Treme-Treme

O assunto da semana não foi outro senão os constantes tremores de terra que ‘abalaram’ o estado. Pero no Mucho.

Teve gente que sequer sentiu os tremores.

O que é incrível mesmo é que depois de tantos tremores, nenhum deputado evangélico tenha ocupado a tribuna para conclamar a população ao ‘arrependam-se, pois o fim está próximo’. Seria típico. Atípico é não ter acontecido. Verdadeiro milagre!

Lama ou Petróleo

Não há a mínima possibilidade da lama do rio Doce chegar até ao Acre, mas o estado não está imunes aos desastres, especialmente se vir um dia a explorar petróleo.

Contaminação de lençol freático e dos rios, mortandade de peixes e toda sorte de consequências nefastas ao meio ambiente, e principalmente aos seres humanos, já é uma realidade corriqueira nos países amazônicos que exploram petróleo. Derrames de ‘crudo’ (como nossos vizinhos chamam petróleo bruto) são praticamente impossíveis de serem contidos na região amazônica e tornam-se muito comuns após cinco anos de instalação das ‘tuberías’ – oleodutos, por conta da deterioração rápida na floresta e também das movimentações de solo.

Suicídio Político

O senador Jorge Viana pode até acreditar que não faça diferença a questão da opinião pública a respeito de seu voto favorável ao relaxamento de prisão do colega senador o também petista Delcídio Amaral, mas não é essa a análise que partiu de jornalistas mais à esquerda do processo.

Um deles foi o Luís Carlos Azenha, do site Viomundo. Azenha classificou como suicídio político a sugestão de que a bancada petista votasse pela soltura de Delcídio.

Outra crítica partir de Renato Rovai, blogueiro de esquerda, do portal Forum. Rovai critica especialmente a tendência de setores do PT de afirmarem que Delcidio, na verdade seria um tucano.

Ainda que Delcidio, de fato tenha uma trajetória política bem longe das esquerdas, quem paga a conta política do senador que planejou uma fuga, é sim, o PT.

Aliás, Delcídio resume bem o que se tornou a política nacional do PT: uma articulação de centro-direita, intermediada pelo fisiologismo do PMDB entre órgãos de governo e setores do grande empresariado.

Dando bandeira

Achei meio ‘banderoso’ o deputado Alan Rick se reunir num dia, com parlamentares israelenses, e no dia seguinte, apresentar emenda para ‘monitoramento inteligente das ruas da capital’.

Isso porque Israel é o maior fornecedor mundial de equipamentos de segurança urbana.

Se por um lado, a proposta pode sim, trazer mais seguranças as ruas de qualquer cidade, por outro lado, é controversa, principalmente no momento em que o congresso discute leis ‘anti-terrorismo’ que na verdade, podem vir a criminalizar os movimentos sociais.

O limite entre liberdades individuais e as questões de segurança pública é tênue, e é legítimo levantar a preocupação de a proposta acabar se tornando um ‘Big Brother’ (do livro 1984 de George Orwell, não a casa da Globo) caso caia em mãos autoritárias.

Sucupira

O pároco de Sucupira teve uma conversa com Zeca Diabo, tentando demovê-lo de sua renitente birra com o prefeito, Odorico Paraguassu.

– Não sei porque você tem essa birra com o nosso prefeito. Tá, eu sei que ele rouba, mas ele rouba bem menos que lá na capital. Comparado a estes, Odorico é só um ladrão de galinha.

– É porque as galinhas que ele leva do meu terreiro são justamente as que me fazem falta, padre! Respondeu Zeca Diabo.

Gospel X Gospel

Todo mundo quer saber das articulações políticas para a sucessão municipal em Cruzeiro do Sul, mas a verdade é que esse debate ainda não esquentou na cidade. Exceto talvez, por ocasião da apresentação, um tanto quanto precoce do pré-candidato Ilderlei Cordeiro (PMDB).

Nicolau Jr chegou ainda a ensaiar que o PP de Gladson poderia lançar Zequinha independente do PMDB. Zequinha é candidato nato a prefeito por qualquer partido, ou qualquer frente, pela história que construiu em Cruzeiro do Sul à frente da educação. Contudo, as condições políticas sempre o colocaram como coadjuvante no processo, e o balão de ensaio do PP não chegou longe.

Henrique Afonso, agora pelo PSDB é candidato forte, pelas mesmas razões: tem história e serviço prestado pelo município. Candidato derrotado duas vezes, muitos atribuem sua derrota ao peso das siglas: PT e PV, com a qual disputou a prefeitura.

Os dois pré-candidatos tem contra si, a dúvida sobre como se sairiam á frente de uma administração. Nenhum deles goza de boa fama nesse quesito. Ilderei é lembrado nas esquinas como aquele que ‘quebrou’ as empresas da família. Henrique é uma incógnita: apesar de sua experiência como parlamentar, nunca foi testado à frente do executivo.

Não vejo como uma limitação eleitoral o fato de os dois candidatos virem do meio evangélico. Ainda que Cruzeiro do Sul, diferente da capital, seja uma cidade com maioria católica, tanto Ilderlei quanto Henrique têm história e vida social suficiente para afastar possíveis desconfianças do meio católico.

Mas evitar provocações à fé em Nossa Senhora da Glória, como a que aconteceu durante a Marcha para Jesus, seria de bom tom.

30%

A política da Frente Popular em Cruzeiro do Sul, sempre foi sofrível no sentido de formar lideranças para uma disputa municipal de verdade. As discussões sobre quem seria o nome a disputar a prefeitura ainda estão muito incipientes. A ideia de que Cesar Messias viria para a disputa está cada vez mais distante. Há discussões ainda de nomes do setor empresarial, mas muito longe de formarem um consenso mínimo.

Contudo, apesar de tudo contra, é bom lembrar que a FPA tem 30% de voto cativo do eleitorado. Gente que vota no projeto, independente do nome.

Se saírem dois candidatos fortes, como seriam Ilderlei e Henrique, as chances da FPA aumentam consideravelmente, já que não há segundo turno.

Algum setores tentam fazer o nome de Josa da Farmácia (PTN). Josa tem a vantagem de sua boa aceitação no meio popular da cidade, mas sofreria rejeição justamente nos 30% cativos da FPA, pelo seu perfil político.

Meu prognóstico pessoal é que, se Josa vier a ser o candidato da FPA, muitos eleitores devam migrar seu voto para Henrique Afonso, pela identificação com o perfil de professor.

Esperança

A maior esperança, contudo, talvez não seja nem em relação ao nome que irá ocupar a cadeira do executivo municipal, mas principalmente, como irá fazê-lo.

Cruzeiro do Sul continua linda com ladeiras e paisagens ímpares, mas tem sofrido muito pela maneira provinciana com que é administrada. A cidade não aguenta mais pagar a conta de servir de trincheira para grupos políticos. Seria de muito bom tom que o próximo prefeito, independente de que partido venha, tenha uma relação institucional pautada pelos interesses da cidade, e não por bravatas que arrancam aplausos, mas não tampam buracos.

Leandro Altheman é jornalista e escritor do livro “Muká, a Raiz dos Sonhos” [email protected]

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