18 de abril de 2024

Luta Antimanicomial no Acre: desafios, possibilidades e restauração de vidas

O dia 18 de maio marca uma mudança emblemática nos serviços oferecidos aos portadores de transtorno mental em todo o Brasil. A data, que tem como principal objetivo a Luta Antimanicomial e a garantia de direitos às pessoas com disfunções psicológicas/mentais, foi consagrada a partir do Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, ocorrido em 1987, na cidade de Bauru, no Estado de São Paulo, que reuniu mais de 350 trabalhadores da área para discutir as novas possibilidades de ajuda.

Há alguns anos, os pacientes de alguns hospitais psiquiátricos, ditos “manicômios”, eram submetidos a tratamentos sub-humanos e violentos durante a residência nos locais, além da medicalização e aplicação de testes primitivos, que prejudicavam aspectos ainda preservados dos usuários.

Tratamento violento e agressivo é política ultrapassada nos ‘manicômios’ /Foto: Reprodução

A necessidade de intervir nessa configuração de atendimento foi tão intensa, que profissionais da área se mobilizaram e conseguiram acabar gradualmente com o processo de hospitalização e isolamento social, pois acreditavam que tais mecanismos não ajudavam na recuperação dos doentes, mas potencializavam o sofrimento.

Como processo decorrente deste movimento, a Reforma Psiquiátrica foi definida pela Lei 10.216, de 2001 (Lei Paulo Delgado), como diretriz de reformulação do modelo de Atenção à Saúde Mental, transferindo o foco do tratamento que se concentrava na instituição hospitalar, para uma Rede de Atenção Psicossocial, estruturada em unidades de serviços comunitários e abertos.

A intenção dos defensores também é de descaracterizar a visão distorcida e estereotipada com relação aos indivíduos com prejuízos mentais

A intenção dos defensores também é de descaracterizar a visão distorcida e estereotipada das pessoas com relação aos indivíduos com prejuízos mentais.

No Acre, sobretudo, com a chegada de psicólogos, psiquiatras e outros especialistas do campo, há poucos anos, alguns serviços de atendimento a essa público foi se aprimorando e alcançando um desenvolvimento considerável.

Um olhar humanizado

Psicólogo Clínico, docente e especialista na área de saúde mental, Kleber Frota Botelho

Para o Psicólogo Clínico, docente e especialista na área de saúde mental, Kleber Frota Botelho, já existe uma legislação que prevê um atendimento humanizado aos portadores de transtorno mental, muito embora, ainda se tenha que trabalhar na aplicação desse embasamento e no olhar do público leigo a essas diferenças, que não tornam ninguém “menos humano”.

“A reforma psiquiátrica traduz um salto no entendimento do que verdadeiramente é saúde mental e as implicações técnicas eficazes nesse processo. Ao mesmo tempo que se reivindica melhorias, comemora-se o avanço da inclusão, a gradativa mudança do paradigma hospitalocêntrico para a liberdade. Ainda estamos crescendo, mas conquistamos muitas coisas e isso deve ser considerado”, disse.

Ao falar dos manifestantes que se engajaram na luta, Frota fala que o Acre tem um número satisfatório de militantes, que valorizam a causa.

“Evoluímos muito nessa proposta, porque juntos estamos lutando por quem merece atenção e cuidado. Saúde mental é um tema de interesse social e deve ser tratado como objetivo na Saúde pública em geral”, explicou.

Arte de Ser

Em Rio Branco, os Centros de Atenção/Apoio Psicossocial (Caps) e o Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac) fornecem atendimento gratuito a comunidade em geral.

Além dessas instituições, o projeto ‘Arte de Ser’, que cresce em Rio Branco desde o ano de 2008, segue no intuito de reabilitar pessoas com transtornos mentais por meio de atividades físicas, recursos pedagógicos e arte terapia. O centro também possibilita treinamento para técnicos e especialistas da área.

O movimento ganhou vida a partir da sua instalação no Parque Capitão Ciríaco, no Segundo Distrito da capital. Todos os recursos oferecidos são sem custos.

O projeto ‘Arte de Ser’ segue no intuito de reabilitar pessoas com transtornos mentais por meio de atividades físicas /Foto: Reprodução

Para Kleber, que também participa e ajuda ativamente no Arte de Ser, a proposta é de uma beleza inexplicável, porque possibilita a recuperação sem métodos agressivos e perigosos. De acordo com ele, é possível reparar alguns danos com a postura empática, respeitosa e, também, com a arte, que “expressa a beleza da vida”.

“O Arte de Ser é um propósito diferente, de enxergar a vida através da arte e dar àqueles menos favorecidos, a oportunidade de descobrir possibilidades. Isso é absolutamente terapêutico”, concluiu.

Algumas atividades serão realizadas durante esta quinta-feira (18), em alusão ao dia de luta contra os manicômios.

Confira:

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