greve
A frente do Palácio Rio Branco foi transformada na noite desta terça-feira (21) em uma grande sala de aula a céu aberto. E as condições climáticas não poderiam ser as melhores possíveis para o ensino ficar aprazível. Afinal de contas, a proximidade de uma nova frente fria levou para longe o forte calor registrado ao longo do dia.

Em greve há 35 dias, professores e servidores da Educação tiveram o melhor ambiente para realizar o “aulão do Tião”, uma forma descontraída encontrada pela categoria para pressionar o governo em seu movimento grevista por melhores condições salariais.
De acordo com os dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), ao menos 600 pessoas participaram do evento. Todas as 500 cadeiras alugadas foram ocupadas, e outros grupos de participantes se espalhavam pela praça. Professores das escolas de municípios próximos como Senador Guiomard, Porto Acre e Capixaba estiveram presentes.
Em seu pronunciamento, a presidente do Sinteac, Rosana Nascimento, disse que o governo é birrento ao não sinalizar em atender as reivindicações dos servidores. Para ela, o argumento de falta de recursos em caixa não tem consistência, já que o governo fez aprovar na Assembleia Legislativa aumento salarial aos delegados da Polícia Civil de R$ 3,5 mil.
“Não que os delegados e outros funcionários do Estado não tenham direito a aumento. Mas está evidente que o governo age com birra somente com os servidores da Educação, o governador parece não gostar dos trabalhadores da Educação”, disse Rosana Nascimento.
Um dos objetivos do “aulão do Tião” foi expor as atuais condições orçamentárias do Acre. Os dados foram apresentados pelo professor Edinei Muniz. Nas últimas semanas ele realizou levantamentos junto aos portais de transparência dos governos do Estado e federal para mostrar que a principal fonte de manutenção do setor, o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), apresenta boa arrecadação, o que, segundo ele, desfaz o argumento de caixa vazio.
“No primeiro semestre o Acre ficou entre os três Estados que mais arrecadaram ICMS no País, e 20% do total arrecadado com este imposto deve ir para o Fundeb. Como o governo afirma não ter dinheiro? E a perspectiva é que a receita com ICMS aumente ainda mais até o fim do ano com as novas regras de tributação impostas”, afirma Muniz.
Além do “aulão do Tião”, o Sinteac ainda serviu o “sopão do Tião” aos “alunos” que responderam à lista de chamada; o alimento serviu para aquecê-los em meio a uma temperatura mais amena.
O sindicato avalia a greve de 2015 como um dos movimentos mais organizados e fortes dos últimos anos, prometendo arrastar a greve até setembro, prazo dado pelo Palácio Rio Branco para fazer projeções de possíveis concessões salariais para a Educação, a partir de 2016.