Ameaças de mortes contra agentes expõe trabalho degradante em presídio do Acre

Ameaças de mortes contra agentes expõe trabalho degradante em presídio

Policiais civis e militares manifestam, de forma discreta mas incondicional, todo apoio e solidariedade aos agentes penitenciários. É muito sério, e as consequências podem explodir em tragédia sem precedentes, depois do “salve geral” anunciado pelos oito presos do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matar os trabalhadores que fazem a guarnição no Presídio Antônio Amaro. Isso não é alarde. Isto é real.

Operação abafa

A ameaça foi interceptada em telefonema feito dentro do presídio. Quem ouviu a conversa foi uma servidora que trabalha na Inteligência da Sejusp. A coordenação da casa de detenção chegou a confirmar a ameaça, em reunião com todos os funcionários, mas um emissário do governo, exatamente o gerente do setor de inteligência, apareceu para dar uma notícia plantada. Disse ele que “está tudo bem”, contrariando as provas.

Um absurdo

Os agentes decidiram se cuidar, já que o Instituto Penitenciário do Acre insiste em negar haver tentáculos do PCC por aqui. O governo passa a sensação de uma falsa segurança, enquanto, lá dentro, o medo domina a todos. No plantão, eles ficam juntos, escoltam uns aos outros. Fora do expediente, se tornam ainda mais próximos, amigos, fazendo rondas nas casas dos colegas, verificando movimentações estranhas, e evitando frequentar lugares movimentados.

São reféns da omissão do estado, sem vida social, mas com a responsabilidade dobrada de cuidar de si e de suas famílias, dormindo pouco e sem apoio de mais ninguém.

Exemplo de união

Uma reunião fechada, com policiais civis e militares, selou um pacto de solidariedade com os agentes penitenciários, nesta sexta-feira (19). Todas as informações que possam causar perigo aos trabalhadores são compartilhadas. “Estamos juntos. É a saída que encontramos para garantir a nossa sobrevivência”, disse Adriano Marques, presidente afastado do Sindicato da categoria. A retaliação do governo é tanta que o sindicalista foi proibido até de acessar o Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional).

Com as ameaças, os agentes se sentem constrangidos para realizar as operações pente fino dentro das celas. Não é nada seguro ter que vistoriar bandidos que os querem mortos.

A CPI os espera

Em Brasília, o único parlamentar sensível a esse problema é o deputado Major Rocha, titular da Comissão de Segurança Pública. Ele aprovou requerimento para, em conjunto com a CPI do Sistema Carcerário, ouvir o presidente dos Agepens no Acre e a própria juíza de Execuções Penais, Luana Campos. O secretário de Segurança Pública está convocado a comparecer também.

Veremos se, diante de tantas evidências, o governo insistirá em negar, no Congresso Nacional, que o Acre está livre do PCC.

O inferno

Nossas fronteiras estão desguarnecidas. 60% da droga que entra no Acre provém da Bolívia, segundo anuário do próprio Ministério da Justiça. O Plano Estadual de Segurança Pública virou papel de gaveta, enquanto as cadeias públicas inflam todo dia. São 4.300 presos – 60% mais que a capacidade, diz o sindicalista.

Celas construídas para 2 detentos abrigam 12 criminosos.

Perseguidos e desprotegidos

Adriano Marques diz que o Iapen tem mais armas do que funcionários. A doação do armamento foi feita pelo governo de São Paulo, mas o Acre parece desdenhar de tudo e de todos. Falta munição e capacetes. A maioria dos coletes balísticos está vencida. Até os coletes para agentes femininas jamais chegou ao Acre. Esse equipamento precisa ter uma anatomia diferenciada, para proteção dos seios, com dimensões e curvas próprias. O fardamento é insuficiente. Não há local adequado para o descanso e para a alimentação dos agentes penitenciários, segundo o sindicato da categoria.

Nada aumentou mais aqui no Acre do que a indústria do crime.

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