Bolivarianos caloteiros
A Venezuela deixou de honrar, por esses dias, uma dívida de 262,5 milhões de dólares com o Brasil, relativa ao chamado Convênio de Créditos Restritos (CCR). Há especialistas dizendo que a inadimplência de dois meses está relacionada à troca de comando no Palácio do Planalto. Mas a verdade, na nossa humilde opinião, é bem outra.
Ameaça
Essa questão sobre a inadimplência do governo venezuelano não ocupou uma linha sequer na imprensa acreana. Mas esta coluna se ocupa do assunto por um motivo óbvio: há o risco de o país comandado por Nicolás Maduro causar um prejuízo aos brasileiros que pode chegar a 5 bilhões de dólares – algo em torno de 16,3 bilhões de reais.
Credores estão sem receber
Por esses dias, a Associação Internacional de Swaps e Derivados, que reúne credores da dívida venezuelana, concluiu ter levado um calote do governo de Maduro, relativo a investimentos feitos na estatal petrolífera PDVSA.
Nada é tão ruim que não possa piorar
Os credores decidiram acionar a seguradora, que por sua vez deve pressionar por maiores sanções econômicas ao país. Em resumo, a crise da Venezuela, que já passa por uma severa restrição de créditos internacionais, deve piorar.
Trágico
Mas o fato que mais nos interessa diz respeito ao pacote de bondades concedido, em forma de empréstimos, pelos governos Lula e Dilma aos aliados bolivarianos Hugo Chávez e Nicolás Maduro.
Cortesia com chapéu alheio
Em 2006, ano em que o petista Lula se reelegeu para a Presidência da República, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se tornou a peça-chave no modelo de desenvolvimento do governo, cuja intenção era financiar os representantes da esquerda em diferentes países.
Gastança
Foi assim que o total de empréstimos do Tesouro ao BNDES saltou de R$ 9,9 bilhões – — ou 0,4% do Produto Interno Bruto nacional — para R$ 414 bilhões, o que na época representava 8,4% do PIB.
Caridade petista
Vinte obras foram financiadas em diferentes países via empréstimos do BNDES, a juros subsidiados pelo banco, ou seja, menores dos que os ofertados à iniciativa privada local. Entre os beneficiados estão Cuba, Equador, Panamá, Moçambique e, claro, a Venezuela. O montante destinado aos aliados foi de quase meio trilhão de reais,
Parênteses
O mais grave – e trágico – é que essa grana toda se destinou a investimentos em infraestrutura, enquanto regiões inteiras do Brasil amargam a ausência de vias pavimentadas, saneamento básico, fontes de energia limpa e transporte de qualidade.
Negócios entre amigos
Nesse cenário de magnanimidade dos companheiros petistas, o BNDES emprestou à Venezuela mais de 1 bilhão de dólares à época, para a construção de duas linhas de metrô na capital (Caracas) e a construção de uma segunda ponte sobreo Rio Orinoco. E a empresa encarregada das obras foi a Odebrecht.
Desdobramentos
Duas questões decorrem deste fato: o primeiro deles, citado na abertura da coluna de hoje, diz respeito à grande possibilidade de que o Brasil não consiga reaver esse dinheiro. O segundo é referente às revelações feitas, no âmbito na Lava Jato, por executivos da empreiteira e também pelo ex-ministro Antônio Palocci, os quais, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, citaram repasses de pelo menos R$ 300 milhões ao PT, a pedido de Lula.
Elementar
O rombo no BNDES, Caixa Econômica Federal, Brasilprev, Petrobras e Postalis – entre outros – explica o porquê de os companheiros sempre terem combatido as privatizações. Quanto mais estatais, maior o volume de recursos para desviar.
Vale como exemplo
Note o leitor que a Vale do Rio Doce, cuja privatização arrancou urros e gerou muita gritaria por parte dos esquerdistas, nunca foi citada nos escândalos financeiros que vieram – e continuam a surgir – com o advento das investigações. Pela simples razão de que deixou de ser gerida pelo governo.
Resumo da ópera
Mas de volta ao caso da Venezuela, toda vez que o leitor ouvir falar nela, tenha a certeza de que os graves problemas que ocorrem por lá terão consequências nefandas sobre a crise que enfrentamos graças à incompetência dos governos do PT.
Prazo de validade
Outro detalhe pertinente é que a célebre frase atribuída à primeira-ministra britânica Margareth Thatcher é a mais pura verdade já dita sobre os inimigos do capital. Segundo ela, “o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros”.
Tardou, mas não falhou
Três dias depois de ver a instituição que preside no Acre atacada pelo vereador petista Gabriel Forneck, o representante da OAB-AC, advogado Marcus Vinicius Jardim Rodrigues, tratou de responder às críticas feitas pelo parlamentar rio-branquense.
À flor da pele
Lembrado pelo colega Roberto Duarte Júnior (PMDB), na sessão da última terça-feira, 14, na Câmara, sobre o compromisso do atual prefeito da capital, Marcus Alexandre (PT), de permanecer no cargo até o último dia de mandato, Forneck reagiu com críticas à OAB, autora do documento no qual consta o compromisso.
Mordendo e assoprando
Em discurso, o vereador petista acusou a entidade de tentar inviabilizar a candidatura do correligionário à sucessão de Tião Viana. Mais tarde emitiu nota em tom de arrependimento.
Ignorância
Marcus Vinicius Jardim respondeu a Forneck afirmando que ele não apenas desconhece o teor do documento assinado pelos candidatos à prefeitura em 2016, como ignora o conceito, as condutas e atribuições da OAB.
Teor
Jardim acrescentou que a proposta da entidade trata ainda sobre o compromisso no combate à improbidade administrativa, ao Caixa 2 eleitoral, à criação indiscriminada de cargos em comissão e também da defesa da transparência, da participação popular e do respeito ao mandato confiado pela população.
Memoriol
O episódio remete à crítica do senador Jorge Viana ao custo do Judiciário brasileiro, feita em junho deste ano. Na época, ele afirmou que o Brasil não iria a lugar nenhum gastando 1,3% do PIB com a instituição.
Carbonário
O senador petista também foi flagrado, em março de 2016, durante um telefonema feito ao advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, defendendo um “levante” contra o juiz Sérgio Moro.