Os índios Sapanahuá foram contatados há pouco mais de 3 anos, depois de uma série de incidentes que incluíram a aproximação não muito bem-vinda com seringueiros e ribeirinhos no Acre.
A Frente de Contato da Funai teve dificuldades de comunicação com essa etnia de língua desconhecida. Foi então que três indígenas Jaminawa conseguiram aprender a língua do mesmo tronco linguístico deles. Os três foram então contratados pela Funai como intérpretes, recebendo diárias no valor de R$ 17.
Contudo, há cerca de 5 meses a Funai rescindiu o contrato, alegando falta de verba. Os intérpretes voltaram para a aldeia deles no Purus. Na Frente de Contato, permaneceram duas pessoas. Nenhuma conhece a língua dos Sapanahuá.
Ao perceberem que não conseguiam mais se comunicar, os Sapanahuá enviaram emissários em busca dos Jamináwas que os entendiam. Três deles viajaram em Canoas próprias com remos e varas, por mais de 500 km. Essa é a distância que separa a aldeia localizada no Alto Envira da cidade de Feijó.
“Eles disseram que vão buscar os que ficaram na aldeia e vão se mudar todos para Feijó. Imagine 35 pessoas que nunca comeram sal nem açúcar e nem conhecem a língua nem dos brancos nem dos outros índios. Como vão sobreviver?”, questiona Francisco Martins Jaminawa, um dos intérpretes demitidos.
Outros dois Sapanahuá conseguiram chegar a Cruzeiro do Sul. “Deram bebidas para eles…eles que já estavam acostumados a usar roupas, ficaram nus. É um problema muito sério. Ninguém entende o que eles falam e eles não conseguem nem pedir água para beber”, lamenta Edson Pereira Jamináwa, outro intérprete demitido.
O tema é muito sério. A presidente do CIMI, Conselho Indigenista Missionário, prometeu falar sobre o assunto nos próximos dias. Estima-se que outros 100 índios isolados habitem a região do Alto Envira. São etnias que ainda não foram contatadas e são considerados “brabos”.