História da República contada pela música brasileira

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republica-da-espada-resumo-de-sua-historia-e-caracteristicasRenomado comentarista político, Franklin Martins está lançando Quem foi que inventou o Brasil?, série de três livros que recontam 101 anos de história da República no país pelas músicas inspiradas em episódios e personagens políticos.

O primeiro livro reúne 473 canções e refletem acontecimentos desde 1902, ano das primeiras gravações fonográficas no país, até o golpe militar de 1964. O segundo volume, aborda o período de ditadura, com cerca de 310 fonogramas. O terceiro vai de 1975 a 2002 e apresenta quase 330 gravações. Todo o acervo pode ser escutado no site quemfoiqueinventouobrasil.com.

Fruto de pesquisa minuciosa, os livros, além de contextualizarem as canções e suas inspirações, são ricamente ilustrados com material de época (fotos, charges, recortes de jornais e revistas etc.). Em entrevista ao Portal Brasil, Franklin Martins conta bastidores de Quem foi que inventou o Brasil?

Como começou esse interesse pelo assunto?

Em 1997, eu botei no ar o site Conexão Política. Uma das seções se chamava Estação História, onde às vezes eu disponibilizava trechos de discursos políticos históricos e músicas sobre política. Fui descobrindo várias músicas com essa temática, muitas delas pré-1964. Isso me impressionou e fui pesquisando mais. Começou como uma curiosidade e virou uma obsessão. Comecei pelo passado. Me interessava, especialmente, aquilo que eu não conhecia, como músicas das primeiras décadas do século 20.

Como foi feita a pesquisa?

O livro não existiria sem a internet. Fui fazendo vários contatos e estabelecendo uma rede muito grande de colaboradores, o que me permitiu acesso a muitas músicas e a uma base de dados à distância. Caso da Discografia Brasileira de 78 rpm, site que cataloga músicas gravadas no Brasil entre 1902 e 1964, com fichas técnicas, nomes dos autores e gênero musical; do Disco de Cera, com a base de dados do Acervo Nirez; da Fundação Joaquim Nabuco, o Instituto Moreira Salles, entre outros.

Na sua avaliação, como estão os acervos que conservam a memória nacional?

Acho que para a pesquisa da música está bem organizado. Mas sempre digo que não sou musicólogo – eu não estudei os arquivos, eu recorri a eles. Entretanto, muitas coisas eu não encontrei nos institutos, só consegui em coleções particulares, como música caipira, por exemplo. Mas de 1985 para frente não temos uma base de dados do que foi lançado no Brasil – e ter isso seria muito importante.

O que te surpreendeu com a pesquisa?

A principal surpresa foi a constância desse assunto na música brasileira ao longo dos anos. Não tem fato que não tenha sido cantado no calor do momento. E isso não é muito comum em outros países. Lá fora, a música geralmente refletem a política em tempos de grandes crises, guerras ou revoluções.

É uma produção de caráter engajado, mas que depois declina. No Brasil, essas músicas não são necessariamente engajadas, funcionam mais como uma crônica. Isso é uma tradição brasileira. O carnaval, por exemplo, é uma grande crônica – com traços do teatro de revista – de assuntos e personagens da história brasileira. A segunda constatação é que a música de inspiração política apareceu no Brasil em todos os gêneros musicais: lundus, maxixes, marchinhas, sambas, modas de viola, hinos, baiões, MPB, rocks, funks, raps, reggaes…

A pesquisa rendeu três volumes, o terceiro chega até 2002. Se fosse lançado um quatro volume, acha que encontraria muitas músicas com essa temática?

Tenho certeza que sim. Pode até parecer que elas não existem mais, mas é que a música ficou muito segmentada. Se pegarmos a década de 1990, já percebemos uma grande mudança, uma segmentação maior de estilos musicais e uma fragmentação dos antigos esquemas de divulgação e veiculação de música. Se nos anos 1970 era principalmente a MPB quem refletia a política na música, e nos anos 1980, o rock – que têm um diálogo maior com a classe média –, a partir dos anos 1990, vemos a política aparecendo em músicas feitas e consumidas pelas camadas mais populares, caso do funk e do rap, por exemplo. O disco Sobrevivendo no Inferno (1997), dos Racionais MC’s, vendeu mais de 1 milhão de cópias sem apoio do esquema tradicionais de divulgação. Hoje em dia, a produção independente de um disco é muito mais fácil.

Teve alguma música que você não conseguiu encontrar?

Sim, Seu Derfim tem que vortá, um cateretê de 1919 sobre o ex-presidente Delfin Moreira, que teve uma doença que lhe impediu de continuar no cargo. Tenho a letra, sei que existe a partitura, mas não consegui achar a gravação.

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