“O fato é que não sabemos mais em quem confiar”, diz especialista o sobre escândalo da carne brasileira

Alexandre Carneiro da Silva,  de 35 anos, Maranhense, Doutor em Agronomia pelo Programa de Pós-Graduação em Agricultura da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu (SP), recém chegado ao Acre, será o novo colaborador do portal ContilNet Notícias.

Por meio da orientação do professor Alexandre Carneiro, inicia-se aqui com o artigo do professor Romel Pinheiro, da Universidade Estadual do Maranhão, especialista em Desenvolvimento Rural, Agricultura familiar e Estratégias de Acesso a Mercado, Gestão de Recursos Naturais, e Agronegócios, uma proposta de conversa contínua com a população do Estado do Acre para dialogar sobre desenvolvimento sustentável e inclusão social dos agricultores no cenário político e econômico, por meio da produção agropecuária.

O escândalo da carne brasileira: uma questão de confiança

Romel Pinheiro

Na sexta-feira, 17/03, a Polícia Federal revelou um esquema de fraude e propina envolvendo fiscais do Ministério da Agriculturas e frigoríficos no Brasil. A operação “Carne Fraca” foi amplamente noticiada pela imprensa nacional e internacional e provocou constrangimento no governo brasileiro. O problema é tão sério, que o próprio presidente Michel Temer se envolveu diretamente no assunto, buscando minimizar os danos que essa notícia pode provocar na economia, especialmente no comércio internacional. Contudo, retirando todo o sensacionalismo associado à essa notícia, o que está em jogo é a questão da confiança sanitária dos produtos de origem animal que consumimos.

Em geral, as pessoas são muito mais cuidadosas no consumo de produtos de origem animal. Temos aprendido, desde cedo, o risco de produtos de origem animal inapropriados para o consumo podem provocar a nossa saúde. Assim, temos aprendido a verificar se estes produtos foram objetos de inspeção sanitária, inclusive identificando o Selo de Identificação Federal – SIF.

Nesse sentido, temos aprendido a adquirir estes produtos em açougues e supermercados, que em geral, são submetidos a inspeção sanitária. E finalmente, temos dado preferência a marcas de produtos, que entre outras coisas, representam credibilidade, especialmente desde o ponto de vista sanitário. As notícias divulgadas neste fim de semana, associadas à operação Carne Fraca, põe em xeque tudo isso que aprendemos.

Não se trata de empresas e marcas de produtos desconhecidos, e que somente consumidores negligentes com a questão sanitária consumiriam. Trata-se das marcas mais conhecidas do Brasil, e que neste momento estão em freezers e dispensas de nossas residências. Estes produtos são consumidos diariamente em nossas refeições. Se considerarmos as marcas que foram divulgadas na imprensa associadas a operação “Carne Fraca”, a maioria de nós teria muita dificuldade de encontrar produtos de origem animal alternativos para as refeições.

O pior de tudo é perceber que o governo brasileiro está mais preocupado em minimizar o constrangimento. Entre as primeiras medida adotadas até o momento foram: reunir os representantes comerciais de países estrangeiros para explicar que se trata de um problema pontual, e noticiar que houve um certo exagero na denúncia da Polícia Federal.

O fato é que não sabemos mais em quem confiar, pois as notícias põe em descrédito empresas/marcas e quem as fiscaliza. Resta a nós, consumidores, confiar na Polícia Federal, ou talvez no “magarefe” da esquina.

Romel Pinheiro
Professor de Administração da UEMA

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“O fato é que não sabemos mais em quem confiar”, diz especialista o sobre escândalo da carne brasileira