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Retirada de madeira em reserva está destruindo a floresta, denunciam sindicalistas

Por Jorge Natal, da COntilNet

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As empresas estariam destruindo os ramais, denunciam sindicalistas

Um grupo de ativistas ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (STR), com apoio das polícias Federal e Militar e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio, estão fazendo um ‘empate’ para impedir, segundo eles, a destruição da Reserva Extrativista Chico Mendes, no município de Xapuri.

De acordo com os denunciantes, além de pagarem um preço irrisório pela madeira, as empresas estariam destruindo os ramais e obstruindo os córregos e igarapés da região.

A região do conflito é no Seringal Sibéria, comunidade Semitumba. “Num conluio com o governo do estado, a Cooperfloresta está destruindo a mata, mascarado por um por um falso plano de manejo, que paga apenas R$ 60 pelo metro cúbico da madeira, deixando pra trás um rastro de destruição” declarou a vice-presidente do STR, Dercy Teles, criticando a “omissão” dos responsáveis pelo ICMBio.

A também sindicalista Delzuite da Silva Barroso denuncia que os agricultores e extrativistas sequer são consultados pela cooperativa. “Falaram que a população iria melhorar a renda, teríamos ramais piçarrados, postos de saúde e educação de qualidade. Estão gastando o dinheiro do BID e o que vemos é pobreza, destruição e enriquecimento de alguns privilegiados”, desabafou a sindicalista.

“Não deixam lucro para o seringueiro, não geram impostos para o Estado. É preciso agregar valor”, denuncia o ativista Osmarino Amâncio, que está se organizando com sindicalistas da região para combater a prática do manejo o qual, segundo ele, é rentável para as madeireiras e para as ONGs, que fazem o papel de intermediárias.

Madeireiros estariam obstruindo os córregos e igarapés da região

Cooperfloresta diz que manejo é legal

O assessor da Cooperfloresta, Evandro Araújo de Aquino, negou todos as denúncias feitas pelos sindicalistas e afirmou que a entidade faz o manejo florestal dentro da legalidade, sempre com a autorização e fiscalização do ICMBio. “Somos uma cooperativa que atua de 2005, ou seja, temos credibilidade entre os associados, instituições e com a população em geral”, afirma ele.

Segundo Aquino, cerca de 60 famílias das comunidades Rio Branco, Semitumba, Paumari e Dois Irmãos foram ouvidas e participam ativamente das atividades na região. Quanto ao entupimento de igarapés, disse que impactos ambientais estão previstos e que existem formas de minimizá-los e recuperá-los. “O que não se pode é impedir que essas pessoas melhorem de vida”, frisou ele, informando que, só na primeira operação do projeto, cada morador da região chegou a ganhar cerca de R$ 5 mil.

Questionado sobre os motivos das denúncias, Evandro garante que são por questões políticas e até ideológicas. “Somos responsáveis apenas pelo plano de manejo, pois firmamos um termo de cooperação técnica com associação da Resex de Xapuri”, disse o assessor, lembrando que as intervenções de infraestrutura são responsabilidade do governo estadual, que firmou convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird).

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