19 de abril de 2024

Aliança pela Restauração na Amazônia mapeará áreas para reflorestamento

O desmatamento na Amazônia em 2016 foi o maior registrado nos últimos oito anos. Entre agosto de 2015 a julho de 2016 foram desmatados 7.989 quilômetros quadrados, segundo dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). O número equivale a 128 campos de futebol do Maracanã por hora. Entre os responsáveis estão a derrubada da floresta para outros usos, como a pecuária, e a exploração ilegal de madeira.

Com o objetivo de reverter esse quadro e focada em qualificar e ampliar a escala da restauração florestal na Amazônia brasileira, foi lançada no dia 30 de janeiro a Aliança pela Restauração na Amazônia, com a participação de ONGs, academia, setores produtivos, representantes do governo e também da sociedade civil.

Entre as propostas da Aliança estão a de mapear e visibilizar oportunidades para a restauração na Amazônia e encurtar o caminho entre financiadores e produtores rurais que necessitam ajustar passivos ambientais.

Encabeçada pela Conservação Internacional-Brasil, a estimativa é que haja pelo menos 5 milhões de hectares de áreas na Amazônia brasileira que devem ser restauradas e será realizado um diagnóstico para indicar onde estão esses locais, quais os desafios e condições que oferecem para a restauração.

São membros fundadores da Aliança: Conservação Internacional (CI-Brasil), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), Instituto Socioambiental (ISA), World Resources Institute (WRI), Embrapa, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), Amazônia Live/Rock in Rio, AMATA e Grupo AFB – Agropecuária Fazenda Brasil.

O blog Eu na Floresta entrevistou por email Rodrigo Medeiros, vice-Presidente do Programa Brasil da Conservação Internacional, para saber um pouco mais sobre como irá funcionar a Aliança, quais os próximos passos e como associar-se.

1) Como e quando surgiu a ideia de formar a Aliança pela Restauração na Amazônia?

A ideia de criar uma Aliança pela Restauração na Amazônia surgiu do reconhecimento de que, se de fato queremos dar uma resposta consistente e definitiva para o desafio de parar o desmatamento na Amazônia e recuperar as áreas que foram destruídas por meio do desmatamento ilegal, precisamos mudar a forma de trabalhar. Dada a escala e o tamanho do problema precisamos migrar do modelo atual, que é caracterizado por projetos de restauração isolados, caros e em pequena escala, para uma ação coordenada entre diferentes organizações e setores para ampliar a escala, desenvolver e testar novas técnicas e reduzir custos.

2) Na prática, quais serão as ações desenvolvidas pela Aliança?

Estamos definitivamente propondo abandonar o modelo de pequenos projetos desarticulados por uma plataforma colaborativa que visa aumentar a escala da restauração com custos menores. O governo federal editou o decreto Nº 8.972, de 23 de janeiro de 2017, criando a Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, que estabelece como meta a regularização de no mínimo 12 milhões de hectares até 2030 em todo o país. Isso somado aos 12 milhões de hectares também comprometidos pelo país no Acordo de Paris cria uma meta bastante ambiciosa e muito necessária, e que a Aliança deverá contribuir significativamente.

3) O nome da iniciativa remete à Aliança dos Povos da Floresta, movimento criado pelo Chico Mendes para unificar as principais bandeiras dos movimentos sociais (principalmente indígenas e seringueiros) em prol do desenvolvimento sustentável da Amazônia. Existe alguma conexão entre as duas alianças?

Diretamente não, mas o trabalho e legado deixado pelas ações do Chico Mendes e de todos aqueles que se envolveram com a Aliança dos Povos da Floresta sem dúvida servem de exemplo e inspiração para todos nós. Mas poderia dizer que uma coisa em comum une ambos os movimentos: o desejo de criar um ambiente de colaboração e parceria para proteger uma das maiores riquezas do nosso planeta que é a Amazônia.
4) Há alguma meta a ser alcançada? Ou algum estado prioritário? Se sim, como aconteceram essas definições?

Estimamos que haja pelo menos 5 milhões de hectares de áreas na Amazônia que precisem ser restauradas e o que vamos realizar agora é um estudo para definir esse número de maneira mais precisa, indicando onde estão essas áreas, quais desafios, oportunidades e condições elas oferecem para restauração, mas também os projetos de restauração já em andamento na região com poder de amplificação e replicação por toda a Amazônia.  Isso irá nos permitir criar uma estratégia integrada e arrojada de atuação compatível com o desafio que temos pela frente.

5) Após o lançamento da Aliança, quais os próximos passos?

Além da Aliança pela Restauração na Amazônia, pretendemos lançar nos próximos meses os resultados do estudo acima mencionado sobre as áreas com melhores oportunidades e necessidades para restauração na Amazônia. Vamos também criar uma plataforma online para dar visibilidade e transparência aos projetos de restauração em andamento na Amazônia. Atividades de comunicação também serão nosso foco e para isso temos como membro da Aliança o Rock in Rio.

O maior festival de música do mundo, através do projeto Amazonia Live, além de estar nos ajudando a restaurar áreas na Amazônia irá nos ajudar a espalhar para todo o mundo a mensagem de que é necessário e possível cumprir não apenas os acordos e metas estabelecidos para restauração, mas também saldar essa enorme dívida com a sociedade global de recuperar aquelas áreas que foram destruídas no passado.

6) O que é preciso para ser um membro ou associar-se? Quais as implicações e como funciona a participação de cada um?

A associação na Aliança é totalmente voluntária e várias organizações estão aderindo. A proteção da Amazônia para o benefício de todas as pessoas e de sua biodiversidade não é tarefa apenas do governo, mas sim uma responsabilidade de todos nós. O governo tem seu papel em garantir que as políticas sejam criadas, que as instituições tenham capacidade de funcionamento e os recursos necessários de fato sejam garantidos no orçamento. A sociedade civil e o setor privado também têm importante papel não apenas cobrando do governo de forma passiva, mas também trabalhando em parceria com ele oferendo apoio e ajudando a criar melhores condições financeiras e técnicas. Esse é o espírito da Aliança pela Restauração na Amazônia: criar essa grande corrente de cooperação para algo que é muito importante não apenas para os brasileiros, mas para todo o mundo.

Para tornar-se um membro ou associar-se, é preciso enviar um e-mail para [email protected].

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