Eleições 2018: “Sem nenhuma estratégia política, lideranças do Iaco não conseguem descer do palanque”

A indignação em política é coisa boa. Vejamos o exemplo da população brasileira cada vez mais indignada com os sucessivos escândalos de corrupção e a crise que atingiu em cheio o Palácio do Planalto. Mas se esse sentimento não estiver revertido de um “basta” ou da vontade de promover mudanças, soa apenas como desolação, apatia, conformismo.

Ora, a atitude do casal Toinha e Zé Vieira, dois tucanos até ontem (20) considerados de bico duro, demonstra o que o sociólogo Sérgio Abranches considera como “apatia em vez de mobilização”. Suas indignações dentro do ninho tucano, não soaram como um grito de mudança, eles esboçaram a pior reação ao dizer que “não tem jeito”, “eu quero ir embora”.

Por trás desse encontro de Toinha e Zé Vieira com o governador Tião Viana está a crise que o PSDB atravessa a nível de Brasil e no Acre. Isso é fato. Mas ela também pode ser estendida à oposição, que segue sem nenhuma estratégia política em algumas regiões, como no Iaco, onde suas principais lideranças não conseguiram descer do palanque, esboçando reações até certo ponto animalescas e nada recomendáveis para um projeto político que visa o Palácio Rio Branco.

A suposta aquisição do casal do Iaco pela Frente Popular, mostra que Tião Viana não jogou a tolha. A estratégia é uma mina perigosa contra a oposição no terceiro maior colégio eleitoral do Estado. Diga-se de passagem, Sena Madureira é a ‘terra natal’ do deputado federal Major Rocha, que almeja uma vaga majoritária na disputa de 2018. Mas além de Rocha, a suposta adesão de Toinha e Zé Vieira ao governo do Acre tem como alvo o pré-candidato ao governo, Gladson Cameli (PP-AC).

Trabalhando com pesquisas debaixo do travesseiro, Tião tem conhecimento da onda que Cameli surfa no Iaco. Não foi à toa que Zé Vieira fez questão de frisar: “Não apoiamos o Gladson”.

Ao mesmo tempo em que nega Cameli, Vieira lança uma proposta que ridiculariza ainda mais o cenário, apoiar com um pé na Frente Popular, o Major Rocha e uma possível candidatura do vereador Jossandro (PSDB) à Assembleia Legislativa do Acre.

A engenharia proposta por Zé Vieira demonstra total incoerência com o jargão até aqui levado à cabo por Major Rocha: “a verdadeira oposição”.  Até as primeiras horas desta quarta-feira (21) a executiva do PSDB não se manifestou publicamente sobre os fatos.

Afinal, o pensamento de Zé Vieira é o que pensa o partido para as eleições do ano que vem? Aderindo a FPA, Zé Vieira e Toinha vão continuar filiados no ninho tucano?

O silêncio da executiva do PSDB pode agravar ainda mais essa crise que, embora seja da oposição no Iaco, é mais um problema interno do partido que ainda não resolveu uma de suas maiores cismas: as candidaturas de Rocha e Marcio Bittar.

Tendo anunciado recentemente aliança com o Democratas, de Tião Bocalom, esse capítulo de Toinha e Zé Vieira em cima do muro, aprofunda-se ainda mais. Afinal, Tião Bocalom – que deve estar se remoendo todo com o que assiste no PSDB – vai chancelar essa proposta de Zé Vieira? Alan Rick que acaba de descarregar sua mala no DEM o que diz sobre esse caso?

Voltando a se debruçar no que analisa o sociólogo Sérgio Abranches sobre indignação política, o que assistimos são grandes lideranças envolvidas em uma verdadeira “apatia”. Caminhando sozinhas pelo interior, elas têm sido incapazes de mobilizar.
Ou juntos buscam corrigir essa rota, ou vão assistir mais uma vez o trem passar e cada vez mais pessoas dizendo: “não tem jeito”.
Estamos diante de uma profunda crise de identidade e liderança.

PUBLICIDADE
logo-contil-1.png

Anuncie (Publicidade)

© 2023 ContilNet Notícias – Todos os direitos reservados. Desenvolvido e hospedado por TupaHost

Eleições 2018: “Sem nenhuma estratégia política, lideranças do Iaco não conseguem descer do palanque”