19 de abril de 2024

Extração de gás de xisto no Vale do Juruá pode inviabilizar agronegócio, diz ativista do Cimi

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Sessão teve a participação da ativista Barbara Silva e André Machado e Iva Torre, do Cimi/Foto: Cedida

A possibilidade de extração de gás de xisto e petróleo na região do Juruá, que pode definir o futuro dos acreanos, foi debatida na semana passada durante sessão Câmara de Vereadores de Cruzeiro do Sul. A sessão foi aberta com uma apresentação sobre “fracking”, por André Machado e Iva Torres, do Conselho Indigenista Missionário, e pela ativista Bárbara Silva, da organização 350.org.

“Fracking” significa fratura (frack) ou fraturamento, na língua inglesa. É uma técnica não convencional para extrair gás de xisto. Para capturar o gás, é necessário fazer uma perfuração horizontal de até 5 km no subsolo, por onde se injeta, sob forte pressão, milhões de litros cúbicos de água misturados com areia e mais de 600 solventes químicos, que promovem a “fratura” ou o rompimento da rocha através de explosões.

Quando isto acontece, o gás contido no interior da rocha é liberado e capturado. Porém, cerca de 40% deste material, chamado “fluido hidráulico”, retorna à superfície, enquanto o resto deste material permanece no subsolo, próximo às fontes de água.

O Cimi e a 350.org fazem parte da Coalizão Não Fracking Brasil, que tem como objetivo fomentar esta discussão entre a sociedade brasileira. Uma das estratégias da Coesus é o trabalho de sensibilização junto à sociedade brasileira e a políticos sobre o tema, que têm recebido, em todo o Brasil, uma cópia do Projeto de Lei Municipal que propõe uma moratória ao fracking nas cidades até que sejam feitos estudos que comprovem a segurança da técnica, tanto para o meio ambiente como para a saúde humana.

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Vereadores durante sessão em Cruzeiro do Sul

Os vereadores Waldemir Neto e Íria Matos manifestaram preocupação ante o tema. Segundo Neto, uma das principais dificuldades é inserir este debate entre a sociedade acreana. “Um tema de tamanha importância deve ser melhor discutido. Se já temos tantos exemplos do que aconteceu em outros países, precisamos parar para pensar no nosso futuro, dos nossos filhos e netos”, ponderou.

Em 2013, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) realizou um leilão de lotes para exploração de petróleo e gás de xisto em todo o Brasil. No Acre, o lote arrematado pela Petrobras está a 13 e 39 metros, respectivamente, das Terras Indígenas Poyanawa e Nukini.

Nos dias 7 e 8 de outubro, outro leilão será realizado pela ANP, apesar do desconhecimento generalizado da população ante os riscos que a técnica do fracking pode trazer à região.

Não menos impressionante é o fato destes lotes estarem justamente em cima do Aquífero Juruá, o mais importante da Amazônia Ocidental.

Nos estados do Paraná e Piauí, a Justiça suspendeu a concessão dos lotes, após intervenção do Ministério Público Federal (MPF) para priorizar a preservação do aquífero Guarani (Paraná) e da bacia do Parnaíba (Piauí).

Atualmente, em todo o mundo, países como a França, Canadá, Espanha, Noruega, Finlândia e Itália vêm proibindo a utilização do “fracking” em seus territórios por causa da contaminação do meio ambiente e da população.

“A contaminação hídrica no Juruá pode comprometer a atividade dos grandes e dos pequenos produtores rurais, já que a água consumida por animais vai provocar a contaminação da carne, inviabilizando sua comercialização. O mesmo pode ocorrer com a atividade pesqueira e agrícola, como a gente vem acompanhando em todos os lugares onde o fracking foi implantado. Um exemplo é a Argentina, que foi proibida de exportar maçãs para os países da Europa porque foram contaminadas com metano”, afirmou André Machado.

Na saúde humana, cerca de 600 substâncias químicas, entre metais pesados, radioativos e cancerígenos, têm provocado uma alta incidência de câncer (até 20 vezes mais), morte de animais, alterações de funções sexuais e reprodutivas, infertilidade e anomalias genéticas entre a população, nas regiões afetadas.

Com informações da assessoria da Câmara de Vereadores

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