Muito foi dito durante e depois das chamadas “Jornadas de junho”. Passados 24 meses daqueles intensos processos sociais, surgem algumas questões: O que gerou e impulsionou as “Jornadas”? Que respostas foram dadas aos milhares de cartazes e faixas que ocuparam as ruas? O que junho de 2013 nos ensina sobre a realidade brasileira e para onde aponta?
Para onde vamos?
As “Jornadas” marcaram um daqueles momentos em que o país inicia um processo de reflexão, ainda que não plenamente consciente, para se entender e descobrir onde estamos e para onde vamos enquanto povo-nação. Essa não é uma tarefa fácil. Aponta para uma necessidade: entendermos de onde viemos. Um breve resgate da história do Brasil – daquilo que se convencionou chamar de “descobrimento” até o presente –, permite-nos perceber traços em comum, que estão na raiz dos dilemas que enfrentamos no passado e se impõem, agora, como uma grande bifurcação que definirá nosso futuro. As elites, primeiro europeias e, depois, nativas, construíram estruturas econômicas, sociais, políticas e jurídicas sempre voltadas aos seus próprios interesses e aos das nações mais poderosas.
Exclusão do povo
Essas elites se esforçaram o máximo, inclusive com o uso frequente de extrema violência, para excluir – ou afastar – o povão das grandes decisões que criaram o presente e condicionaram nosso futuro. Essas mesmas elites, primeiro escravocratas e depois como grandes patrões, sempre trataram seus trabalhadores e trabalhadoras como mercadorias de segunda importância, “dispensáveis” e, portanto, sem direitos a serem reconhecidos. A bifurcação que se coloca é: até quando os interesses das elites definirão nosso futuro?
* Rodrigo Marcelino é militante da Consulta Popular