“Gamal pedia por Deus para protegê-lo”, conta motociclista que assistiu acidente nos Andes

O trágico acidente automobilístico ocorrido nas Cordilheiras dos Andes na tarde da última sexta-feira, 28/10, que vitimou o condutor Gamal Hussein Rosas Murad e as passageiras Antônia Lopes Lodi e Maria Amélia Pereira da Silva, foi presenciado pelo motociclista José Roberto da Silva Barbosa que narrou o ocorrido.

Por telefone desde Puerto Maldonado, onde chegou na noite desse sábado, 29, após ter pernoitado em Marcapata, pequena cidade próximo ao local do acidente, José Roberto contou que o grupo formado por três motociclistas e as três vítimas que estavam num veículo Wolksvagen, modelo Voyage, retornava de uma viagem à Cusco quando pararam no pico de Abra Pirhuayani, ponto mais alto da estrada Carretera Inteoceânica, a 4725 metros de altitude.

Após tirarem fotografias, José Roberto conta que as três motos saíram na frente e o carro pouco depois, mas que parou para ajustar um equipamento quando foi ultrapassado pelo Voyage: “segui logo atrás, estávamos conduzindo bem devagar, fazendo as diversas curvas em “U” quando simplesmente o carro passou direto e se chocou fortemente numa pedra fora da estrada. Não houve freada ou tentativa de desvio, simplesmente passou direto”, conta o motociclista que parou ao lado do veículo para prestar a assistência.

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Gamal pode ter tido um “apagão’ pela falta de oxigênio/Foto: reprodução Facebook

“Foi dramático, pois a Antônia Lodi e a Maria Amélia faleceram na hora, ficando a passageira da frente presa na ferragem. O motorista Gamal Murad chegou a abrir a porta do carro e o ajudei a sair e ele pedia por Deus para protege-lo!, permanecendo ainda vivo por vários minutos ao lado do veículo”, contou emocionado José Roberto.

Os outros motociclistas Naíber Pontes de Almeida, juiz federal, e Edson Lodi, jornalista, poeta e escritor e esposo da vítima Antônia Lopes Lodi, perceberam a demora e resolveram voltar, presenciando a cena do acidente. “Imediatamente buscamos socorro em Marcapata, onde uma enfermeira foi deslocada, mas quando chegou ao local do acidente o Murad também já tinha ido óbito”, disse o empresário.

“Eu e o Naíber dormimos em Marcapata onde na manhã deste sábado prestamos testemunho à Polícia Nacional Peruana, enquanto que o Edson Lodi voltou à Cusco para acompanhar os trâmites de liberação dos corpos para o Brasil. Estamos chocados e abalados com o acidente. O Murad era experiente nessa viagem, onde somente este ano era a oitava vez que ele ia a Cusco. Acredito que sofreu de apagão, quando o cérebro desliga por falta de oxigênio,” afirmou José Roberto, reforçando a hipótese da ocorrência do mal da montanha.

Corpos aguardam liberação em Cusco

Após o acidente, os corpos foram levados pelas autoridades à cidade de Cusco, distante aproximadamente 170km e quatro horas de viagem, chegando já na noite de sexta-feira, sendo acompanhando pelo senhor Edson Lodi.

A burocracia e a falta de plantão de médico legista nos finais de semana, porém, forçaram a permanência dos corpos naquela cidade andina e ainda não foram liberados para a repatriação ao Brasil. As autoridades do consulado brasileiro em Cusco e da Embaixada do Brasil em Lima foram mobilizadas, havendo o acompanhamento de amigos do Acre e também do governo do Estado.

Os familiares da vítima Antônia Lopes Lodi decidiram que seu corpo será cremado em Cusco e as cinzas levadas à Brasília, enquanto que os de Maria Amélia e do sargento Murad serão trasladados de avião para Rio Branco na segunda-feira, 1/11, com despesas pagas pelo Governo do Estado do Acre.

Nota da redação: o depoimento do José Roberto foi dado informalmente através de uma conversa telefônica.

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