22 de abril de 2024

Entrevista da semana: “Política e futebol se discute, sim!”

Quem acha que política e futebol não se discute ainda não bateu um papo com José Bestene. Ícone da política acreana, o apaixonado torcedor do Santos foi o entrevistado da semana pelo jornalista Jairo Carioca. Formado em Ciências Sociais, com especialização em administração pública, Bestene revelou a existência do “recanto da minha casa” onde se politiza o futebol e futeboliza as eleições. Na pauta, é claro, está o tabuleiro de 2018, candidatura ao governo, senado e chapas proporcionais.

É sobre isso que Bestene fala. Sem revelar de jeito nenhum sua idade – nunca pergunte isso a ele – o progressista também contou um pouco sobre a sua história de vida como gerente de banco em Cruzeiro do Sul, Rio Branco e São Paulo, auditor do Banacre em Rondônia, secretário de finanças de Jorge Kalume e ainda, os quatro mandatos como deputado estadual, um deles, dedicado à presidência da Assembleia Legislativa do Acre.

“A minha presidência foi em uma época muito tumultuada, tocaram fogo no prédio da Aleac, mataram o governador Edmundo Pinto, montou-se uma CPI para investigar as obras do Canal da Maternidade, foi um período muito difícil para a História do Acre”, disse.

Da experiência como secretário de Saúde na gestão do ex-governador Orleir Cameli, ele fala da restauração do antigo Pronto Socorro e da compra de medicamentos da Holanda que, segundo Bestene, acabou com uma demanda reprimida na época. “O Barco Hospital foi o mote da gestão de Orleir Cameli no apoio à população ribeirinha”, disse.

Bestene também foi diretor do Departamento Estadual de Água e Saneamento Básico, o DEAS, outra função que ele disse se orgulhar muito pelo que fez. Casado, pai de três filhos e avô de quatro netos, o experiente político, mesmo fora do mandato, acredita na possibilidade de mudanças em 2018.

Na sede do Partido Progressista (PP), onde foi concedida a entrevista, é grande a movimentação de pré-candidatos, correligionários, políticos e filiados. “É aqui onde passo grande parte do meu tempo, dialogando e, na maioria das vezes, orientando nossa militância e amigos”, narrou Bestene.

De fato, Bestene tem dedicado grande parte do seu tempo na condução do partido em todo o Estado. Empresta sua experiência política em um Conselho formado pelas siglas de oposição, de onde afirma que haverá bons ventos, assim que as águas de março fecharem o verão.

“A oposição está montando uma agenda muito positiva para os meses de abril e maio, de muito diálogo com a sociedade e os segmentos sociais. A ideia é construímos juntos alternativas econômicas para o Acre. A vinda do ministro Blairo Maggi foi a abertura desse novo momento”, acrescentou.

Veja na íntegra a entrevista concedida ao jornalista Jairo Carioca:

Jairo Carioca – O que mais lhe dar prazer, torcer pelo Santos ou fazer política?

José Bestene – Carioca, as duas coisas são prazerosas. Minha paixão pelo Santos vem desde criança, a admiração pelo Pelé, enfim, depois consegui fazer meu filho um torcedor ainda mais fanático que eu. A política está no sangue, meu irmão Felix Bestene era o nome, ele faleceu e eu decidi me candidatar. Hoje nós temos um cantinho aqui “recanto da minha casa” onde se politiza o futebol e futeboliza as eleições (sorriu).

Jairo Carioca – Você dirige o Partido Progressista, que é o partido do senador Gladson Cameli, potencial pré-candidato ao governo nas eleições do ano que vem. Percebe-se que o nome dele é consenso, mas para as duas vagas ao Senado é diferente. Como você observa essa disputa?

José Bestene – De forma muito natural. Este é o momento de os partidos lançarem seus nomes, apresentarem suas lideranças. Até o meio do ano vamos identificar quem tem chances reais de ser candidato majoritário. O acordo entre os partidos de oposição é que os três melhores nomes serão os candidatos ao governador e as duas vagas ao Senado.

Jairo Carioca – Você acredita que é possível manter esse pacto até a convenção ano que vem?

