Sem Parede nem Monobloco, Pedro Luís brilha em DVD

2015-820825756-pedroluizextra2ricardogomes.jpg 20150529-2Crítica

2015-820825756-pedroluizextra2ricardogomes.jpg 20150529-2Sucesso à frente dos batuqueiros A Parede e Monobloco, por que diabos Pedro Luís se mete a gravar seus próprios discos? Por uma necessidade comum a muitos compositores: a de reunir os “filhos”, as composições, nem que seja para um fim de semana no acampamento.

Depois da temporada de um show em que homenageava as cantoras que já gravaram músicas suas (Adriana Calcanhotto, Roberta Sá, Zélia Duncan, Verônica Sabino…), Pedro muniu-se de suas cordas (vocais, de aço, de náilon) e da percussão de Paulino Dias e foi para o ateliê do cenógrafo e artista plástico Sérgio Marimba, no Rio Comprido, para cantar à frente de uma plateia de amigos.

Dirigido por Bianca Ramoneda (que define o filme como “um enorme making of”) e Jorge Bispo, “Aposto” é uma reunião das músicas de um compositor sempre em trânsito, que anda por gêneros como o samba, o reggae, o pop, o baião — e em diversos momentos dá a impressão de se sair melhor nos formatos mais tradicionais —, em parcerias constantes, que vão de Rodrigo Maranhão e João Cavalcanti a Martinho da Vila e Mart’nália.

No ateliê de Marimba (que, tímido, é apresentado por Pedro e tenta fugir dos holofotes), são 18 músicas, de fases diferentes da vida do compositor, como o lindo baião “Noite severina”, parceria com Lula Queiroga (gravado em “Vagabundo”, disco de Pedro Luís e A Parede com Ney Matogrosso em 2004), e a inédita “De nós”, em que ele recebe Zélia Duncan e seu bandolim, em um belo dueto.

A aposta no formato cru é tão clara que, além da cantora niteroiense, Pedro recebe apenas mais uma convidada, Nina Becker (em outro bom momento, “Parte coração”).

Mesmo não sendo o mais técnico dos cantores (houve uma melhora flagrante nos últimos anos, aliás) e nem o mais virtuoso dos instrumentistas (nesse campo, diga-se, Pedro sempre se defendeu bem), o destaque absoluto para as canções se prova certeiro. O entrosamento com Paulino é preciso — em alguns momentos a dupla lembra Lenine e Marcos Suzano no clássico “Olho de peixe”, de 1993.

Os extras ganham esse nome apenas porque não são parte do show “principal”, mas integram a espinha dorsal do DVD com firmeza. O melhor momento é o encontro, no estúdio Toca do Bandido, com Martinho e Mart’nália ao som de “Samba de cabôco”, composta por Pedro e Roque Ferreira, apenas com vozes, palmas e cavaquinho. Uma delícia, como se pode pressupor.

Depois de um canjerê com as simpáticas cantoras Duda Brack e Bruna Caram, no baião “Véu de filó”, Pedro vai brilhar em outra galáxia sonora: ao lado de João Cavalcanti, ele canta “Indivídua”, um exercício de humor e gramática ao som das bases eletrônicas de Marcelinho da Lua e Bruno DJ, com direito a intervenção do multiartista Cabelo. Uma espécie de Lego musical que monta um Pedro Luís completo e colorido.

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