19 de abril de 2024

“Isso não é Tinder!”: advogada denuncia cantada no Linkedin e causa polêmica

Essa era a foto de Charlotte Proudman no Linkedin, muito elogiada por Alexander Carter-Silk

Essa era a foto de Charlotte Proudman no Linkedin, muito elogiada por Alexander Carter-Silk

Uma mensagem enviada por um advogado a uma companheira de profissão pelo Linkedin, a rede social corporativa para contatos profissionais, está causando polêmica na Inglaterra.

Charlotte Proudman, de 27 anos, havia adicionado Alexander Carter-Silk, de 57, sócio da Brown Rudnick, em sua lista de contatos profissionais na rede e logo em seguida recebeu uma mensagem dele elogiando sua foto do perfil. A advogada considerou o conteúdo sexista e tornou o caso público pelo seu Twitter.

“Eu entendo que isso seja completamente politicamente incorreto, mas essa sua foto é deslumbrante! Você definitivamente ganhou o prêmio de melhor foto do Linkedin que eu já vi por aqui”, escreveu Carter-Silk para ela.

Proudman respondeu à mensagem dizendo que “estava no Linkedin por questões profissionais, não para ser abordada por alguém falando de sua aparência física ou para ser objetificada por homens machistas”. Ela ainda classificou o comportamento do advogado como “inaceitável e misógino”.

“Pense duas vezes antes de mandar uma mensagem tão machista para uma mulher (que tem metade da sua idade).”

Repercussão

Em entrevista à BBC, Charlotte Proudman disse que havia recebido mensagens com comentários sobre sua aparência antes pelo Linkedin. Segundo ela, isso equivaleria a “usar o Linkedin essencialmente como um Tinder (aplicativo de encontros amorosos)” em vez de usá-lo para destacar suas competências profissionais.

A advogada, então, decidiu colocar uma reprodução da troca de mensagens pela rede social em seu Twitter com a intenção de estimular outras mulheres a contarem casos parecidos.

“Decidi tuitar para ver quantas mulheres recebem esse mesmo tipo de mensagem”, disse ela.

Reprodução

Print que Proudman postou no Twitter para mostrar a mensagem de Carter-Silk e a resposta dada por ela

Segundo ela, várias mulheres se manifestaram e mostraram apoio à sua atitude.

“Meu namorado recebe mensagens perguntando se ele se interessa por um emprego nos fundos de hedge, eu recebo convites de homens para sair.”

Agora, ela pede um pedido de desculpas público. “Eu quero que as pessoas saibam que isso não é aceitável.” E completou: “Não quero ser avaliada pela minha aparência”.

Ainda assim, Proudman recebeu também críticas e foi chamada defeminazi (neologismo que junta feminista com nazista) por algumas pessoas nas redes sociais, segundo relatou ao jornal britânico Evening Standard.

A advogada contatou a empresa onde Carter-Silk é sócio, Brown Rudnick, para reclamar do comportamento dele. “Quando recebi a mensagem, ia ignorar e deletar, mas depois que vi que ele era advogado, um representante da lei, e eu decidi que iria responder para colocar meu ponto de vista.”

‘Mal interpretado’

Carter-Silk é casado e vive com a esposa Jacqueline, de 60 anos, em Cambridge, Inglaterra.

Ele se manifestou por meio de uma página na internet voltada para advogados e profissionais da lei, RollOnFriday. “A maioria das pessoas coloca fotos pouco profissionais no Linkedin, meu comentário tinha como objetivo apenas valorizar a qualidade profissional da apresentação dela no Linkedin, o que foi mal interpretado, infelizmente.”

Um porta-voz da empresa Brown Rudnick comentou a polêmica. “Nós estamos cientes dos comentários feitos por um membro da empresa em uma rede social particular. Pedimos desculpa pela ofensa e não temos mais nenhum comentário a fazer.”

Matthew Scott, outro advogado e blogueiro britânico, esquentou a polêmica defendendo Carter-Silk.

“Acho que temos que observar como tudo se desenvolveu… Charlotte enviou uma mensagem para ele pedindo para que ele a adicionasse, então o primeiro contato foi feito por ela. Depois, ele elogiou a foto dela, então eu acho que o ‘crime’ que ele cometeu começou por ela”, disse.

“Se um homem quer abordar uma mulher porque ele acha ela atraente no trabalho ou no Linkedin, isso não faz dele um machista; é apenas um comportamento natural.”

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