ContilNet Notícias

Artigo: conciliador e amadurecido, Ney Amorim deverá ser o novo presidente da Assembleia

Por Gina Menezes, da Redação da ContilNet Notícias

artigo

10417814 583159318487053 431245415583536505 n*Gina Menezes

De tênis, calça jeans e camisa gola polo colada ao corpo, com andar rápido e sorriso demorado, o franzino Ney Amorim bem que poderia ser confundido com qualquer outro rapaz da faixa etária dele, se não fosse o fato de estar na iminência de ocupar um dos cargos mais importantes do Estado: o de presidente da Assembleia Legislativa do Acre.

Há tempos, ele não é apenas o Ney, jovem morador da Baixada. Ele cresceu, amadureceu, transformou-se e aprendeu a agir de acordo com o dinâmico jogo político. Hoje, ele é o deputado estadual mais bem votado da eleição passada, o que mais acumulou capital social, e a quem tiveram que engolir como candidato natural ao cargo mais alto da Assembleia Legislativa do Acre, o de presidente.

No ínterim entre a luta para eleger-se e a tentativa de se desvencilhar do fogo-amigo, Ney Amorim aprendeu uma nova arte: a de conciliar. Conciliando interesses das mais diversas ordens e necessidades, o rapaz de rosto impecável conseguiu um feito igualmente grandioso: ser candidato único ao cargo. O nome do consenso. A bola da vez.

Para que Ney chegasse ao patamar de candidato único ao parlamento houve uma mistura de ingredientes das mais diferentes ordens, desde uma ajudinha do ‘senhor destino’, que deixou fora da lista dos eleitos nomes de veteranos da política como Hélder Paiva (PEN) e Élson Santiago (PEN) – que possuíam de mandato o mesmo tempo que Ney Amorim tem de vida – até mesmo a capacidade, levada à exaustão, de conciliar interesses de outros deputados que desejavam o mesmo cargo e que tinham uma lista de intermináveis pedidos e sugestões. Só quem conhece os bastidores de uma disputa destas sabe tudo o que se guarda na ‘caixa de pandora’.

Nos três meses que se passaram desde a eleição, o nome de Ney Amorim sempre foi citado como o candidato natural ao cargo, o favorito, mas ele não tomou para si a roupagem. Aprendeu rápido que a prudência e a humildade fazem parte do cofre onde se guarda o delicado produto chamado capital social e político.

Em todos os dias, Ney foi assediado de todas as formas e modos possíveis por pessoas em busca de cargos, status e um aumento, e teve que conviver com a ciumeira infantil de boa parte dos novos deputados. Ele calou, sorriu, conciliou interesses, mas sem nunca se colocar na linha de frente do fogo que ele sabia existir. Aprendeu a camuflar-se, sem se anular. Esperou chegar o dia em que a executiva estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) indicasse o nome dele como candidato ao parlamento. Antes que chegasse este glorioso dia, Ney foi vítima de uma onda de denuncismos durante a campanha, além de críticas e difamação que vieram de dentro de alas do próprio PT.

Quando não o venceram, resolveram transformar o menino enjeitado do PT em uma espécie de príncipe salvador com ares de todo-poderoso. Do fundo do poço, das atrozes críticas ao patamar da bajulação, onde o colocaram, Ney Amorim manteve-se o mesmo: sereno, calmo, conciliador.

Talvez, no fundo ele entenda o que escreveu o estadista Winston Churchill quando disse que “um conciliador é alguém que alimenta um crocodilo, esperando ser devorado”. A primeira fase ele venceu por W.O, mas sabe que a batalha está apenas começando e que os crocodilos são inúmeros.

*Gina Menezes é jornalista e colunista política

Sair da versão mobile