Inflação na Venezuela pode superar 10.000% este ano, diz Parlamento

A inflação na Venezuela fechou 2017 em 2.616% e pode chegar a 10.000% este ano, segundo dados apresentados nessa segunda-feira (8) pela Assembleia Nacional (AN, Parlamento), de maioria opositora, diante da ausência de informações sobre esses indicadores por parte do Banco Central (BCV).

O presidente da Comissão de Finanças da AN, o opositor José Guerra, afirmou, em entrevista, que a inflação do país está fora de controle pela “impressão de dinheiro do Banco Central para financiar o déficit do governo” de Nicolás Maduro.

Segundo Guerra, 70% do déficit do governo venezuelano para o ano de 2017 foram financiados com impressão de dinheiro. “A inflação é diferente da hiperinflação, pois a inflação é normal em tudo. Uma hiperinflação é insuportável. É a ruína de um país”, afirmou.

“Estamos falando de uma inflação que pode passar dos 10.000% se o BCV seguir financiando o governo”, acrescentou o deputado – economista e com longa trajetória no Banco Central.

O presidente do BCV, Ramón Lobo, evitou comentar o índice/Foto: Reprodução

Ele disse à Agência EFE que, apenas em dezembro, a inflação foi de 85% e que, em comparação com outros casos de hiperinflação registrados no século passado no continente, a venezuelana ainda “não é o caso mais forte”, mas “este ano pode ser”. Além disso, lembrou que a Câmara ainda não publicou a taxa de queda no Produto Interno Bruto (PIB).

O deputado Rafael Guzmán, membro da Comissão de Finanças do Parlamento, desprezou os constantes aumentos salariais anunciados pelo Executivo para tentar neutralizar a explosão de preços, uma “guerra econômica” segundo o chavismo.

“Não há aumento de salário que possa combater essa situação”, ressaltou Guzmán, também opositor, que projetou em 14.000% o índice de inflação para 2018.

Ele também se referiu à queda do bolívar em relação ao dólar no mercado paralelo como uma das causas do aumento dos preços quase diário no país. Atribuiu essa depreciação ao controle de câmbio, imposto pelo governo chavista desde 2003.

“O governo mantém o controle do câmbio, ou seja, continua entregando dólares a um pequeno grupo para que continue colocando esses dólares no mercado negro: enquanto houver controle de câmbio, haverá um mercado negro”, disse Guzmán.

Por outro lado, o presidente do BCV, Ramón Lobo, evitou comentar o índice de inflação apresentado pela Câmara, o único poder nas mãos da oposição e que foi declarado em desacato pelo Supremo Tribunal. As ações do Parlamento são consideradas nulas por todas as instituições próximas ao governo.

“Isso ainda existe?”, disse Lobo, referindo-se ao Parlamento – ao ser abordado sobre a média de inflação apresentada pela Câmara -, durante uma reunião entre as autoridades do órgão emissor e representantes do Executivo.

O encontro serviu para que os titulares da Economia da Revolução Bolivariana entregassem ao BCV a proposta de Maduro para reativar o sistema de leilões de Moedas Complementares (Dicom), que deixou de funcionar em agosto e que acentuou a escassez de dólares no país.

“Essa proposta discutiremos no BCV o mais rápido possível, pela necessidade de estabelecer um novo sistema de câmbio que resista aos embates da guerra econômica”, disse o funcionário chavista.

Ele explicou que o objetivo é reativar o sistema “nos próximos dias” e adaptá-lo “às circunstâncias econômicas impostas pela agressão do governo americano e do bloqueio financeiro internacional”.

O vice-presidente da Economia, Wilmar Castro, disse que o novo modelo de dotação de moedas “procura ser crível e transparente”. Assegurou que o setor privado participará de maneira aberta e terá controles facilmente previsíveis. “O novo método de câmbio terá outros elementos que o tornarão mais flexível para facilitar o investimento de moedas produtivas”, acrescentou.

O BCV não publica desde 2015 dados oficiais sobre a inflação e o PIB, que fecharam esse período em 180,9% e com uma contração de 5,7%, respectivamente.

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