Casa conectada? Ainda há entraves técnicos e legais, dizem especialistas

casa-conectada-1374524964717_300x300Como será o crime em uma era em que tudo está conectado e pode ser controlado? Esse foi um dos principais questionamentos de um dos debates do segundo Congresso Brasileiro de Internet promovido pela Abranet (Associação Brasileira de Internet), em Brasília, nesta quinta-feira (24), sobre a chamada internet das coisas — a internet que não está mais só nos computadores e celulares, mas também conecta roupas, móveis e outros objetos de sua casa.

Já existem indícios para esta preocupação, que vão desde a intrusiva atuação de aplicativos de celular na privacidade a até a tentativa depesquisadores de controlar um veículo da fabricante Jeep à distância.

Para o diretor-presidente do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), Demi Getschko, o tema dos dispositivos controlados remotamente é antigo, mas era restrito a redes pessoais de curto alcance. Ficou mais crítico quando saiu do ambiente pessoal para o ambiente de rede, acessada por milhões de pessoas pelo mundo todo. Quando o acesso cresce, o efeito colateral é a possibilidade de escapar do controle.

Outra questão ainda em aberto é a chance dos objetos conectados conversarem entre si e tomarem decisões à revelia dos usuários. “Essas coisas podem tomar a iniciativa de acertar nossa vida. Uma coisa é o condicionador de ar programar a temperatura para o horário que entro em casa, mas quando passa a também abrir a garagem da minha casa, mesmo quando não estou lá, pode trazer problemas inesperados”, argumenta.

Tecnicamente há mais entraves para o avanço desse conceito,  por causa dos diferentes protocolos que poderão surgir além do IP, que hoje age na internet; e a provável convivência entre equipamentos antigos e novos.

Virgílio Almeida, coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil, atentou para o fato desse novo panorama precisar progressivamente de um conjunto de normas de uso semelhante ao Marco Civil.

“Costumo comparar esse processo todo às florestas tropicais. Temos que criar políticas que garantam a sustentabilidade desse sistema no futuro, como nas florestas, por meio de regras e boas práticas”. Ele acredita que a experiência do Comitê Gestor pode ser importante para esse próximo passo.

O diretor de políticas públicas do Google Brasil, Marcel Leonardi, defendeu que toda tecnologia nova traz uma “boa carga de ansiedade”, principalmente em questões éticas e legais. Mas, em sua visão, a própria experiência da web no Brasil, na qual uma série de modelos de negócios foram testados, mostrou que a ausência de regulação permite a fluidez.

“Se a gente adota de início um critério, com medo dos extremos dos piores casos, a gente não deixa florescer os melhores casos. Por exemplo, a casa de uma senhora idosa, que mora sozinha e pode ser ‘chipada’ para os parentes acompanharem-na à distância: se ela consentiu, isso pode ser priorizado”, descreveu.

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