Após prisão, cantor Hangell fala com a ContilNet: “Pensei que todos iam me abandonar”

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A vida do cantor sertanejo Hangell Borges, 26 anos, não foi mais a mesma depois do incidente envolvendo o estudante Fábio Germano, 27 anos, que foi agredido e teve fraturas do maxilar, mandíbula e ossos da face. O cantor viu sua vida dar uma completa reviravolta: Hangell perdeu amigos, viu a dupla Jorge e Hangell – uma parceria de sete anos – chegar ao fim, sem contar nas experiências que passou no presídio Francisco de Oliveira Conde.

Solto desde o último dia 30 de março, Hangell passou as primeiras semanas de liberdade de forma mais reservada. Procurado pela imprensa, o cantor achava que ainda não havia chegado a hora de falar sobre o caso.

“Preferi dar tempo ao tempo. Esperar a poeira baixar”.

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Mas, agora, ele acredita que a hora chegou: o portal ContilNet Notícias conversou com exclusividade com Hangell. Acompanhado de seu produtor e amigo, Rafael Cavalcante, o sertanejo falou das experiências vivenciadas dentro do presídio, planos e suas novas prioridades. Eles também anunciam novidades: Hangell está de volta aos palcos e acena parcerias com grandes empresas, como a AÇÃO Eventos, responsável por eventos de grande notoriedade no Acre.

Suas primeiras palavras mostram um Hangell mais centrado. Ele conta que o principal motivo da conversa é o pedido de perdão aos familiares de Fábio, seus amigos e fãs.

“Estava sem tempo para minha família. Festa e mais festa. Depois disso tudo que aconteceu, vi que eu preciso dar um tempo a mim mesmo. […] Eu sempre soube que esse momento ia chegar, eu preciso pedir perdão a todos por tudo que aconteceu. Mas eu sabia que aquela não era a hora”.

Hangell não tenta esconder ou se esquivar dos fatos que aconteceram. E completa: quer pagar pelo que fez.

“Errei e me arrependo. No julgamento, o Fábio [envolvido] pediu perdão para mim e eu pedi perdão para ele. Não tenho nada contra ele; deixei claro para a juíza que nada vai acontecer aqui fora. Sei que tenho que pagar pelo que fiz e vou pagar, não importa como”.

hangellwania3A família de Fábio, desde a prisão de Hangell, não comenta o caso. Acompanhe a conversa de Hangell com a reportagem da ContilNet Notícias:

ContilNet Notícias: O que mudou na sua vida depois que tudo isso que aconteceu?

Hangell Borges: O que mudou? Com certeza, o principal foi a questão da valorização familiar. Eu não tinha ideia da importância disso. Com toda a responsabilidade que eu tinha, eu andava muito; não tinha essa noção. Depois que eu fui parar naquele lugar [o presídio], eu fui dar conta do valor que eu tenho para a minha família e para as pessoas que admiram meu trabalho. Estava em uma fase da minha vida que escutava mais amigos, e não é bem assim. Além de tudo isso, creio em um Deus poderoso desde a minha infância. Nasci em berço evangélico e isso só serviu para eu aumentar ainda mais a minha fé.

CN: Muito se foi especulado na mídia acreana com relação ao tratamento que você estava recebendo dentro do presídio. Qual foi o real tratamento dispensado a você? Você ficava sabendo, de alguma forma, da movimentação fora das grades envolvendo o caso?

HB: Meu pai sempre me levava notícias. Sempre falava de fãs que pediam para eu voltar. O que eu passei lá não foi fácil. Mas eu não posso dizer que fui maltratado. Não fui espancado, extorquido, ameaçado. Os presos me receberam bem. Foi um momento difícil, mas eu conheci pessoas boas.

CN: Você passou pelo período de triagem. Após isso, dividiu a cela com quantos presos?

HB: Éramos 12 presos. Tinha aqueles bandidos ‘barra pesada’ e tinha também aqueles com crimes não tão graves, se é que a gente pode se referir dessa forma. Mas todos se respeitavam, a gente cantou, se conheceu. Tudo aquilo que a gente vê nos filmes tive essa oportunidade de ver: lá tem celulares, armas. Vi pessoas sendo esfaqueadas, espancadas… vi muita droga! Lá parece ter mais droga do que aqui fora.

CN: Como está sua relação com o Fábio?

HB: Ainda não tive contato com ele aqui fora, mas lá no tribunal ele deixou bem claro que errou e que não tem nada contra minha família. Eu também deixei claro que estou arrependido; que foi um ato impulsivo. Foi um momento de raiva.

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CN: O que realmente aconteceu que deixou você tão revoltado? O que te levou a fazer o que você fez?

