O Ministério Público Federal no Pará emitiu recomendação essa semana para que o consórcio Norte Energia S/A, responsável pela usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, forneça água mineral para os índios da etnia Arara. Em carta enviada ao MPF, as lideranças indígenas relataram a dificuldade de acesso à água potável, já que a do rio não oferece condições para consumo por conta dos impactos causados por Belo Monte.
De acordo com o Ministério Público, as obras de saneamento que deveriam garantir água potável aos Arara ainda não foram concluídas. A obra era uma das condicionantes para a construção de Belo Monte na região da Volta Grande do Xingu, e deveria ter sido entregue em 2012. Pela recomendação, o fornecimento de água mineral deve ocorrer de forma emergencial.
Os Arara moram no trecho do Xingu que sofre o maior impacto da hidrelétrica, com redução de 80% da vazão do rio. No trecho de 100 quilômetros do Xingu, conhecido como Volta Grande, moradia tradicional dos Arara, o desvio para abastecer Belo Monte tornou as águas inadequadas para consumo humano.
“No dia 1 de agosto de 2016, chegou ao conhecimento do Ministério Público Federal carta dos indígenas da TI Arara da Volta Grande, Aldeia Terrawangã, na qual relatam que a comunidade está hoje consumindo água do rio Xingu sem nenhum tratamento”, diz a recomendação do MPF, que dá um prazo de 30 dias para a Norte Energia apresentar soluções.
Sem o serviço de saneamento ambiental, os índios precisam buscar água em baldes no rio para o consumo. Com a poluição, há o relato de indígenas que contraíram doenças pelo consumo da água contaminada.