24 de abril de 2024

Região Norte em alerta: Acre registrou mais de 35 mil casos de malária em 2017

Depois de sete anos de queda, o número de casos de malária avançou 50% no último ano e tem gerado alerta na região Norte e em alguns outros Estados do país.

Segundo informações do Ministério da Saúde, foram apontados cerca de 194 mil registros em todo o ano de 2017 – um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Em 2016, para efeito de comparação, o país chegou a alcançar o menor número de casos já registrado nos últimos 37 anos: 129 mil.

Neste ano, dados de janeiro, ainda preliminares, apontam que o avanço continua: são 17 mil confirmações. Deste total, 99% são em estados da região amazônica, que é endêmica para a doença, em especial Amazonas, Acre e Pará. No Acre, foram mais de 35 mil casos ano passado, e já foram registrados 4.042 em janeiro deste ano.

O número de mortes ainda não foi atualizado. Foram 11 de janeiro a maio de 2017, o que não permite comparações com todo o ano de 2016. A doença, causada por protozoários transmitidos pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ocorre em regiões rurais e acomete principalmente populações mais vulneráveis, em locais com más condições de saneamento e invasões em áreas de mata, por exemplo.

Entre os registros, também cresceram casos de malária falciparum, nome dado à forma da doença causada pelo protozoário Plasmodium Falciparum, mais grave.

READEQUAÇÃO DE ESTRATÉGIAS

Neste caso, o aumento foi de 37% no último ano se comparado ao anterior – passou de 15 mil para 21 mil. A situação ameaça o Plano de Eliminação da Malária assumido pelo Brasil em 2015, com foco principal na malária falciparum.

Números preocupam Ministério da Saúde e ações serão readequadas. Imagem: Reprodução

Na época, cerca de 500 cidades da região amazônica já estavam havia mais de três anos sem registro de transmissão da malária falciparum, e a meta era eliminar a doença até 2030.Agora, só entre 2016 e 2017, o número de municípios com registros dessa forma da doença cresceu 68%, passando de 124 para 208.

Questionado, o coordenador substituto dos Programas Nacionais de Controle e Prevenção da Malária e doenças transmitidas pelo Aedes, Cássio Peterka, reconhece que parte das ações do plano terão de ser revistas devido ao aumento.

Com a mudança da situação epidemiológica da malária, “as metas e pactuações do plano estão sendo avaliadas com estados e municípios da região Amazônica, para a readequação das estratégias, a retomada da redução dos casos e a sustentabilidade das ações”, diz.

Apesar disso, ele afirma que as metas estão mantidas: “Todos os programas de malária, nacional, estadual ou municipal, estão comprometidos com a eliminação da malária falciparum e trabalham em conjunto para o cumprimento das metas”.

Para o epidemiologista Pedro Tauil, professor emérito da UnB (Universidade de Brasília), a situação preocupa. “Como se lança um plano de eliminação e tem um aumento de casos?”, questiona. O professor também destacou que em países do Sudeste Asiático já há aumento da resistência a remédios antimaláricos, situação que pode se repetir no futuro no Brasil. “O grande risco é que, se não eliminarmos a malária pelo Plasmodium falciparum, não vamos ter remédios que atuem eficazmente no tratamento dessa doença”, disse Tauil.

Com informações da Folha de S. Paulo

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