O juiz federal Marcos Josegrei, responsável pela operação Carne Fraca, revogou, nesta sexta-feira (7), a liberdade provisória que havia concedido para um fiscal do Ministério da Agricultura (Mapa) na quinta-feira (6).
Conforme a decisão do Justiça Federal, a liberdade provisória foi concedida à Gercio Luiz Bonesi mediante o pagamento de fiança de R$ 30 mil. No despacho, o magistrado ainda determinou algumas imposições durante o período que ele estivesse solto, como ficar afastado das funções, não sair do país, não se ausentar da residência por mais de 15 dias, e comparecer a todos os atos do processo. Para o juiz, não havia elementos que comprovassem que a conduta ilegal do fiscal era reiterada.
O juiz federal Marcos Josegrei, responsável pela operação Carne Fraca. Foto: Reprodução
Após essa decisão, a defesa do agente público pediu à Justiça que a fiança pudesse ser paga com recursos apreendidos na casa dele, no cumprimento de um mandado de busca no dia da operação. Foram apreendidos R$ 31 mil em espécie na casa do fiscal. O juiz abriu o caso para manifestação da Polícia Federal e Ministério Público Federal.
Os investigadores foram contra a liberdade de Bonesi, e apresentaram documentos mostrando que o dinheiro mencionado foi apreendido dentro de envelopes, cada um com R$ 4 mil ou R$ 5 mil. Os envelopes ainda possuíam inscrições com nomes de frigoríficos, sobre os quais haviam indícios de atuação ilegal do fiscal do Ministério da Agricultura.
O juiz federal então detalhou que com o acréscimo dessas informações havia indícios da continuidade do delito, e, portanto, razões para a manutenção da prisão preventiva.
Como o fiscal não havia pago a fiança, ele nem chegou a ser solto.
O G1 tenta contato com a defesa de Gercio Luiz Bonesi.
Carne Fraca
Considerada a maior operação da Polícia Federal, quando se fala em números, a Carne Fraca soma 309 mandados, sendo 37 de prisão. Do total, 36 suspeitos foram presos e apenas um continua foragido. Veja quem são todos os alvos.
A PF aponta um esquema de fraude na produção e comercialização de carne. Além de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e produtores, a investigação encontrou indícios de adulteração de produtos e venda de carne vencida e estragada. Das 21 fábricas investigadas, 18 ficam no Paraná.
Há ainda a suspeita de que partidos políticos tenham sido beneficiados com o pagamento de propina.
Conforme dados da Polícia Federal, Gercio Luiz Bonesi, fiscal do Ministério da Agricultura em Londrina, é acusado de intermediar exportação de miúdos de frango para a China por uma empresa investigada. Atuou, ainda segundo a PF, para favorecer o frigorífico em uma liberação de abate de cavalos.
