25 de abril de 2024

Cruzeiro do Sul participa da luta contra retrocesso na área de saúde mental

CAPS

O CAPS Náuas, em Cruzeiro do Sul aderiu aos protestos em todo país pela indicação do psiquiatra  Valencius Wurch par a pasta de saúde mental, ocupada por Roberto Tikanori.

A mudança indica retrocesso na luta anti-manicomial no país. A reforma psiquiátrica iniciada no Brasil durante o governo FHC é apontada como referência no tratamento de saúde mental no mundo.

Roberto Tikanori, que esteve em novembro no Acre, é considerado um dos expoentes da luta anti-manicomial no país. Iniciada ainda nos anos 80, a reforma psiquiátrica tem por objetivo reduzir as necessidades de internações compulsórias e oferecer tratamentos alternativos aos pacientes de saúde mental, através de redes de apoio e do envolvimento de familiares e da sociedade.

O indicado para substituí-lo, Valencius Wurch é um notório adversário da Reforma Psiquiátrica. Atuou como diretor do manicômio “Casa de Saúde Dr. Eiras”, denunciado inúmeras vezes pelos maus tratos aos pacientes durante a gestão de Valencius Wurch, a casa Dr. Eiras foi proibida de receber novas internações em 2001, após auditorias do Ministério da Saúde e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, e foi fechada definitivamente em 2012.

Para a diretora do CAPS Náuas Cristana Messias a indicação de Valencius Wurch não é aleatória e existe uma demanda política para retomada das internações em manicômios e esta demanda partiria principalmente dos donos dos manicômios ainda em funcionamento no país.

“É uma indicação de total retrocesso. Vivíamos um momento bacana no Brasil com a formação das redes de atenção psicossocial. Para nós e para os quase sete mil pacientes, isso pode significar o fim do CAPS e a volta das internações em hospitais psiquiátricos”, afirma a diretora.

“Hoje nós não som os apenas o CAPS, somos uma rede de atendimento que qualquer pessoa que tiver necessidade pode buscar, mesmo nas unidades de saúde. Se houver necessidade de internação elas acontecem no hospital, como qualquer doença” explica a terapeuta ocupacional Renata de Souza.

O CAPS conta com psicólogos, assistentes sociais e um médico psiquiatra.

Para os pacientes do CAPS Náuas de Cruzeiro do Sul e região, isso significariam internações compulsórias em Rio Branco, onde ficariam afastados de seus familiares.

Denilson Rodrigues sofre de epilepsia e é paciente do CAPS há dez anos. Denilson esteve internado em isolamento no hospital psiquiátrico de Rio Branco (HOSMAC) “Fiquei preso como se estivesse na penal, sem direito nem de ver a rua. Com o CAPS é bem melhor. Se eu tiver algum problema, meu irmão mora do lado da minha casa.”

O pai de Francinei de Andrade, Francisco, sofre de lapsos temporários de memória, que já fizeram com que o mesmo se perdesse do caminho de casa. “Muitas pessoas já sofreram e choraram para que viéssemos a ter este direito, de ter o tratamento de saúde mental aqui mesmo na nossa região.”

A implantação do CAPS Náuas em Cruzeiro do Sul é resultado direto da luta de Henrique Afonso, quando deputado federal, no ano de 2005.

*Leandro Altheman é jornalista e escritor, autor do livro “Muká, a Raiz dos Sonhos” ([email protected])

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