Ozanira foi ovacionada na Câmara Federal, que contava com a presença de parlamentares e executivos do cooperativismo
A Cooperativa de Trabalhadores Autônomos e Serviços Gerais (Coopserge) enfrenta, desde o início do ano, uma disputa judicial que parece não ter fim. No Acre, o Ministério Público do Trabalho (MPT) já ajuizou ação civil pública afirmando que a cooperativa funciona de maneira ilegal e se trata de uma pseudocooperativa.
Para provar sua autenticidade e transparência, membros da cooperativa organizaram uma caravana rumo a Brasília para participar de uma Audiência Pública na Câmara Federal. A audiência em questão tratou de assuntos relacionados a terceirização e legitimidade das cooperativas de trabalho. A presidente, Ozanira Araújo, esteve com membros da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle e fez um desabafo emocionante. A presidente postou um vídeo nas redes sociais do desabafo, feito na Câmara.
“Muito emocionada e nervosa, não sou muito de falar, mas deixei meu coração falar, sei da minha responsabilidade e das vidas que eu represento, então tenho que me superar a cada dia. Falei com a alma de mulher, de mãe, de uma trabalhadora que o cooperativismo está aperfeiçoando a cada dia”, publicou Ozanira em uma rede social sobre o vídeo.
Os membros da cooperativa saíram do Acre no sábado (7). No vídeo, ela agradece o apoio da Organização Central de Cooperativas. “Compreendemos que seria muito importante estar aqui. Agradecemos a OCB por ajudar, principalmente na estadia. A princípio ficaríamos no ônibus, mas recebemos a ajuda do órgão”.
Ela explica a mesa a situação que a cooperativa enfrenta no Acre. “No Acre, estamos passando por problemas. Estamos funcionando através de liminar. Eu acho que somos donos de si. Se nos organizamos em cooperativas, se escolhemos isso pras novas vidas, se não desrespeitamos, se usamos o cooperativismo de forma séria, podemos mudar a vida das pessoas e sou testemunha disso”.
Ozanira começou na Coopserge como zeladora e, hoje, preside a cooperativa que garante emprego a mais de 2000 associados. Ela teme que a cooperativa deixe de funcionar e deixe essas pessoas sem emprego.
“Estamos correndo risco de deixar mais de 2 mil pessoas sem emprego! Não sabemos como vai ser o nosso natal, como será 2016,como será o futuro dos nossos filhos. Se não pudermos trabalhar com Estado e prefeituras, trabalharemos com quem?”.
As cooperativas de trabalho, em outros lugares do país, não enfrentam problemas como os da Coopserge e são incentivadas pelo governo. No Acre, a situação não é bem assim, afirma Ozanira.
“Se a Coopserge fechar, como vão viver esses trabalhadores? Viveremos a mercê de Bolsa Família ou Bolsa não sei lá o que? Porque nossas leis não são respeitadas, já que elas nos garantem isso? Rasgaremos nossa constituição? Digam-nos o que pode e o que não pode que consertamos. Mas o que não pode é faltar com o respeito”.
Ozanira foi ovacionada na Câmara Federal, que contava com a presença de parlamentares e executivos do cooperativismo. Veja o vídeo do desabafo:
