Grupo Arte e Música leva alegria às classes escolares nos hospitais

Não é preciso muito para tornar o dia de alguém mais feliz. Bastam um violão, um chocalho ou, quem sabe, uma peça de lego improvisada com algo que emita som, e o mais importante, alegria estampada no rosto para deixar a música rolar e arrancar sorrisos, tocar o coração, afagar a alma, levar esperança de dias melhores.

Compartilhar bons sentimentos faz parte da rotina do grupo Arte e Música, composto por professores que outrora compunham o quadro do ensino regular nas salas de aulas convencionais. Eles optaram por cumprir uma carga horária de trabalho diferente, no contato diário com crianças, jovens e adultos em situação de tratamento no Hospital Infantil, Hospital do Câncer, Hosmac e Casa de Acolhimento Souza Araújo.

Para crianças como Vitória Ferreira, 7 anos, internada no Hospital Infantil há quase sete meses, a visita faz toda a diferença na hora de encarar o fato de estar a mais de 600 quilômetros de sua casa, em Mâncio Lima.

A pequena Vitória ainda frequentava a creche quando desenvolveu um quadro de pneumonia e, em seguida, um acidente vascular cerebral (AVC). Como consequência, teve dificuldade para falar e ficou sem andar por dois meses.

Entre uma visita e outra, o grupo vivencia histórias como a de Vitória no dia a dia. A equipe integra o Núcleo de Apoio Pedagógico Dom Bosco e periodicamente vai até as classes hospitalares coordenadas pela gestão do Ensino Especial da Secretaria de Estado de Educação e Esporte (SEE).

E se é pra ver alguém feliz, a gente vira palhaço mesmo. Mas no momento, só a música já é suficiente para isso

Alegria muda o dia

Dentro do Hospital Infantil, o grupo já levou amor por meio de canções desde o que estava sob cuidados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ao que estava em alguma das enfermarias. As músicas já embalaram o sono de alguns dos pequeninos e já agitaram a brinquedoteca. Até aniversários com pacientes já foram comemorados.

E o que dizer do sorriso de uma criança ao sinalizar um “até logo”, visto pela vidraça da enfermaria, ou dos olhinhos brilhantes que parecem querer demonstrar gratidão? O integrante da equipe Aparecido Gonçalves, o Dinho, sabe: “é a grande recompensa”, diz.

Antes de se juntar ao grupo, por anos colocou um nariz de plástico vermelho para visitar hospitais. O voluntariado o fez conhecido como o palhaço Dinho. “E se é pra ver alguém feliz, a gente vira palhaço mesmo. Mas no momento, só a música já é suficiente para isso”, enfatiza.

Classes hospitalares – o que são?

Mediante lei federal que estabelece diretrizes para a educação especial no ensino básico, é assegurado que toda criança e adolescente tenha o direito de continuidade dos estudos mesmo hospitalizados.

No Acre, as classes hospitalares são gerenciadas pelo Centro de Atendimento Especializado Dom Bosco e contam com a parceria das secretarias de Estado de Saúde (Sesacre) e de Desenvolvimento Social (Seds) desde 1990.

O atual cenário dispõe de um quadro de profissionais que oferecem o suporte escolar a pacientes em condições de internação e aos que necessitam de atendimento domiciliar. Este último foi implantado no estado há cinco anos. Os professores recebem qualificações constantemente e atendem, em média, 240 alunos distribuídos nas quatro classes disponíveis em Rio Branco.

A coordenadora das classes hospitalares Alcinéia Abud frisa a importância desse trabalho. “Por reconhecermos a necessidade desse serviço, sabemos que é essencial fazer a escolha certa dos profissionais que se encaixem no perfil para lidar com essa modalidade do ensino. É um trabalho que envolve sentimento, dedicação e empatia, por isso, merece também reconhecimento”, afirma.
A lição de Vitória

A mãe de Vitória, Alderiza Silva Ferreira, conta que a pneumonia foi apenas o início da luta da filha. No hospital, foram descobertos problemas no coração e febre reumática.

É com a dedicação da mãe, a ajuda das professoras e da equipe médica , além do carinho recebido pelo grupo de arte e música, que aos poucos Vitória reaprende a falar, como se descobrisse mais uma vez o gosto pelas palavras.

Com um jeito peculiar de distribuir abraços, reconhecido entre os profissionais da unidade, Vitória se faz a concretização da frase entoada repetidamente nas músicas que o grupo gosta de cantar: “que o amor quanto mais se dá, mais parece se multiplicar”.

No momento, ela aguarda para ir até Rio Grande do Sul, onde fará um procedimento de introdução de válvula no coração. E o por que de passar por momentos difíceis e mesmo assim lutar pela vida e ser feliz? A mãe frisa, convicta: “Ela é tudo que o seu nome é: uma vitória”.
Série sobre o Núcleo de Educação e Tecnologia Assistiva

Toda criança tem o direito à educação pública, assegurado pelo artigo 205 da Constituição Federal e reafirmado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, mediante a Lei n° 02/2001. O referido artigo infere a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Também compete ao Estado o atendimento educacional especializado a portadores de deficiência, preferencialmente no ensino regular.

No Acre, os investimentos em políticas públicas educacionais têm sido no sentido de cumprir as leis e diminuir as fronteiras de educação de qualidade para todos. Como resultado de mais uma conquista para o ensino especial no estado, o governo está investindo quase 2,5 milhões na construção do Núcleo de Educação e Tecnologia Assistiva (Neta).

A série a seguir aborda parte do trabalho desenvolvido pela equipe que integra a educação especial em Rio Branco e do público beneficiado por esses investimentos.

Texto de Rayele Oliveira || Fotos de Angela Peres || Diagramação de Adaildo Neto

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