18 de abril de 2024

Ponte do rio Madeira: Acre ficou de fora porque Estado “age como leão”, afirma professor

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A construção da ponte sobre o rio Madeira continua sendo alvo de discussões. Foi apenas a obra ser anunciada para que a mídia começasse a especular as mais variadas informações.

Da parte dos maiores interessados, os estados do Acre e Rondônia, as informações nem sempre se cruzam, como foi o caso do possível veto que partiu da presidente Dilma Rousseff.

O professor e advogado Edinei Muniz escreveu um artigo que trata da problemática da construção da ponte, bem como a “guerra de estratégias regionais isoladas”, ideia que já traz no título.

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As informações sobre a construção da ponte não são nada animadoras para o Acre. Apesar de o senador Jorge Viana (PT) ter afirmado que o estado receberia uma atenção prioritária, os interesses comerciais falaram mais alto: os rondonienses estão construindo uma ponte sobre o mesmo rio Madeira, porém, em direção ao Caribe, através da BR-319, entroncamento com a BR-17, que liga Rondônia a Manaus, Boa Vista, Caracas (Venezuela), Caribe e às Guianas.

Em seu artigo, o professor cita algumas das razões, “aliada à falta de habilidade dos políticos acreanos em aproveitar o capital político que acumularam”, para que a ponte ainda não tenha saído do papel.

“Uma das razões pelas quais a ponte sobre o rio Madeira, no Distrito de Abunã, em direção ao Acre, ainda não saiu do papel, é o fato da referida obra ofender, pelo menos em nível de prioridades, diretamente, o planejamento econômico estratégico do Estado de Rondônia”, afirma o professor.

O professor cita que a estratégia de Rondônia, com apoio de Mato Grosso e Goiás, dois gigantes do agronegócio exportador, “é consolidar uma rota alternativa de exportações pelo Oceano Atlântico”.

Já o Acre, segundo ele, visa “a saída pelo Oceano Pacífico através da complicada rodovia Interoceânica e seus quase invencíveis problemas de desmoronamento”.

“E é exatamente aqui neste ponto que entra o tema ‘prioridade’, tão enfaticamente presente no longo arrazoado apresentado nos últimos dias pelo senador Jorge Viana para, numa tentativa, em vão, justificar o injustificável”, afirma Edinei.

O professor afirma que o descaso para com o Acre em relação à obra veio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo ele, “se dizia amigo do Acre”, com o apoio dos Vianas.

“E é amparado por essa verdade, que repito mais uma vez: foi por ter inclinação por essa tese (a dos barões do agronegócio), que o ex-presidente Lula, que se dizia amigo do Acre (aliás, os Vianas diziam que ele era), priorizou a construção de uma ponte sobre o mesmo rio Madeira, porém, em direção ao Amazonas. A referida ponte será entregue ainda este ano e é comemorada como uma das mais importantes e estratégicas do vizinho estado de Rondônia. E é mesmo”.

Edinei vai além, e afirma que “os interesses do Acre foram alvo de severo e grosseiro descaso”.

“A prova [disto] é que no Plano Plurianual para o período de 2008/2011, onde foram definidas as metas e as prioridades daquele quadriênio, o empreendimento de construção da ponte em direção ao Acre foi solenemente ignorado por meio de um veto do ex-presidente Lula, que retirou da obra o carimbo de prioritária”.

O professor cita também “corriqueiros escândalos licitatórios” do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e as declarações de Jorge Viana, que diziam que um tratamento prioritário seria dado ao Acre, o que, segundo ele, são mentirosas.

“Sem esquecermos do pouco caso do DNIT e seus corriqueiros escândalos licitatórios. O TCU ajudou a retirar o véu do desrespeito aos nossos queridos irmãos acreanos. Está tudo aí para quem quiser ver e tiver disposição para procurar. Não, Jorge Viana! Não, não e não! Não foi dado tratamento prioritário”.

De acordo com Edinei, o Acre “dispensou uma oportunidade política de ouro por conta dos delírios, da arrogância e da falta de compromisso dessa gente”.

“Foram hegemônicos!”, dispara o professor.

“Concentraram quase todo o poder político local e nacional e não conseguiram fazer valer um acordo internacional, assinado aqui mesmo no Acre, em 2000. Todos lembram, Lula veio aqui falar dele”.

No final do artigo, o professor traz uma reflexão sobre outro fato que possa ter colaborado para a “mudança de planos” do governo federal.

“Talvez seja porque, do rio Madeira para cá, a turma que governa o Acre há dezesseis anos age como leões e, do rio Madeira para lá, diante de figuras como Blairo Maggi, Ivo Cassol e Eduardo Braga, comportam-se como gatinhos recém nascidos”.

E finaliza: “Se a ponte não for construída por razões econômicas, não deixará de ser por razões sociais. O caos do início do ano, os acreanos de valor não aceitam mais”.

 

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