“Medo” de matemática pode ser transmitido ao filho

Cuidado ao ajudar seu filho na lição de casa: tente não transmitir medo (Foto: Thinkstock)

Cuidado ao ajudar seu filho na lição de casa: tente não transmitir medo (Foto: Thinkstock)

Seu filho pede ajuda para fazer a lição de casa de matemática e vem logo um filme à sua mente: cadernos, contas, números, provas com notas vermelhas e broncas da professora e dos seus pais? Calma. É preciso respirar e pensar duas vezes antes de demonstrar essa reação, para que a criança não passe pelos mesmos problemas e crie uma resistência à disciplina.

Em um estudo realizado na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, cientistas analisaram o comportamento de 438 crianças cursando a primeira e a segunda série do ensino fundamental e o dos pais delas, que também responderam um questionário.

Os pesquisadores concluíram que, quando os adultos têm aquele medo, aquela tensão, aquela ansiedade só de ouvir falar em matemática, existe uma tendência de que os filhos herdem essa característica e aprendam menos, mas isso só acontece quando os pais ajudam frequentemente na lição de casa.

A influência está nos detalhes

Mais do que ter autocontrole e tentar ajudar, com calma, na lição, é preciso prestar atenção nas suas atitudes do dia a dia. Muitas vezes, as pequenas coisas fazem toda a diferença. “O comportamento dos adultos acaba influenciando, de certa forma, o desenvolvimento acadêmico da criança.

Quando o pai ou a mãe dizem: ‘Odeio matemática’ ou ‘A matéria que eu menos gostava na escola era essa’ ou ‘Nunca fui bom com números’ ou ‘Não sei por que eles precisam ensinar isso na escola…’, os filhos podem absorver isso e criar uma barreira, o que dificulta o aprendizado”, diz a psicóloga Susana Orio, do Colégio Madre Alix, em São Paulo (SP).

Como ajudar sem transmitir medo na hora do dever de casa?

O fato de o seu desempenho ou o seu sentimento em relação à matemática não serem dos melhores não significa que seu filho necessariamente se recusará a aprender a matéria ou que não conseguirá se sair bem no aprendizado. Ninguém sabe tudo e talvez esta seja uma boa oportunidade de você mostrar isso às crianças.

“Os pais também não precisam passar a imagem de perfeição, de que se saíam bem em todas as disciplinas na escola e que gostavam de todas as matérias, se isso não for verdade. Não há problema no fato de um adulto admitir que tem problema com certa disciplina. Pelo contrário. É importante a criança saber que os pais erravam e que também tinham dificuldades… E aí eles podem contar o que faziam para superar esses obstáculos”, orienta a especialista.

Quando surge alguma dúvida que você não sabe responder, tente encontrar a resposta junto com a criança e, se não for possível, diga que quando estava na escola e não entendia, perguntava ao professor quantas vezes fosse necessário, orientando a criança a fazer o mesmo. “Dependendo da idade, os pais podem até enviar um bilhete para o professor, informando que a criança teve dificuldade com o conteúdo, pedindo para repassar”, sugere Susana.

Aprendizado + realidade = sucesso

Se a criança tem dificuldade ou não entende por que ela precisa aprender a lidar com todos esses números, uma boa tática é ajudá-la a relacionar o conteúdo escolar com a vida e a aplicação prática. Para Susana, uma simples ida em família ao supermercado, por exemplo, pode ajudar na fixação do conteúdo.

“A matemática está em todos os lugares. Em um dia de compras no supermercado, é possível ressaltar a importância dessa matéria. Quantidades, quanto custa, litros, quilos… A própria idade da criança, a altura, o peso. Tudo é matemática e vale reforçar isso. Mostrar a aplicação real do que se aprende na escola pode ser interessante – até para os adultos!”, explica.

Não é só a matemática

O estudo foi focado na matemática, mas, de acordo com especialistas na área, essa possibilidade de transmitir a tensão se estende a outras disciplinas.

Pode acontecer com geografia, literatura, história ou qualquer outro assunto. É claro que isso não quer dizer que se os pais tiveram dificuldades, as crianças terão também. “Vai depender de como a família lida com isso, como os adultos agem e das outras experiências da criança, no ambiente escolar e com os amigos”, ressalta a psicóloga.

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