tanto não conseguir tirar as mãos do volante para cumprir a ordem do assaltante quanto acelerar para fugir são atitudes que vão frustrar o criminoso — e aumentar os riscos.

Não ser um chamariz é outra recomendação dos profissionais. Andar com mais discrição evita a lidar com esse tipo de situação. “Se a pessoa quiser desfilar suas joias dirigindo uma Mercedes, a regra de segurança é ‘não pode economizar’. Ela precisará de um carro blindado e uma escolta”, diz Abrahão. “As pessoas têm o direito de mostrar status, mas precisam se precaver se não quiserem ser vítimas da violência”.

A fim de quebrar o ciclo de violência, o método recomendado por eles para defesa pessoal é o Sotai (Sobrevivência, treinamento, aplicação e inteligência), desenvolvido por Nakayama, que é matemático e mestre em caratê, com a ajuda de Abrahão, advogado criminalista, também artista marcial e cadeirante.

“O sistema foi pensado para pessoas com maiores necessidades. Então tem que ser simples e aplicável tanto para mulheres e crianças, como para pessoas com deficiência”, explica Abrahão, que desenvolveu golpes pensados em quem está na cadeira de rodas ou de bengala.

Reação calculada

O discurso para não reagir a ataques faz sentido em caso de bens materiais. Mesmo assim, há risco. Segundo um levantamento realizado pelo jornal “Folha de São Paulo” em 2009, 25% das pessoas que não reagiram de forma violenta ao assalto morreram.

Já nos casos de violência sexual, pode haver uma pequena vantagem na reação. A vítima carrega consigo sequelas psicológicas graves. Nakayama afirma, no entanto, que se ela foi capaz de firmar uma reação de maneira efetiva, falará posteriormente sobre o episódio com orgulho, confiante de que fez a coisa certa para sua integridade moral e psicológica.

“A vítima que usou a técnica não terá sequela psicológica e sim uma aceitação melhor daquela situação de violência. Do contrário, elas choram, falam com raiva, se sentem impotentes e ficam revoltadas”, acredita Nakayama.

“Estar sempre atento” é a regra número um proposta pelos especialistas. Não fazer inimigos também é fundamental. Isso significa que se você olhar no retrovisor e vir um motorista estressado, o melhor é deixa-lo passar e sair desta situação. “Tenha domínio emocional para não acabar sendo mais uma vítima”, recomenda Abrahão.

Outro ponto importante é evitar uma situação de submissão à agressividade, exercendo a dominância. “Se mostrar submissão, é mais fácil de ser agredido”, diz Nakayama.

Citando os variados casos de rapazes homossexuais que foram agredidos na Avenida Paulista, região central de São Paulo, ele ensina como se proteger em caso de intolerância e preconceito, sem qualquer motivo para agressão. “Se perceber uma pessoa se aproximando com um objeto, já comece a se distanciar para antecipar a agressão.

Quando perceber intenção da pessoa a agredir, empreenda uma fuga”, aconselha.Autoconfiança, os dois fazem coro, é a chave para transformar medo em agressividade inteligente. Para a dupla, desenvolver esta característica é o que vai ajudar as pessoas que vivem em grandes centros urbanos a não contribuir com a cultura do medo.

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