HB: O que me deixou mais revoltado foi o fato de eu tê-lo como amigo. O fato de ele me conhecer, saber que eu tenho namorada, mas fazer o que ele fez. As pessoas falam que eu tirei conclusões precipitadas, mas eu não tirei. Ele assumiu tudo: na audiência, ele foi questionado pelo advogado se “era bonito ficar mandando mensagens para mulheres, mesmo sabendo que elas eram comprometidas” e ele respondeu que sim. “Então você está pedindo para morrer, né?”, o advogado perguntou. Todos começaram a rir. Até a irmã dele o esculhambou. “Ele foi muito burro, abestado”, ela disse. Mas eu entendo tudo o que aconteceu. Quando a pessoa está embriagada, ela está fora de si. Ele errou, mas eu errei mais ainda.

CN: Como você viu as mensagens?

HB: Os celulares estavam com o Rafinha [produtor]. O Fábio sabia que eu não gostava de tocar com celular no bolso, mas os dois celulares, tanto o meu como o da minha namorada, estavam comigo. Ela estava comigo quando a mensagem chegou. Perguntei a ela o que era aquilo e ela disse não saber, então salvei o contato para ver a foto e vi que conhecia o cara. Era o Fábio! Falei com ele como se fosse ela e marquei o encontro, quando chegamos ao local combinado vi que realmente era ele. Perdi a cabeça.

CN: Há quanto tempo você conhece o Fábio? O que aconteceu quando vocês se encontraram e ocorreu a agressão.

HB: Há mais de 3 anos. Já chegamos a sair juntos. Conhecia ele das festas. Depois que eu vi que era ele? Eu dei um murro nele e ele caiu no chão. Falaram que eu esbofeteei, mas o prejuízo maior foi nessa queda, pois a cabeça dele bateio no meio-fio. Teve um chute e ele começou a ter convulsões. Na hora, eu parei e pensei: “meu Deus, o que foi que eu fiz?”. Bateu aquele desespero e quando cheguei em casa não parava de pensar nisso tudo.

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CN: Como está sua vida agora? Você continua com a mesma namorada?

HB: Tenho uma filhinha de quatro meses e tenho planos de casar. É a mesma [namorada], não a largo. Não tem como eu não me casar. Ela foi mulher, tanto para assumir o que fez, como para ir me visitar lá dentro da cadeia. Sinceramente, pensei que todo mundo ia me abandonar, menos os meus pais, claro. Só que na minha primeira visita, eu tive uma surpresa, quem estava lá era ela! Não imaginava, até por não saber o que estava se passando ‘aqui fora’. Não quis que minha mãe fosse [ao presídio] para não passar por todo aquele constrangimento [da revista].

CN: O que você tira de conclusão de toda essa experiência?

HB: Desde quando eu estava lá dentro eu reflito sobre isso. Comentei com meu pai sobre o valor das nossas escolhas: devemos pensar muito antes de fazer algo. Eu era muito impulsivo, sempre fui acostumado a fazer ‘o que dava na cabeça’. Além disso, já tive outras ocorrências registradas em meu nome por conta de confusões. Eu sou um cara legal, mas quando eu bebia, tudo me irritava muito facilmente. Não bebo mais e não tenho mais vontade.

CN: Você disse que foi um ato impensado e que agiu por impulso. Mesmo tendo esse temperamento impulsivo, você já imaginou algum dia passar por isso?

HB: Nunca! Acho que ninguém imagina passar por esse tipo de coisa. É humilhação demais, mas eu agradeço a Deus por ter conhecido essa outra realidade. Eu cheguei lá e já contei com o apoio do pessoal da administração. Eles foram logo dizendo aos detentos que eu era um cara do bem. Ajudou-me muito e talvez isso tenha contribuído para que nada de mal acontecesse comigo.

CN: E quanto a sua carreira? Pretende seguir carreira solo?

HB: Para falar a verdade, penso nisso desde muito antes de tudo isso. Foi uma parceria [a dupla Jorge & Hangell] conturbada e, quando eu precisei de ajuda, ele simplesmente arranjou outro parceiro. Sei que algumas decisões são tomadas mediante força de contrato. Mas não foi justo comigo. Fui o último a saber da ruptura da dupla.

CN: O fim da dupla foi anunciado através de nota nas redes sociais. Quando você viu, o que você sentiu?

HB: Fiquei em choque! Como uma parceria de sete anos acaba assim? Deram-me a notícia já tentando me tranquilizar. “Hangell, aconteceu isso, mas você sabe que você é o cara da dupla, né?”. “Não adianta ficar cabisbaixo, você é a principal voz da dupla”. Ouvi muito frases do tipo e foi isso que me deixou mais forte. Agora, ele está montando uma casa [de shows] e quer voltar com a dupla, mas eu prometi a mim mesmo que, se tudo desse certo e eu contasse com o apoio das pessoas e das empresas, seguiria com um trabalho solo.

CN: Você acha que as coisas estão dando certo para você?

HB: Graças a Deus, sim! Hoje já estou com quatro contratos fechados. Futuramente, a AÇÃO Eventos quer que eu integre seu casting de artistas, Antes, eu não trabalhava assim, fazia shows e me apresentava por amizade ou com acordo verbal. Quero que todos vejam minha mudança.

 

 

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