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Folguedos pernambucanos podem se tornar patrimônio cultural

Por Ministério da Cultura

Espetáculo

Um espetáculo repleto de simbologias e marcado pela riqueza estética e pela musicalidade. Assim podem ser traduzidas as apresentações de grupos de maracatu e de cavalo-marinho em todo o País.

Folguedos tipicamente pernambucanos vão ser avaliados, nos dias 3 e 4 de dezembro, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em Brasília. São eles: Maracatu Nação, do Maracatu Rural e do Cavalo Marinho.

Maracatu Nação

Também conhecido como Maracatu de Baque Virado, com a grande maioria dos grupos concentrada nas comunidades de bairros periféricos da Região Metropolitana de Recife, o Maracatu Nação é uma forma de expressão que apresenta um conjunto musical percussivo a um cortejo real, que sai às ruas para desfiles e apresentações durante o carnaval.

No cortejo estão personagens que acompanham a corte real, como o séquito do rei e da rainha do Maracatu Nação e outras figuras, entre elas as baianas, os orixás, as calungas – bonecas negras confeccionadas com madeira ou pano – consideradas ícone do fundamento religioso e marco identitário dos maracatus nação.

O grande valor do Maracatu Nação está em sua capacidade de comunicar temporalidades, espacialidades, identidades e elementos da cultura brasileira tão diversa.

Os grupos são compostos majoritariamente por negros e negras e carrega elementos essenciais para a memória, a identidade e a formação da população afro-brasileira. É entendido como uma forma de expressão que congrega relações comunitárias, compartilhamento de práticas, memória e fortes vínculos com o sagrado, evidenciadas por meio da relação desses grupos com os xangôs e jurema sagrada. Os maracatus nação ainda podem remontar às antigas coroações de reis e rainhas congo.

Maracatu Rural

O folguedo conhecido por maracatu de baque solto, maracatu de orquestra, maracatu de trombone, maracatu de baque singelo ou Maracatu Rural ocorre durante as comemorações do Carnaval e da Páscoa.

É composto por dança, música, poesia e está associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata Norte de Pernambuco, também apresentações na Região Metropolitana do Recife e outras localidades.

Os mais antigos maracatus foram fundados em engenhos por trabalhadores rurais, trabalhadores do canavial, cortadores de cana-de-açúcar, entre o fim do século XIX e início do XX.

Esta herança imaterial é revelada em gestos, performances, nos pantins de caboclos e dos arreiamás, na dança das baianas, nas loas dos mestres, nas indumentárias vestidas pelos folgazões.

Diferente do maracatu nação, o maracatu rural é um resultado da fusão de manifestações populares.

A singularidade do Maracatu Rural se expressa tanto através da sua musicalidade, um tipo de batuque ou baque solto, como por seus movimentos coreográficos e indumentária dos personagens e pela riqueza de seus versos de improviso.

O aspecto sagrado/religioso/ritualístico é presente no folguedo durante todo o ano, durante os ensaios e sambadas, dando à manifestação a característica de ser o segredo do brinquedo, tão caro a seus detentores.

O Cavalo-Marinho

Uma brincadeira popular envolvendo performances dramáticas, musicais e coreográficas é o que caracteriza o Cavalo-Marinho, apresentado durante o ciclo natalino. Seus brincadores são, em geral, trabalhadores da zona rural, mas também ecoa na região metropolitana de Recife e de João Pessoa (PB), além de vários outros territórios do País.

Durante a apresentação, são representadas as cenas do cotidiano e do mundo do trabalho rural, com variado repertório musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e bichos, como o boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira).

No Cavalo-Marinho, constroem-se constantemente novas identidades em cima da tradição. Existem diferentes formas de brincar, o que imprime neste bem cultural uma constante transformação em função do partir do variado diálogo com brincadores.

O valor patrimonial do Cavalo-Marinho reside na sua capacidade de comunicar temporalidades, espacialidades, identidades e elementos da cultura brasileira.

Pautas

A 77ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio também analisará registro como Patrimônio Cultural da Tava Miri dos M’bya Guaranis, do Sitio São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul. Também poderão ser tombados a Coleção Geyer, do Museu Imperial de Petrópolis (RJ), o Acervo do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte (MG) e o Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde, de Cachoeira (BA)

Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural

O Conselho, que avalia os processos de tombamento e registro, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia.

Ao todo, são 23 conselheiros que representam instituições como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade civil, com conhecimento nos campos de atuação do Iphan.

 
 
 
 
 
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