José Bestene – Muita coisa mudou a partir do café da manhã promovido pelo Senador Gladson Cameli com as principais lideranças de oposição. Hoje temos um Conselho formado pelas representações partidárias, uma deliberação que surgiu desse encontro. E muita coisa tem sido dialogada e planejada. A partir de abril e maio vamos fazer uma agenda positiva em todo o Estado, com todas as lideranças juntas. Creio que esse seja o melhor caminho para todos. Dialogar com a sociedade, buscar ideias para formulação do plano de governo.

Jairo Carioca – O deputado Lourival Marques afirmou na Assembleia que a vinda do ministro Blairo Maggi foi apenas para apresentar o senador Gladson Cameli como um resolvedor de problemas no futuro, o que você acha disso?

José Bestene – O Blairro Maggi e o senador Gladson Cameli têm uma amizade que vai muito além da política. Tecnicamente o partido progressista tem buscando se municiar. Desenvolvemos uma pesquisa econômica e social para ver a realidade dos 22 municípios, estamos com uma pesquisa em campo quantitativa e qualitativa em uma primeira análise do cenário político. A vinda do ministro faz parte do trabalho que o senador Gladson Cameli vem desenvolvendo no Senado. Alguns projetos estruturantes estão em pleno andamento, como a ponte sobre o Rio Madeira, o Anel Viário entre Epitaciolândia e Brasileia, a restauração da BR-364 e o projeto de reconstrução. É hora de pensar em alternativas econômicas para o Estado. E o ministro Blairo Maggi é um cara de atitude, sua agenda pelo país visa unicamente ouvir o setor produtivo e colocar cada região no trilho do desenvolvimento.

Jairo Carioca – O governo do Acre jura que temos uma economia referência para a Europa, inclusive que transformou a vida de pequenos produtores. Você concorda?

José Bestene – O Acre não tem uma economia forte. A florestania não deu os resultados esperados. Quem mais defendeu esse projeto nem vive mais no Acre. Quem disse que seríamos o melhor lugar para se viver na Amazônia mora em Brasília. O atual governo, que mudou de paradigma, assiste as indústrias fecharem. Apostas como a do Peixe estão enfrentando dificuldades. A visão do senador Gladson Cameli é de agronegócio. O projeto é abrir o Estado para o desenvolvimento. Ele pensa em um Acre do futuro.

Jairo Carioca – O senhor foi presidente da Assembleia Legislativa do Acre em um momento conturbado da história. Com a experiência adquirida nos quatro mandatos de deputado estadual, até que ponto o legislativo contribui para esse crescimento como rabo de cavalo do Estado do Acre e tudo que se observa hoje a nível nacional?

José Bestene – É preciso mudar essa relação de total subserviência entre os poderes Executivo e Legislativo. Hoje, em termos de Acre, a interferência do Palácio Rio Branco no andamento dos trabalhos da Assembleia é muito forte. A sociedade tem demonstrado insatisfação com esse modelo que acabou contribuindo para quebrar o Brasil, os Estados e os municípios. Tem que ter harmonia, mas a independência é fundamental. Naquela época, em que fui deputado, tínhamos essa independência, trabalhamos sempre a favor da Constituição. O Parlamento elege para trabalhar os grandes projetos de desenvolvimento do Estado.

Jairo Carioca – E o partido progressista, como se apresenta em toda essa história?

José Bestene – Nós temos uma história muito tradicional com o Estado. Foi o partido que consolidou o Ensino Superior no Acre por meio do ex-governador Jorge Kalume, que implantou a Universidade Federal do Acre, depois o ex-governador Wanderley Dantas, que interligou o Primeiro e o Segundo Distrito, e o Orleir Cameli que integrou a Capital aos demais municípios através da pavimentação. As filiações se intensificaram e a partir da liderança do senador Gladson Cameli a sigla está em franco crescimento.

Jairo Carioca – E como você observa as denúncias envolvendo o PP na Operação Lava Jato?

José Bestene – Por enquanto as denúncias que foram formalizadas, na prática, ainda não atingiram o Partido Progressista. É preciso muita cautela antes de fazer qualquer julgamento. O caso do governador Tião Viana é um exemplo. Depois de ter um processo arquivado, mais uma vez ele e o irmão foram citados pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot. O partido é a favor das investigações, tem colaborado com a Justiça e tem lideranças longe desse lamaçal, como a própria senadora Ana Amélia, o nosso senador Gladson Cameli, ministros e deputados federais. A vida orgânica do PP está muito acima dessa corrupção.

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