20 de abril de 2024

#agoraéquesãoelas

Tá, eu sei que estou bastante atrasado em relação à campanha nacional #agoraéquesãoelas, em que homens cederam seus espaços na imprensa para que mulheres colocassem seus pontos de vista sobre questões de gênero.

Bem, eu não tenho culpa de morar ‘onde o vento faz a curva’ de modo que somente agora foi possível obter este texto.

Sandra Braz*, cruzeirense residente em Porto Velho, faz um ensaio em que aborda a questão do machismo entre as mulheres. Eis o texto

 

O machismo feminino

Algumas vezes falei que o pior tipo de machismo é o que parte das mulheres, mas hoje não incorro neste erro porque qualquer machismo é nocivo. No entanto, é desolador quando minhas parceiras de gênero garantem (algumas até com certo orgulho) que não precisam do feminismo. Uma falácia e, acima de tudo, uma ingratidão, considerando que não apenas precisam, já precisaram e ainda vão precisar. Em um universo onde a supremacia masculina predominou e ainda predomina e detentoras de parcos direitos frente aos privilégios masculinos, foram mulheres intrépidas as protagonistas de atos que garantiram mais liberdade e direitos que usufruímos hoje e dos quais éramos privadas, heranças incalculáveis.

É uma desonestidade absurda mulher desmerecer o movimento feminista amparada por informações equivocadas, quando não, sem fundamento algum. A luta feminista honesta não objetiva inferiorizar o homem ou visa obter mais direitos que este. O movimento intenta reduzir as desigualdades de gênero e desnutrir a violência corriqueira pela qual passam muitas mulheres, comprovada diariamente pelos canais de comunicação, meios que expõem crimes de toda natureza cometidos contra a mulher. Por que o feminismo incomoda tanto? A impressão é que existem homens que se sentem ameaçados e uma parte deles nem sabem exatamente o porquê, apenas segue o cardume alimentado por reflexões vazias. Outros creem que terão seus direitos suprimidos, uma conclusão surreal e risível de que teriam suas cabeças calcadas por saltos pontiagudos e cruéis. E mulher? O que leva uma mulher a rejeitar o feminismo? Ignorância é a palavra-chave.

Há mulheres que tentam demonstrar com tal posicionamento que liberdade e direitos que desfrutam não precisam ser defendidos. De uma ingenuidade que dá desgosto. É válido pontuar que existem demandas feministas que não agregam valor algum à causa, porém, as principais são justas, necessárias e urgentes. Acredito que o progresso proveitoso e harmônico da luta feminista deve envolver diálogo permanente com representações políticas, com mulheres que desconhecem o real propósito das ações do movimento e com os homens para que laços de confiança sejam atados e floresça cada vez mais a compreensão de que a mulher não aspira privilégios e mordomias, mas isonomia, oportunidades iguais e respeito as suas vontades e principalmente a sua vida.

O combate ao machismo deve começar dentro de casa, ambiente em que os pais podem e devem transmitir valores de justiça e respeito ao próximo, independente de gênero, raça, crença e orientação sexual. É justo, especialmente no momento atual em que o feminismo goza de maior visibilidade causando histerias e julgamentos preconceituosos, inclusive por um número considerável de mulheres, uma dedicação à leituras e discussões saudáveis sobre o assunto. A literatura é farta e liberta da escravidão da estupidez. Para finalizar: Seja grata. Namastê.

Sandra Braz* é funcionária do legislativo estadual de RO, e escreve em seu blog Cacto Bola

 

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