25 de abril de 2024

PIB positivo ainda não significa que a crise econômica acabou no Brasil, alertam especialistas

O Brasil voltou a registrar uma alta no Produto Interno Bruto (PIB) após 8 quedas consecutivas, o que tecnicamente tira o Brasil da pior recessão de sua história. Para boa parte dos economistas, entretanto, ainda é cedo para decretar que a crise acabou. Ainda não há sinais claros de recuperação em todos os setores e permanecem dúvidas sobre o comportamento da economia nos próximos meses, especialmente depois do terremoto político provocado pelas delações da JBS envolvendo o presidente Michel Temer.

O país entrou na chamada “recessão técnica” no 2º trimestre de 2015, quando acumulou dois trimestres seguidos de contração do PIB. Por esse critério, ao crescer 1% no 1º trimestre e deixar de registrar dois resultados negativos consecutivos, a economia brasileira saiu tecnicamente da recessão.

A continuidade da recuperação da economia brasileira ficou mais incerta após a crise política se agravar na segunda quinzena de maio. Até então, com a inflação e os juros em queda, e as reformas da Previdência e trabalhista caminhando no Congresso, a perspectiva era de que a economia ganharia tração no segundo semestre. Mas com a detonação da crise política, tudo ficou mais incerto.

“O país estava saindo da UTI e agora voltou de novo”, resume o economista-chefe da Austin Ratings, Alex Agostini. No entendimento do economista, o fim da recessão só poderá ser declarado quando o PIB no acumulado em 4 trimestres fica positivo na comparação com os 4 trimestres imediatamente anteriores. “Por essa metodologia, o país deverá entrar no terreno positivo no 3º trimestre”, projeta.

Risco de estagnação

Agostini não descarta, no entanto, tanto o risco de estagnação quanto o de continuidade da recessão. “Ainda estamos em um processo de recuperação das expectativas e isso ainda não foi traduzido em maior produção, investimento e consumo ao ponto de tirar o país da recessão”, afirma.

O professor do departamento de economia da PUC-SP, Claudemir Galvani, entende que a curva da economia já mudou, mas avalia que o caminho até a retomada ainda será bem longo e que, antes de voltar a crescer, o país ainda corre o risco de passar por um período de marasmo. “Quem está na ribanceira e, de repente, aplaina, é ótimo. Mas não muda o fato de que se está lá embaixo ainda”, afirma.

No último dia 22, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) colocou a nota do Brasil em observação para um possível rebaixamento, citando que “o enfraquecimento do presidente Temer, um longo ou conflitante processo de transição ou um presidente com um curto mandato e menor capacidade e disposição para avançar reformas, provavelmente atrasariam mais a recuperação econômica”.

Conceito de recessão

O conceito de recessão, entretanto, não é um consenso entre os economistas. Muitos deles entendem a recessão como algo mais amplo do que o resultado do PIB. Para eles, a recessão é caracterizada por uma retração expressiva e generalizada dos indicadores econômicos, resultando não só na queda do PIB, mas também no encolhimento da produção, consumo e investimentos. Ou seja, a saída efetiva da recessão depende de uma recuperação disseminada e consistente da maioria dos componentes da atividade econômica.

O IBGE não trabalha com o conceito de recessão em suas pesquisas. Pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), principal referência no país na área, a recessão começou no segundo trimestre de 2014 e completou 11 trimestres em dezembro de 2016, alcançando a mesma duração da crise do governo Collor (1989-1992). Veja gráfico abaixo

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