Cynthia Carrilo já viajou muito e viu diferentes paisagens, mas nada como o rio Croa. Seu olhar reflete um misto de surpresa e de encantamento de quem vê pela primeira vez, um tapete verde flutuando na superfície das águas: “isso existe de verdade?” Pergunta.
“Essa vegetação que estamos vendo, popularmente conhecida como pasta, é uma vegetação aquática e flutuante muito característica do rio Croa”, explica o guia Jackson Messias.
Desde abril deste ano, Jackson conduz os visitantes para passeios por terra e por rio para conhecer um pouco da natureza do lugar.
“Em primeiro lugar, aqui é um centro espiritual, e aproveitamos a beleza para realizar o turismo de maneira sustentável”, explica.
Ele e a esposa, Cintia Flores são os fundadores do Canto e Encanto Janaína, centro espiritual que faz uso ritualístico da ayahuasca há quatro anos.
O que inicialmente atraiu Jackson Messias e Cintia Flores ao rio Croa foi a espiritualidade proporcionada pelo encontro com uma natureza particularmente encantadora.
Para os adeptos da ayahuasca, a natureza, e especialmente a floresta, é encarada com um templo vivo.
É um pouco deste olhar que Jackson compartilha com os visitantes do Croa.
“Vimos a dificuldades das pessoas daqui e ao mesmo tempo, a falta de opções de lazer para as pessoas da cidade”, explica Cintia.
O turismo tem movimentado a comunidade. Moradores descobriram novas ocupações, seja no transporte pelo rio, no preparo de açaí ou caldo-de-cana.
O espaço Canto e Encanto Janaína possui três chalés para pernoite e um restaurante onde são servidos pratos regionais e caseiros.
“O turismo abriu a cabeça das pessoas, tanto as de dentro do Croa, pela questão do trabalho, quanto das pessoas que visitam que passam a ter um olhar mais sensível para a floresta. Estou feliz com o resultado”, conclui Cintia Flores.
*Leandro Altheman Lopes é jornalista e escritor do livro Muká, a A Raiz dos Sonhos. ([email protected])