Artigo: Brasil é o país que mais desemprega na américa latina, diz instituto

Síntese: Em 2015, o Brasil tornou-se o país que mais gerou desempregados em todo o mundo. O país viveu uma reversão no mercado de trabalho como nenhuma outra nação, em análise que leva em conta 59 principais países. A economia brasileira é hoje a terceira com mais desempregados, atrás apenas das superpopulosas China e Índia.

Países que sofreram com a crise global de 2008 hoje exibem expressiva geração de postos de trabalho: no ano passado, os EUA liderou a redução do número de desempregados. Em termos relativos, o Brasil também aparece mal na lista: a taxa de desemprego aumentou 2,5 pontos, abaixo apenas da Nigéria, atolada em guerra civil.

No primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff, o Brasil tornou-se detentor de um triste título: o país que mais gera desempregados em todo o mundo. A constatação vem de levantamento feito a partir de estatísticas relativas ao mercado de trabalho em 59 países referentes ao ano de 2015. O Brasil lidera a lista com 2,6 milhões de novos desempregados.

Em 12 meses, o total de desempregados no país passou de 6,5 milhões para os 9,1 milhões registrados em dezembro último, de acordo com a Pnad Contínua, do IBGE. Nenhuma outra nação do mundo sofreu reversão tão abrupta no mercado de trabalho em tão pouco tempo. O Brasil aparece no ranking à frente de países cuja situação política, econômica e social é muito mais conturbada que a nossa.

O segundo lugar da lista é ocupado pela Nigéria, que sofre com o terrorismo do grupo radical Boko Haram. Lá 2,4 milhões de pessoas perderam o emprego em 2015, ou seja, quase 10% menos que no Brasil. Em seguida, estão a Rússia (276 mil novos desempregados), país que amarga sanções internacionais e queda nas cotações de suas principais matérias-primas, e o Irã (261 mil), que só agora está conseguindo se livrar de um embargo econômico internacional.

O levantamento sobre a situação do mercado de trabalho no mundo foi feito pelo Instituto Teotônio Vilela a partir de estatísticas, informações, dados e estimativas oficiais disponibilizadas por Banco Mundial, OIT, CIA e pelo site de monitoramento internacional Trending Economics.

O estudo considera todos os países da União Europeia, todos os 34 membros da OCDE, as economias mais desenvolvidas, os emergentes e todas as nações da América do Sul, exceto a Bolívia (que ainda não dispõe de estatísticas para 2015 nas bases utilizadas).

Demissões aqui, contratações lá fora

O governo brasileiro costuma apontar a “crise internacional” como principal razão para os retrocessos econômicos e sociais no país – e, em especial, de sua manifestação mais danosa, o desemprego. No entanto, nações que experimentaram quedas muito mais agressivas na atividade produtiva na sequência da quebradeira global de 2008/2009 exibem hoje situação oposta à do Brasil, ou seja, geram empregos – e não eliminam. Nesta situação estão economias como Itália, Espanha, Portugal e Estados Unidos. Epicentro da crise das subprimes, os EUA foram o país onde o número de desempregados mais caiu no ano passado, com 1,4 milhão a menos. Outros exemplos: Espanha (-714 mil desempregados), China (-504 mil) e Grécia (-111 mil). A Europa como um todo reduziu seu contingente de desocupados em 2 milhões de pessoas em 2015, de acordo com a OIT.

Quinto país mais populoso do mundo, o Brasil é hoje o terceiro em número absoluto de desempregados, atrás apenas de China e Índia, cujas populações são entre seis e sete vezes maiores que a brasileira. No ano passado, com a ascensão do desemprego aqui, ultrapassamos dois países, EUA e Indonésia, neste ranking. Mesmo com população muito menor, o exército de desempregados brasileiros é somente metade do indiano e um terço do chinês.

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Taxa de desemprego também entre as maiores altas

Não é apenas em termos absolutos que o Brasil vai muito mal quando o assunto é desemprego. Mesmo em termos relativos, o país também aparece nas piores posições do ranking mundial. No ano passado, a taxa de desemprego – ou seja, a relação entre o número de desempregados e a população economicamente ativa – subiu 2,5 pontos percentuais aqui. Passou de 6,5% para 9%, sempre de acordo com a Pnad Contínua, do IBGE.

Em uma lista de 59 países de todo o mundo, o Brasil figura em segundo lugar neste quesito, abaixo apenas da Nigéria, onde a taxa de desemprego aumentou 4 pontos no ano, subindo de 6,4% para 10,4%. Em 42 das economias pesquisadas, os índices caíram ou mantiveram-se estáveis em 2015.

As projeções para 2016 sugerem que o Brasil corre risco de se manter, novamente, como a nação que mais gera desempregados em todo o mundo. Os primeiros indicadores já divulgados neste ano mostram que a taxa de desemprego continua aumentando no país – entre os jovens já chega a 21%. A previsão é de um novo salto, com o número de desempregados alcançando 12 milhões até o fim deste ano. A OIT (Organização Internacional do Trabalho) estima que um em cada três novos desempregados no mundo em 2016 virá do Brasil, o que põe o país numa incômoda e indesejável posição.

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