19 de abril de 2024

Livro ‘A Amazônia e Eu’ revela as belezas e desafios de quem vive na região

Como filha e esposa de militar, Karine Brasil, 29, já sabe: morar mais do que dois anos no mesmo lugar é raro. A cada transferência, conhece cidades e culturas diferentes e, no caso da Amazônia, não fazia ideia do que encontraria. Ela pesquisou muito sobre a tríplice fronteira — Brasil, Colômbia e Venezuela — do Amazonas para descobrir como seria a vida em Cucuí, uma comunidade com 1 mil habitantes, praticamente isolada no meio da selva. Sem respostas, chegou disposta a aprender. O resultado desses dois anos (2012/2013) nesse local tão longínquo resultou no livro “A Amazônia e Eu”, lançado em dezembro, no Rio de Janeiro. Nele, a publicitária revela as belezas e desafios de quem vive na região. Na entrevista abaixo, ela fala um pouco sobre a experiência.

Foto: Divulgação

Por que escrever um livro sobre o tempo que viveu na Amazônia?
Durante dois anos (2012/2013), vi de perto uma região rica de belezas naturais e culturas diversificadas. Conheci pessoas incríveis que vivem com a simplicidade em suas pacatas vidas. Em contrapartida, conheci pessoas que sentiram medo (assim como eu) de morar em um lugar tão distante das facilidades urbanas. O meu intuito é transmitir conhecimento aos novos moradores (militares e familiares), levar informação a curiosos e tornar esse pedaço de chão chamado Cucuí, conhecido aos olhos de todos.

Você disse que teve medo ao saber da transferência.
Muitas pessoas me relataram experiências vividas em longínquas fronteiras espalhadas pelo Brasil. Estava prestes a me deparar com uma realidade bem diferente da minha, num lugar completamente isolado da civilização. Senti medo de ter que enfrentar essa mudança radical; de abandonar os estudos, a profissão; de contrair uma doença tropical; de ficar longe da minha família…

Qual foi o maior choque?
Saí de uma cidade grande, onde tinha uma vida fácil e confortável e fui morar em um lugar com cerca de 1 mil habitantes, no meio da selva. Eu não fiquei abalada com nada, mas lembro-me que os medos eram constantes, devido ao contraste de cultura. Mas logo procurava um jeito de amenizar esse sentimento.

Como fez para lidar com o medo e se adaptar?
Quando via algo diferente, que poderia ser um choque de cultura para mim, procurava enxergar isso como uma novidade, pensava: ‘Uau, que diferente! Isso é demais!’, Ao invés de sofrer com as divergências. Eu precisava focar no que realmente me traria coragem para enfrentar o desafio que estava prestes a viver. Passei a pensar positivamente, pois, naquela remota localidade, eu haveria de encontrar motivações para seguir minha vida. Tudo dependia de mim, da minha mente, da minha vontade de querer estar ali.

Do que mais você gostou?
Acho que o mais gostoso dessa região está na maneira simples com que as pessoas encaram a vida: poder colher frutas em árvores, andar de sandália rasteira o dia inteiro, nadar no rio negro, passear pela comunidade a pé, desfrutar das maravilhas da natureza, apreciar um pôr do sol e ouvir o som misterioso da selva. Também gostei de ver a cultura indígena enraizada na fala, no andar e no olhar das pessoas. E me surpreendi com a variedade cultural das etnias que integram a população indígena de São Gabriel da Cachoeira.

Como filha e esposa de militar, você morou em muitas cidades?
Desde pequena, mudo de cidade com frequência. Durante o período que acompanhei meu pai em suas transferências, morei em Recife, Rio de Janeiro, Osasco, Manaus, Fortaleza, São Paulo, Brasília, entre outras. Quando Guilherme e eu nos casamos, ainda em lua de mel, mudamos para Cucuí. No Amazonas, tive a oportunidade de conhecer as cidades de Manaus e São Gabriel da Cachoeira e, os distritos de Cucuí, Iauaretê e Maturacá.

Qual foi o maior desafio de viver na Amazônia?
A precariedade e a ausência de médicos no local eram os maiores desafios que enfrentávamos. Presenciei um parto de risco na noite de Natal e isso mexeu muito comigo. Descobri que estava grávida por acaso, em uma viagem a São Gabriel da Cachoeira. Foi quando senti na pele o que as moradoras locais passavam durante a gravidez: sem assistência médica, sem local para fazer ultrassom, sem acompanhamento mensal, etc. E meu e marido eu decidimos viajar para San Carlos, na Venezuela, a duas horas de Cucuí, onde tinha ecografia. Minha filha nasceu em Brasília, mas a gravidez foi uma verdadeira aventura.

Já voltou para visitar?
Apesar de não retornar mais ao Amazonas, fundei o grupo “Rompendo Mais Fronteiras”, com minha amiga Adriana Villas Bôas, que ajuda comunidades ribeirinhas.

SERVIÇO
Livro A Amazônia e Eu
Vendas: Biblioteca do exército
Contatos: (21) 2519-5732.

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