Povo e paisagem do interior da Amazônia são retratados em mostra

Entre caminhos de terras e rios pelo interior da Amazônia, o fotógrafo paraense Rafael Araújo passou a considerar um outro aspecto em sua maneira de fotografar a região. Quanto mais próximo ficava das pessoas e do ambiente em que vivem, de imponente simplicidade, tão mais clareza do seu ofício ele ia tendo: fazer imagens como alguém que também integra esta paisagem. Após seis anos de trabalho, ele selecionou algumas imagens para a mostra “Nascido e Criado”, com curadoria de Emanuel Franco, e que abre nesta quinta-feira (16), às 19h, na Casa das Onze Janelas, em Belém. A entrada é gratuita.

Fotógrafo percorreu o interior da Amazônia e retratou suas paisagens (Foto: Divulgação/Rafael Araújo)

“Não queria voltar o olhar para aquela questão do exótico, do intocável, distante das cidades, enfim, nem fazer imagens que tivesse como narrativa apenas a questão do território, do espaço, mas também daquilo do que as pessoas sentem, como elas vivem, a questão da diversidade cultural, dos hábitos e costumes típicos de cada lugar, que mesmo sendo todo mundo Amazônia, tem características diferentes de acordo com o local do estado”, comenta o fotógrafo, sobre a sua primeira exposição individual.

Seu percurso autoral é voltado para documentação desse cotidiano de sonhos de gente e tradições da cultura amazônica, sem deixar de lado os impactos sofridos por elas em virtude dos efeitos da realização projetos de caráter desenvolvimentista. A maior parte das imagens da exposição foram realizadas durante trabalhos realizados dentro de unidades de conservação – espaços criados por lei para a preservação dos habitats e ecossistemas e manutenção do patrimônio biológico -; junto aos diversos povos tradicionais da região amazônica, como ribeirinhos, quilombolas, extrativistas e indígenas; em projetos de desenvolvimento agroindustrial; dentre outros.

“‘Nascido e criado” é uma expressão utilizada quando se quer dizer que uma pessoa nasceu e cresceu em um lugar e tem características típicas de alguém que vive lá. “Por isso escolhemos esse nome, para apresentar esse recorte da amazoneidade na sua essência, o imaginário do homem amazônico e sua relação com o lugar, natureza e a cultura. A ideia também é que projeto faça um paralelo entre as obras selecionadas e a minha própria vida do fotógrafo, com sua formação pessoal e profissional na Amazônia.  A proposta vem sendo construída durante os últimos seis anos, período em que tive intensas experiências no interior”, diz.

O curador Emanuel Franco destaca que o próprio Rafael Araújo fez questão de que a sua origem fosse algo determinante na mostra. “Ele me ofereceu muitas imagens, desde o início até as atuais e comecei a tentar selecionar com base no nativo, de você perceber essência da nossa visualidade, do habitat natural amazônico. Isso se tornou uma coisa emblemática na carreira dele, ficar aqui e contribuir com essa permanência para a cultura, estabelecer identidades com base nesse lugar. Fui me respaldando no nosso caboclo, na natureza das matas, esse universo nosso bem peculiar. A exposição foi toda pautada nisso”, comenta o curador.

Serviço
Exposição “Nascido e Criado”, de Rafael Araújo
Abertura: 16/03
Hora: 19h
Local: Casa das 11 janelas | Sala Gratuliano Bibas (Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha)
Visitação: 16/03 a 21/04, de terça a sexta-feira, das 10h às 16h. Sábado, domingo e feriados: 9h às 13h.

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