Síndrome de Down: superando limites com o apoio da família, educação especializada e oportunidades

Com o objetivo de estimular a conscientização e destacar a importância da inclusão, é celebrado nesta quarta-feira (21) o Dia Internacional da Síndrome de Down, alteração genética caracterizada pela presença de um cromossomo extra nas células de um indivíduo – no caso, três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, utilizando como base o Censo 2010 do Insitituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem no Brasil cerca de 270 mil pessoas com a síndrome – ou seja, 1 em cada 700 nascimentos é de um indivíduo com a alteração genética.

existem mais de 60 pessoas com a síndrome, de diversas faixas etárias, sendo atendidas pelos centros especializados/Foto:reprodução

Entretanto, é comum confundir e associar as pessoas com Síndrome de Down com o termo “deficiência mental”, quando, na verdade, se trata de uma deficiência intelectual. Apesar das semelhanças físicas (geralmente olhos amendoados e baixa estatura), todos possuem características únicas, tanto genéticas, herdadas de seus familiares, quanto culturais, sociais e educacionais.

EDUCAÇÃO E PERMANÊNCIA

Somando os alunos atendidos pelo Centro Dom Bosco e pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) do Acre, existem mais de 60 pessoas com a síndrome, de diversas faixas etárias, sendo atendidas pelos centros especializados.

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Rosilda Moura de Sousa, diretora do Dom Bosco há sete anos, relatou à equipe da ContilNet que as formações continuadas de professores e funcionários ligados à educação especial têm sido cruciais para a permanência dos alunos.

“Atualmente, atendemos 264 pessoas no Dom Bosco. Deste total, 40 alunos possuem Síndrome de Down. Um dos fatores cruciais para a permanência deles, além de estimular o cuidado e a conscientização da família, é a formação continuada. Nosso quadro conta com 60 professores, sendo que eles atuam também em hospitais, atendimento domiciliar, rede comum de ensino, e trabalho interno”, explicou Rosilda.

“SÓ PRECISAM DE UMA OPORTUNIDADE”

Na Apae, são atendidas em dois turnos mais de 400 pessoas com diversos tipos de deficiências e necessidades especiais. Deste número, 30 possuem Síndrome de Down. De acordo com a assistente social Fabíola Silva de Freitas, que atua na Associação desde 2010, o desafio é duplo: além de estimular e possibilitar que estas pessoas sejam independentes, apesar de certas limitações, é preciso também estimular familiares e amigos a acreditar no potencial e na capacidade de resolução das pessoas com a síndrome.

“Existia muita proteção da família. A Apae sempre foi referência no sentido de atendimento especializado para pessoas com necessidades especiais. Apesar do carinho, é preciso diferenciar a vontade de proteger com o ato – muitas vezes inconsciente – de isolar essas pessoas por medo do que o ‘mundo’ pode fazer com as pessoas que são diferentes”, detalhou Fabíola.

Acreditar no potencial, segundo a assistente social, é o principal ingrediente para estimular o desenvolvimento pessoal dos alunos com Síndrome de Down: “Querer proteger é um instinto muito natural, principalmente para pai e mãe, mas existe uma diferença entre proteger e isolar por ter medo de que algo ruim vai acontecer. Se o isolamento se torna uma constante na vida da pessoa com Síndrome de Down, isso acarreta em depressão e regressão das habilidades. A família tem que acreditar na possibilidade. Eles só precisam de uma oportunidade”.

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“AMO TRABALHAR”

Outro desafio é inserir as pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho, já que o preconceito arranca muitas oportunidades destes cidadãos. Entretanto, o artigo 27 da convenção da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata dos direitos das pessoas com deficiência, estabelece que todos têm direito a oportunidades iguais de trabalho.

Muitos países, assim como o Brasil, contam com uma legislação trabalhista que favorece a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, seja através de cotas ou de subsídios para as empresas contratantes.

Larissa Maia Araújo, funcionária do Mercale desde 2017/Foto: ContilNet

Em Rio Branco, por meio de parceria entre Apae e o supermercado Mercale, foi realizada a contratação de Larissa Araújo Maia. Com 27 anos, a jovem possui Síndrome de Down e está prestes a completar um ano como funcionária na empresa. As dúvidas e o anseio da família foram vencidos pouco a pouco.

“Foi um verdadeiro desafio, sem dúvida. Eu tinha muitas dúvidas. Como mãe, eu me preocupo a todo instante com a Larissa, mas após dialogar com o restante da família e com a orientação da Fabíola, apostei minhas fichas nessa oportunidade. Jamais pensei que ela pudesse mudar tanto, criar tanta independência. Ela já aprendeu os horários, a se maquiar para o trabalho, almoça por lá… E sempre tem uma novidade para nos contar. Ela, que sempre foi muito tímida, de repente tinha tanto a nos dizer. Só precisamos dar uma chance para que ela fosse ouvida”, revelou Valda Maria de Araújo Maia, 50 anos, mãe de Larissa.

Com poucas palavras, a jovem, que irá completar um ano como contratada do Mercale em 24 de maio deste ano, revela a felicidade de estar sendo parte atuante do mercado de trabalho: “Amo trabalhar. Quero ficar aqui e na Apae”.

 

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