19 de abril de 2024

Brasileiros são os latinos mais propensos a se envolver na luta contra a corrupção

O Barômetro Global da Corrupção, da Transparência Internacional, a pesquisa de opinião mais importante no mundo sobre comportamentos relacionados à corrupção, apresentado globalmente nesta segunda-feira (9), às 9h no horário de Berlim (Alemanha), 4h no horário de Brasília, traz resultados que colocam a sociedade brasileira em posição destacada com relação aos outros países pesquisados.

O Barômetro é dividido por regiões e o relatório lançado hoje se refere à América Latina e Caribe, onde foram entrevistadas mais de 20 mil pessoas em 20 países da região. Além do lançamento global na sede da organização em Berlim, a pesquisa será apresentada e debatida em um evento em São Paulo, na manhã desta segunda-feira.

“A pesquisa que publicamos hoje reforça o entendimento de que o combate vigoroso que o Brasil está dando à corrupção não pode ser compreendido apenas pelo avanço institucional e a ação de setores do Ministério Público, Polícia e Judiciário, mas também pelo amplo respaldo da sociedade brasileira a esta causa – e os resultados da pesquisa revelam que o Brasil se destaca de todos os demais países da região neste aspecto”, afirma Bruno Brandão, representante no Brasil da Transparência Internacional.

Entre os dados divulgados pela Transparência Internacional, destaque para:

83% dos brasileiros entrevistados acreditam que pessoas comuns podem fazer a diferença na luta contra a corrupção. É a maior taxa da região (Costa Rica e Paraguai vêm em seguida, com 82%);
O brasileiro é um dos que mais acredita ser socialmente aceitável denunciar casos de corrupção (Costa Rica 75%, Brasil 74%, Guatemala e Uruguai 71%) e 81% dos entrevistados no país responderam que, se testemunhassem um ato de corrupção, se sentiriam pessoalmente obrigados a denunciá-la – esta taxa só é maior no Uruguai (83%) e na Costa Rica (82%);
Na mesma linha, uma quantidade expressiva dos entrevistados no Brasil respondeu que denunciaria um ato de corrupção mesmo se tivesse que passar um dia inteiro em um Tribunal (Brasil 71%; Uruguai 70% e Costa Rica 66%);
No que diz respeito às experiências com pagamentos de propina para ter acesso a serviços públicos, os brasileiros tiveram a menor taxa na região, com exceção dos residentes de Trinidad e Tobago: apenas 11% dos entrevistados no Brasil disseram ter pagado propina para acessar serviços de saúde, educação, saneamento, polícia, justiça ou emissão de documentos (contra 6% dos residentes em Trinidad e Tobago). Na outra ponta, estão México (51%) e Peru (39%).
Quanto à percepção de corrupção, 78% dos brasileiros afirmaram acreditar que tenha aumentado nos doze meses anteriores à pesquisa – os dados foram coletados em maio e junho de 2016.
“Uma qualidade do Barômetro é colocar a situação dos países em perspectiva comparada. Neste sentido, chama atenção o resultado da pergunta sobre pagamento de propina para acesso a serviços públicos. Embora a taxa de 11% de entrevistados brasileiros não possa ser considerada baixa (em países com menores índices de corrupção no mundo, esta taxa não passa de 5%), ela é significativamente menor que a média dos países da América Latina e Caribe. Apesar dos graves problemas de corrupção no sistema político e nas contratações públicas, o cotidiano dos brasileiros está muito menos impregnado de corrupção do que a média dos países da região” explica Bruno Brandão.

Sobre a pesquisa

O Barômetro Global da Corrupção, da Transparência Internacional, é a pesquisa de opinião mais importante no mundo sobre comportamentos relacionados à corrupção. O relatório é baseado em pesquisa aplicada a 22.302 pessoas residentes em 20 países da América Latina e do Caribe, entre maio e dezembro de 2016.

Foram ouvidas pessoas acima de 16 anos, tanto na área urbana quanto rural. A amostra é representativa para todas as regiões do país. A margem de erro estimada foi de 2,8% com nível de confiança de 95%.

A pesquisa Barômetro Global da Corrupção existe desde 2002, feita sempre com intervalos anuais ou bianuais, mas o Brasil só entrou nas edições de 2004, 2010, 2013 e 2017. No Brasil, os dados foram coletados em maio e junho de 2016.

A amostra é representativa para todas as regiões do país/Foto: Reprodução

Segundo Brandão, “não se pode avaliar os resultados do Brasil sem se atentar ao período de coleta de dados, que coincide com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. É bastante provável que a intensa mobilização popular no período, que tinha em seu cerne os protestos contra a corrupção, tenha influenciado as respostas a algumas das perguntas. Entre estas, o alto índice de confiança de que o cidadão comum pode fazer diferença na luta contra a corrupção. Depois da troca de um governo marcado por corrupção por outro também marcado por acusações de corrupção por todos os lados, é possível que esta confiança no papel da cidadania tenha se abalado. De qualquer forma, o desejo da população brasileira de dar um basta à corrupção ficou plenamente demonstrado e pode muito bem ser canalizado a um processo de renovação política em 2018 – esperamos que no apoio a candidatos que aliem honestidade e compromisso com princípios democráticos”.

Apesar de esta ser a 9ª edição do estudo, não se recomendam comparações com anos e estudos anteriores, pois a metodologia adotada em 2017 é diferente.

Sobre a Transparência Internacional

A Transparência Internacional (TI) – www.transparency.org – é um movimento global com uma mesma visão: um mundo em que governos, setor privado, sociedade civil e o dia-a-dia das pessoas estão livres da corrupção. A TI trabalha em mais de 100 países e no âmbito internacional para fazer com que esta visão se torne realidade.

A presença global da TI permite que ela defenda iniciativas e legislações internacionais contra a corrupção e que governos e empresas efetivamente se submetam a elas. Sua rede global também significa colaboração e inovação, o que lhe dá condições privilegiadas para desenvolver e testar novas soluções anticorrupção.

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