Fiscais dos Institutos Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto de Meio Ambiental do Acre (Imac) multaram quatro agricultores no município de Xapuri. Moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes e pequenos proprietários, por falta de alternativas econômicas, acabam desmatando além do limite legal para a formação de pastagem.
As multas, que somam R$ 312 mil, causaram revolta entre os membros do Sindicato dos Trabalhadores Rural (STR) de Xapuri. “Essas multas são confiscatórias. Se os agricultores venderem tudo, não conseguiriam pagar. É revoltante perceber que só os pequenos são criminalizados”, desabafou a vice-presidente do STR, Dercy Teles.
Os agricultores são Josimar Marques Berto, Carlos Luiz de Brito, Riverlino Araújo da Costa Ismar Nascimento da Silva. “É um absurdo isso. Nós estamos perdidos. É muito difícil, declarou a sindicalista Deuzuite Barroso, afirmando que o plano de manejo madeiro implantado no município, além de destruir a floresta, não gera renda para os pequenos agricultores e extrativistas.
“Todos os anos eles passavam. Eles carregavam um aparelhozinho. Meu marido os chamava e eles diziam que não precisava: ‘o GPS está no jeito, está tudo ok’. Até porque a gente desmatava plantava o milho, o arroz e quando sobrava um pedaço da terra a gente plantava o capim para colocar o gado”, disse o agricultor Josimar Marques Berto, que mora Seringal São José, Colocação Pedra, Ramal Vai Quem Quer.
O superintendente do Ibama no Acre, Diogo Selhorst, disse que os fiscais e o instituto são apenas aplicadores da lei. “Cada caso deve ser analisado separadamente. Tudo que acontecer na reserva extrativista é atribuição do ICMBio. Mesmo sabendo das dificuldades enfrentadas por alguns agricultores, não podemos prevarica daquilo que nos é atribuição”, esclareceu ele.
A reportagem tentou fala com presidente do Imac, Pedro Longo, mas ele estava participando de uma reunião. Também tentamos ouvir o diretor técnico do Imac, Paulo Viana, mas ele estava cumprindo agenda.