Por que um garoto de 14 anos construiu um reator nuclear

garoto-genio-fusao-nuclear-apoio-1-838x557Ciência

Já falamos aqui no Hype do livro de Tom Clynes, autor e contribuinte do site Popular Science. “The Boy Who Played with Fusion: Extreme Science, Extreme Parenting and How to Make a Star” (em tradução livre, “O Menino que brincou com fusão: ciência extrema, paternidade extrema e como fazer uma estrela”) conta a história verdadeira de Taylor Wilson, um garoto que criou um reator de fusão nuclear em sua garagem.

Inspirado pelo otimismo deste jovem gênio e seu desejo de tornar o mundo um lugar melhor, Clynes decidiu imortalizar seus feitos na obra que ainda não é vendida em português. Em uma entrevista a revista National Geographic, o escritor também falou da importância dos pais e da sociedade em apoiar crianças como Taylor.

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A descoberta

Em 2010, Clynes começou a bisbilhotar uma comunidade de nerds que não trabalhavam em laboratórios de bilhões de dólares, mas sim faziam coisas loucas em suas garagens. Alguém mencionou um garoto de 14 anos de Texarkana, Arkansas, nos EUA, uma das únicas 32 pessoas a construir um reator de fusão nuclear sozinhas. Clynes obviamente se interessou.

Taylor sempre foi louco por ciência. O foco em fusão nuclear, no entanto, surgiu quando ele tinha 11 anos e descobriu que sua avó estava morrendo de câncer. Eles eram muito próximos – ela era sua maior apoiadora.

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Taylor aos 9 anos

O menino havia feito experiências com materiais radioativos por mais de um ano quanto teve uma epifania. Ele pediu a sua avó se ela poderia dar uma amostra de sua urina enquanto passava por procedimentos de medicina nuclear.

Além de analisar essa amostra, Taylor também dissecou pedaços de seus tumores e pulmões, que ela tossiu em uma placa de petri. Ele sabe que isso é estranho, mas não pode evitar de ser quem ele é.

Melhorar o mundo

A conexão com a avó e sua inteligência renderam bons frutos. Taylor começou a pensar sobre como as pessoas em todo o mundo recebiam esses isótopos médicos, e descobriu que eles eram feitos em cíclotrons caros e transportados por aviões privados, porque têm meias-vidas curtas.

Então, Taylor tentou encontrar uma maneira mais barata e eficiente de fazer isso, para que esses tipos de tratamentos pudessem estar mais ao alcance de lugares como a África Subsaariana.

Questão de segurança nacional

Taylor já teve muitas outras boas ideias. Quando estava pensando em diferentes usos para seu reator nuclear, por exemplo, lembrou do problema de segurança dos contêineres que entram nos EUA em quantias de 10.000 ou mais por dia. Eles não são bem inspecionados por causa do seu grande número.

Taylor decidiu criar um sistema que poderia ver dentro desses recipientes antes de eles serem carregados em caminhões e vagões. Sua ideia era usar nêutrons de uma reação de fusão para criar um detector de armas. O dispositivo iria pegar a assinatura de uma arma dentro de um contêiner e alertar o operador. Ele também poderia detectar explosivos por ativação de núcleos de azoto que, em seguida, emitem raios gama.

A Segurança Nacional e o Departamento de Energia dos EUA ficaram sabendo da invenção de Taylor e o convidaram a visitar Washington para apresentar uma proposta de concessão para desenvolver o detector de armas.

Tudo se resume a… apoio

Escrever a história de Taylor fez Clynes ver nossas crianças de uma forma diferente – segundo ele, elas precisam de apoio, de espaço para desenvolver sua criatividade e de uma boa base para crescer seu talento.

Os pais de Taylor não eram cientistas. Seu pai é engarrafador de Coca-Cola e sua mãe professora de yoga. Eles enfrentaram grandes desafios, mas fizeram o possível para dar a Taylor o que ele precisava: trouxeram educadores e mentores, se mudaram para que ele pudesse frequentar uma escola que apoiasse suas necessidades educacionais etc. Ou seja, Taylor também teve pais talentosos que fizeram esforços extraordinários para deixá-lo florescer.

“Anedotas sobre o garoto que superou tudo e se tornou um superstar sem qualquer ajuda não tem base científica. Crianças superdotadas precisam de apoio”, argumenta Clynes. Ele cita Mark Zuckerberg, Sergey Brin, Steve Jobs, Bill Gates e Lady Gaga – todos ficaram entre os melhores em testes padronizados quando tinham cerca de 12 anos de idade. “Sabíamos então que eles tinham talento”, diz o autor. Eles receberam apoio para desenvolvê-los. Como resultado, se tornaram adultos criativos, com grandes realizações.

Ser um garoto talentoso nem sempre é um mar de rosas. Taylor passou por momentos difíceis, especialmente no final da adolescência. “Você pode imaginar o que aconteceria se todo mundo te chamasse de Einstein todos os dias. Taylor passou por uma fase narcisista como muitos adolescentes, mas um pouco exagerada. Isso criou um monte de problemas para ele, sua família e outras pessoas que o amavam. Mas ele conseguiu superá-la.

Além de ter seu próprio negócio, que é segurança nuclear e isótopos médicos, Taylor tornou-se um comunicador científico de primeira classe. É aí que o seu maior impacto será, eu penso: como educador e mentor, alguém que inspira as pessoas”, conclui Clynes. [NatGeo]

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Por que um garoto de 14 anos construiu um reator nuclear