18 de abril de 2024

Desmatamento revela um misterioso “Stonehenge” na Amazônia

O capataz de uma fazenda de gado num recanto distante da Amazônia brasileira, Lailson Camelo da Silva, derrubava árvores para transformar a floresta tropical em pasto, quando encontrou um estranho grupo de enormes blocos de granito.

“Eu não tinha ideia de que estava descobrindo o Stonehenge da Amazônia”, disse Silva, 65, em um dia quente de outubro, enquanto olhava para o sítio arqueológico situado pouco ao norte da linha do equador. “Isso me fez perguntar: que outros segredos sobre nosso passado estão escondidos nas selvas brasileiras?”

Depois de conduzir testes de radiocarbono e realizar medições durante o solstício de inverno, estudiosos do campo da arqueoastronomia determinaram que uma cultura indígena dispôs os megalitos como um observatório astronômico há cerca de mil anos, ou cinco séculos antes do início da conquista europeia das Américas.

Suas descobertas, juntamente com outros achados arqueológicos no Brasil nos últimos anos –incluindo escavações gigantes na terra, restos de assentamentos fortificados e até redes de estradas complexas–, estão modificando opiniões anteriores de arqueólogos que afirmavam que a Amazônia tinha sido relativamente intocada por seres humanos, exceto por pequenas tribos nômades.

Hoje alguns estudiosos afirmam que a maior floresta tropical do mundo era muito menos “paradisíaca” do que se imaginava, e que a Amazônia teria uma população de até 10 milhões de pessoas antes das epidemias e dos massacres em grande escala promovidos pelos colonizadores europeus.

No Estado do Amapá, pouco populoso, no norte do Brasil, as pedras encontradas por Silva perto de um rio chamado Rego Grande estão dando pistas sobre como os povos indígenas da Amazônia podem ter sido bem mais sofisticados do que supunham os arqueólogos no século 20.

“Estamos começando a montar o quebra-cabeça da história humana na bacia Amazônica, e o que descobrimos no Amapá é absolutamente fascinante”, disse Mariana Cabral, uma arqueóloga da Universidade Federal de Minas Gerais, que com seu marido, João Saldanha, também arqueólogo, estudou o sítio do Rego Grande na última década.

No final do século 19, o zoólogo suíço Emílio Goeldi havia localizado megalitos –grandes pedras monumentais– em uma expedição pela fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Outros estudiosos, incluindo a pioneira americana Betty Meggers, também encontraram esses sítios, mas afirmaram que a Amazônia era inóspita para assentamentos humanos complexos.

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