Trecho da Mata Atlântica dá sinais de recuperação

Enfim uma boa notícia. Em meio à manipulação de números e percentuais – patrocinada pelo Governo – em relação ao desmatamento da Amazônia, outro bioma importante do Brasil, a Mata Atlântica, dá sinais de reação mesmo num cenário de devastação – como se fosse um oásis no deserto. Segundo o mapeamento Atlas da Mata Atlântica, em sete anos – entre 2008 e 2015 – a floresta cresceu no Espírito Santo e passou de cerca de 15,18% de cobertura para 15,78% no estado. Na análise fria dos números, pode parecer pouco, mas equivale a mais de 14 mil hectares de floresta.

O Atlas é resultado de levantamento feito pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) e conta com o registro de um total de 40 terabytes (equivalente a 80 computadores comuns) de imagens aéreas. Com isso, o estado torna-se o primeiro do país a cumprir o chamado Desafio 20×20 – compromisso assumido por países da América Latina e Caribe (LAC) de restaurar ou evitar o desmatamento em 20 milhões de hectares até 2020.

A recuperação da Mata Atlântica em terras capixabas se deu graças a ações de restauração e conservação da vegetação nativa e arranjos florestais de uso sustentáveis – evitando o desmatamento. O monitoramento por imagens foi um processo importante para auxiliar a compreensão do comportamento da floresta.

Espírito Santo tornou-se o primeiro estado do país a cumprir o Desafio 20×20 (Foto: Flickr/Alrikemes Travassos)

Preservar as nascentes é parte da estratégia

Esse aumento vai ajudar, no futuro, a amenizar a falta de água que alguns municípios enfrentam. “A crise hídrica foi um aprendizado para todos. O governo do estado incentiva os produtores, dando recursos para os que deixam espaços para florestas. Todos têm que preservar sua nascente”, informa o secretário estadual de Meio Ambiente, Aladim Cerqueira.

Sócio da empresa de reflorestamento ambiental Floresvale, Michel Terpins destaca que, segundo o estudo, a Mata Atlântica ganhou fôlego graças ao Programa Reflorestar, cujo objetivo é “promover a restauração do ciclo hidrológico pela conservação e recuperação da cobertura florestal, estimulando os produtores rurais a adotarem práticas de uso sustentável dos solos”. Ainda segundo Terpins, a iniciativa também será fonte de oportunidades e renda para esses trabalhadores. “Recuperar 80 mil hectares até 2018 é a meta do projeto”, ressalta o agrônomo que também é piloto de rally e herdeiro das Lojas Marisa.

Entre as tecnologias que embasam o trabalho do Atlas estão o sensoriamento remoto, o geoprocessamento – além das imagens de satélite que identificam remanescentes com formações de menos de dez hectares. A informação do Atlas é mais precisa e sem a manipulação, por exemplo, dos números sobre o desmatamento da Amazônia que nunca revelam a referência para os números e percentuais apresentados em relação à área de cobertura. Ali – não se sabe como nem porque – os percentuais de desmatamento diminuem a cada ano – na medida inversa da devastação denunciada pelos órgãos não governamentais.

Desmatamento ainda ameaça

A boa notícia, no entanto, termina aqui. O que se observa em terras capixabas, não ocorre no restante do bioma de floresta tropical. A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que, nos demais estados cobertos pela Mata Atlântica, o desmatamento em 2016 foi de 29.075 hectares – 57,7% maior que o observado em 2014, de 18.433 ha. Assim, nota-se que o exemplo capixaba é um ponto isolado dentro do cenário de uma triste realidade.

*Extraído de Opinião e Notícia

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