19 de abril de 2024

Temer é o presidente que mais destinou verbas para Saúde do Estado do Acre

As declarações do secretário nacional do Ministério da Saúde (MS), Rogério Abdala, quando este cumpriu uma extensa agenda no Estado, foram verdadeiras, o presidente Michel Temer foi quem mais enviou recursos para a Saúde do estado do Acre. Em 2017 já foram R$ 101,8 milhões repassados, em 2016, o Acre recebeu o maior volume de dinheiro, um total de R$ 362 milhões, R$ 29 milhões a mais do que em 2015, quando a ex-presidente Dilma Rousseff tinha o poder da caneta nas mãos.

A visita do secretário do Ministério da Saúde ao Acre ficou marcada pela frase que ele repetiu durante os eventos em que participou, um deles, com a maioria dos prefeitos da Associação dos Municípios do Acre (AMAC) em que afirmou, na presença do secretário de estado da Saúde, Gemil Júnior, com relação à Saúde do Acre: “Tem dinheiro, falta gestão”.

Somente para Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar foram repassados em 2016 um total de R$ 207,4 milhões para o governo do Estado. Para a atenção básica foram mais de R$ 100 milhões transferidos. Para investimentos, o MS disponibilizou em 2016, mais de R$ 24 milhões. Os dados estão no portal do Fundo Nacional de Saúde. O maior repasse já registrado pela então presidente Dilma foi em 2013, na primeira gestão do atual governador Tião Viana, quando o governo federal transferiu cerca de R$ 288,7 milhões de fundo a fundo.

O secretário de saúde do estado, Gemil Júnior, alegou no mesmo evento, questões burocráticas para tocar os recursos enviados pelo governo federal. O secretário de saúde do Acre, Gemil Junior, disse que o estado esbarra em questões burocráticas quando tenta aplicar os recursos e citou como exemplo a construção da UPA em Cruzeiro do Sul, cuja obra, segundo o secretário parou porque a empresa contratada desistiu de concluir a obra.

Segundo o Ministério, os recursos federais são transferidos do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos de Saúde dos estados, Distrito Federal e municípios, conforme a Programação Pactuada e Integrada, publicada em ato normativo específico.

Rio Branco e Cruzeiro do Sul tiveram aumentos reais na aplicação de recursos para saúde

Rio Branco, onde mora mais da metade da população de todo o Estado, também recebeu mais recursos do Governo Federal para a atenção básica – de responsabilidade dos municípios – com recursos repassados fundo a fundo.

Segundo dados do MS, foram mais de R$ 28 milhões investidos em atenção básica. Na soma de todos os recursos e convênios com o governo federal, o prefeito Marcus Alexandre recebeu um total de R$ 40 milhões em 2016. O montante é maior do que o que foi pago pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2015, quando a capital recebeu R$ 35,7 milhões de repasses federais.

A segunda maior cidade do estado, Cruzeiro do Sul, também foi beneficiada com aumento considerável de recursos repassados pelo governo federal para a área da saúde entre os anos de 2015 e 2016. Foram acrescidos mais de R$ 7 milhões. Somente para a atenção básica foi injetado R$ 14,7 milhões pelo governo federal. A soma total dos recursos recebidos pelo ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales, em 2016, foi de R$ 21,4 milhões.

Estudo aponta que os problemas na saúde do estado estão ligados à falta de qualificação do gestor que dirige o sistema

Um estudo que a reportagem teve acesso exclusivo demonstra os desafios contemporâneos da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre). Os autores apontam que os problemas de governabilidade incluem a falta de qualificação adequada do gestor para exercer a função de dirigente do sistema, orientada por métodos modernos de direção.

Ainda de acordo o documento, a direção e a tomada de decisão da saúde do Acre são centralizadas, a execução do Plano de saúde assume uma posição terciária em função das demandas urgentes que não foram vislumbradas e nem processadas técnica e politicamente.

O documento segue avaliando que esses desafios sobrecarregam a gestão pelo acúmulo de problemas não enfrentados ao longo das décadas, e que dificultaram a implementação de uma gestão estratégica mais eficiente, diz o estudo.

Obras seguem inacabadas, algumas de 2009

A série de reportagem que a ContilNet começa a apresentar vai mostrar que não precisa ir muito longe para detectar a falta de gestão no setor. Na zona central da cidade, o governo do Estado luta quase uma década para entregar a obra de verticalização do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco.

Iniciada em 2009, na gestão do ex-governador Binho Marques (PT), o investimento avaliado em R$ 27 milhões, mesmo recebendo a visita do ex-ministro da Saúde no Governo de Dilma Rousseff, Marcelo Castro, em novembro de 2015, nunca foi inaugurado. O problema se arrasta por quase 8 anos.

Obra no HUERB segue inacabada /Foto: Reprodução

A vontade política do ex-governador Binho Marques era entregar a verticalização como um presente pelos 60 anos de história do centro médico estadual. O sonho do então governador era ver o maior hospital da cidade totalmente reformado e pronto para bem receber a população acreana. Parece que tudo não saiu do papel, assim como o Acre não se transformou – como no slogan do governo Binho – no melhor Estado para se viver na Amazônia.

O atual governador, Tião Viana – que é médico – caminha para o terceiro ano de sua reeleição sem realizar esse sonho do governo petista e, com certeza, dos milhares de usuários do SUS que precisam da saúde pública. A obra continua inacabada.

Problemas continuam aparecendo em toda parte, até na cozinha do Huerb, como denunciou recentemente, a deputada estadual Eliane Sinhasique (PMDB). Chocada com a insalubridade da cozinha do Pronto Socorro de Rio Branco, a parlamentar protocolou no último dia 16 de março, no Ministério Público do Estado, representação pedindo apuração dos fatos e aplicação das medidas cabíveis aos responsáveis pelo descaso.

Na representação, Sinhasique relatou que encontrou na cozinha desde lixeira em cima do balcão (onde são manuseados os alimentos) à caixas de esgoto abertas. “A cozinha estava uma verdadeira imundície, sem a menor condição de preparar alimentos para quem quer que seja, ainda mais para pessoas doentes”.

Somente no dia 4 de abril, após acalorados debates na Assembleia, o governo do estado iniciou a reforma da cozinha do Huerb. O mesmo não acontece com outras obras que, a exemplo da verticalização do Pronto Socorro, continuam inacabadas.

Em Cruzeiro do Sul, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) é outra obra inacabada que se arrasta desde 2011. Na região do Alto Acre, as obras do Hospital Geral de Brasileia caminham a passos lentos. A erosão próxima às instalações do atual hospital avança e ameaça quem mais precisa de saúde pública.

Esses e outros gargalos da gestão de saúde do Acre serão abordados nas próximas reportagens.

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