Crianças podem lembrar amanhã do que esqueceram hoje

cf245_mcapa_01Uma pesquisa da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, que vai ser publicada na próxima edição do jornal Psychological Science, sugere que crianças de 4 e 5 anos podem não reter a informação na hora em que aprendem, mas lembrar-se dela dias mais tarde – elas só precisariam de um tempo para processar e memorizar aquela novidade.

É o que os especialistas chamam de recordação atrasada. Ou seja, seu filho poderia se lembrar amanhã de algo que esqueceu hoje.

Como foi feito o estudo

Ao brincar com um videogame que propunha fazer associações entre objetos, os participantes que voltaram a jogar dois dias depois tiveram uma pontuação 20% maior do que os que jogaram pela segunda vez no mesmo dia.

Segundo os autores, o resultado abre uma janela para a compreensão de como a memória infantil arquiva novas informações. “Desconheço outros estudos com crianças que tenham resultado semelhante, mas o que sabemos a respeito da memória é que ela funciona muito precocemente, desde a vida intrauterina”, comenta o neuropediatra Saul Cypel, presidente do departamento de Neurologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Memória distorcida

Já nos primeiros anos de vida, de acordo com Cypel, as memórias são mais elementares, associadas às vivências que a criança experimenta, e muito fantasiosas.

“Elas podem registrar uma dimensão diferente da realidade, distorcida: como aquela mureta de um metro e meio da casa da avó que é lembrada como uma muralha enorme”, exemplifica o especialista. Depois, existe um ajuste e uma espécie de atualização. Próximo aos 8 anos, mais ou menos, ocorre uma limpeza, aí algumas memórias mais antigas podem desaparecer, o que é perfeitamente normal.

De novo, de novo e de novo

A repetição, vale lembrar, tem um papel fundamental para a memória e o aprendizado. Qual pai ou mãe nunca teve que contar a mesma história ou ver um mesmo filme dezenas de vezes? Brincadeiras, leituras e a própria rotina da casa ajudam no desenvolvimento cognitivo, além de dar oportunidade para que a criança crie associações e possa registrá-las. Seja paciente: a memória do seu filho agradece!

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